quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Algodão transgênico coloca “agrobiodiversidade” em risco, diz Greenpeace

A organização não-governamental (ONG) Greenpeace criticou a liberação do cultivo de algodão transgênico resistente ao herbicida glufosinato de amônia, aprovada na quinta-feira (21) pela Comissão Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

A ONG classificou a aprovação como uma “ameaça à agrobiodoversidade do país, especialmente do semi-árido, área rica em variedades silvestres de algodão”.

O algodão liberado é patenteado como Liberty Link pela multinacional alemã Bayer CropScience. Segundo o Greenpeace, o glufosinato, que poderá ser utilizado no cultivo desse algodão, “tem um histórico polêmico de contaminação do solo e com potenciais riscos à saúde humana”.

De acordo com o Greenpeace, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alertou para os riscos do herbicida para a saúde humana quando a CTNBio aprovou o milho transgênico da mesma multinacional em 2007, que, segundo a ONG, utiliza o mesmo princípio ativo do algodão liberado na quinta-feira.

“Segundo a Anvisa, o herbicida não é seguro para gestantes, lactantes e bebês recém-nascidos. Como tanto o milho como o algodão da Bayer são resistentes ao glufosinato, há o risco de grande aumento no uso desse herbicida e, com isso, aparecimento de ervas daninhas resistentes, além do aumento de resíduo do veneno na comida”, apontou o Greenpeace. (Fonte: Luana Lourenço/ Agência Brasil)

Milho transgênico soma 6,7% da área na 1ª safra no Brasil

Na primeira safra de milho com plantio autorizado para variedades transgênicas no Brasil, o cereal geneticamente modificado ocupará até 6,7 por cento da área total semeada no verão em 2008/09 no país, estimou a consultoria independente Céleres.

Para a semeadura de inverno, conhecida como safrinha, a área total com transgênico de milho deve atingir 19 por cento do plantio. Considerando as duas safras, o plantio deve atingir 10,6 por cento do total a ser semeado em 08/09, ou 1,35 milhão de hectares.

"Para a safrinha deve ter um volume de sementes um pouco maior. A adoção neste ano e no ano que vem vai estar limitada à disponibilidade de sementes", declarou o diretor da Céleres, Anderson Galvão.

O milho transgênico que está sendo plantado para a safra de verão teve sementes multiplicadas na safra de inverno deste ano, após as primeiras aprovações do cereal alterado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) no ano passado, ratificadas neste ano pelo Conselho Nacional de Biossegurança, formado por integrantes de 11 ministérios.

As duas primeiras variedades aprovadas, que devem prevalecer neste primeiro plantio, são produzidas pela Bayer e Monsanto, a primeira resistente ao herbicida glufosinato de amônio e a segunda resistente a insetos como a lagarta do cartucho.

"Mesmo para a safra do ano que vem (2009/10) haverá tal limitação, pois a indústria não consegue fazer sementes para uma adoção muito grande tão rapidamente", acrescentou Galvão, observando que o mercado atual, com preços relativamente baixos em relação aos picos do ano, não está favorável para o plantio.

A Céleres aponta uma redução no plantio total de milho em 2008/09 de 4,1 por cento no verão e de 9,4 por cento na safrinha, na comparação com a área da temporada passada.

Para a temporada seguinte (09/10), ele evitou fazer projeções. "É difícil dizer sobre quanto será a adoção (de transgênico) em 09/10, pois isso vai depender muito de retorno, se vai valer a pena plantar milho, de uma forma geral."

Além das variedades da Monsanto e da Bayer, o Brasil já aprovou variedades de milho da Syngenta. Ao todo, são cinco variedades do cereal transgênico aprovadas.

Embora as empresas cobrem royalties da semente transgênica, no caso do milho o analista da Céleres afirma que a produtividade pode ser até 7 por cento superior a uma variedade convencional, em condições iguais de plantio e de clima.

A Céleres prevê uma produção total de milho no Brasil em 53,4 milhões de toneladas em 08/09.

Nesta quinta-feira, a CTNBio faz reunião mensal na qual pode aprovar até sete novas variedades geneticamente modificadas. Estão na pauta tipos de arroz, soja, milho e algodão.

Soja e algodão - O Brasil conta ainda com uma variedade transgênica de soja aprovada, além de três de algodão geneticamente modificado.

No caso da soja transgênica semeada há alguns anos no país, o plantio deve crescer de 61,5 por cento do total plantado em 2007/08 para 63,5 por cento da safra em 2008/09, que ainda está sendo semeada, de acordo com o levantamento da Céleres.

"Em termos absolutos, o crescimento na área com soja GM em relação a safra passada chega a 6,4 por cento, enquanto o plantio total cresceu apenas 3 por cento, mostrando que mesmo diante da crise no setor, a soja transgênica produz benefícios para o produtor brasileiro", opinou Galvão.

A área estimada com soja pela Céleres no Brasil está em 21,9 milhões de hectares em 08/09, para uma produção total de 61,6 milhões de toneladas.

Já o plantio de algodão geneticamente modificado deve atingir 19,7 por cento da área total semeada, estimada em 961 mil hectares em 08/09, contra 15,7 por cento do total em 07/08.

"Em termos absolutos, o crescimento na área com algodão GM em relação à safra passada chega a 10,6 por cento, enquanto o plantio total deve cair 11,5 por cento." (Fonte: Estadão Online)