sábado, 11 de agosto de 2012

Acidente de Fukushima pode causar até 2.500 casos de câncer, diz estudo


A radiação proveniente da explosão da usina da Fukushima Daiichi, afetada pelo forte terremoto e tsunami que atingiram o Japão em março de 2011, pode causar entre 15 e 1.300 mortes em qualquer parte do mundo, além de 24 a 2.500 casos de câncer, sendo que a maioria poderá ocorrer em solo japonês, afirma estudo realizado por pesquisadores da Universidade Stanford, dos Estados Unidos.
De acordo com pesquisa publicada nesta terça-feira (17) no jornal “Energy and Environmental Science”, as estimativas têm grandes faixas de incerteza, porém contrastam com afirmações anteriores de que a libertação de substâncias radioativas da usina não causariam efeitos graves à saúde global. É a primeira vez que os impactos à saúde por conta do desastre natural são medidos.
O desastre de Fukushima foi o pior acidente nuclear desde a explosão do reator de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. Segundo o estudo, a liberação de radiação contaminou uma área chamada de “zona morta”, que reúne várias centenas de quilômetros quadrados ao redor da planta atômica. Baixos níveis de radiação foram encontrados na América do Norte e na Europa.
Mas a maior parte da radiação foi despejada no Oceano Pacífico (apenas 19% do material liberado afetou o solo), o que manteve a população relativamente menos exposta.
Análise – Os pesquisadores de Stanford utilizaram um modelo atmosférico global em 3D, desenvolvido ao longo de 20 anos de pesquisa, para estimar o transporte de material radioativo. Um modelo padrão de efeitos na saúde também foi aplicado para estimar a exposição humana ao material.
Com isso, os pesquisadores descobriram um número estimado de mortes, grande parte ocasionada pelo câncer. Pelo modelo, a maior parte dos afetados está no Japão, com efeitos notáveis na Ásia e na América do Norte. Nos Estados Unidos, por exemplo, haveriam 12 mortes devido à radiação e até 30 óbitos devido ao câncer provocado pelo contato com a radiação.
De acordo com Tem Hoeve, um dos autores do estudo, os valores são relativamente baixos em todo o mundo, o que deve gerenciar o medo do impacto do desastre em outros países. (Fonte: G1, 19/07/2012)

Toxinas de algas: riscos à saúde pública


A ocorrência de florações de algas em reservatórios utilizados para abastecimento público, tem sido muito freqüente e tem prejudicado os usos múltiplos das águas.
Em conseqüência do crescimento populacional e da produção agrícola e industrial, os corpos hídricos, têm se tornado cada vez mais eutrofizados (ricos em nutrientes), devido, principalmente, aos lançamentos de esgotos domésticos in natura, aos efluentes líquidos industriais ricos em nutrientes, carreamento de fertilizantes utilizados na lavoura e dejetos oriundos da criação de animais domésticos nas proximidades dos cursos hídricos. Como conseqüência dessa eutrofização, as águas se tornam propícias à proliferação excessiva das algas.
A ocorrência de florações de algas em reservatórios utilizados para abastecimento público, tem sido muito freqüente nestes últimos 20 anos, em todo o mundo.
O crescimento excessivo de algas em reservatórios brasileiros é uma realidade e tem prejudicado os usos múltiplos das águas. Algumas cepas de algas, em especial as do grupo cianofíceas ou cianobactérias, podem produzir toxinas altamente potentes (hepatoxinas e neurotoxinas) e podem também produzir metabólitos que causam gosto e odor, alterando as características organolépticas das águas.
Existem inúmeros trabalhos publicados que relatam mortandades de animais domésticos e selvagens, inclusive intoxicação humana, devido ao consumo de águas contendo algas tóxicas e/ou toxinas liberadas pelas florações. A presença de toxinas de cianobactérias, em águas para consumo humano implica em sérios riscos à saúde pública e por isso é importante o monitoramento ambiental da densidade algácea e dos níveis de cianotoxinas nas águas.
A problemática de algas tóxicas no Brasil ficou mais conhecida, após o incidente comprovado de intoxicação humana causada por cianotoxinas, fato ocorrido em 1996, em uma clínica de hemodiálise de Caruaru - Pernambuco, onde ocorreu a morte de cerca de 60 pacientes intoxicados com hepatotoxinas presentes na água utilizada na hemodiálise. Com o intuito de prevenir e controlar a presença de cianotoxinas na água distribuída, na última revisão da Portaria 36, do Ministério da Saúde, foram estabelecidos limites máximos permissíveis de cianotoxinas nas águas para potabilidade.
A atual Portaria 1469, do Ministério da Saúde, de 29/12/2000 estabelece como padrões para potabilidade de água, 1 mg/L para microcistinas, 3 mg/L para saxitoxina (STX), e 15 µg/L para cilindrospermopsinas.
A necessidade de monitoramento e controle de cianobactérias nas águas continentais brasileiras é uma necessidade atual, uma vez que os estudos têm confirmado a ocorrência de cianobactérias tóxicas em reservatórios utilizados para abastecimento público e lagos da maioria dos estados brasileiros.
Em 1999, profissionais da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade do Chile e Universidade de Sendae, do Japão, isolaram cepas da alga Cylindrospermopsis raciborkii, de represas do Estado de São Paulo, e identificaram a presença de neurotoxinas do tipo PSP (Paralytic Shelfis Toxins), com predominância de saxitoxinas e neosaxitoxinas. Essa foi a primeira evidência da presença de neurotoxinas em algas isoladas do Brasil. Esse mesmo tipo de neurotoxina (saxitoxina e neosaxitoxina) em organismos das águas continentais, foi evidenciado na alga Anabaena circinalis e em Lyngbya wolley, na América do Norte.
Neurotoxinas do tipo PSP constituem-se num grupo de toxinas classificadas como carbamatos naturais e são produzidas principalmente por dinoflagelados marinhos durante os fenômenos de maré vermelha. Essas toxinas são conhecidas pelos seus efeitos bioacumulativos em mariscos, ostras e outros crustáceos e por causarem efeitos tóxicos ao homem, um dos consumidores desses organismos.
As florações de algas tóxicas, em mananciais utilizados para abastecimento público, apresentaram, sempre, um risco potencial ao usuário da água. As toxinas são altamente solúveis em águas e passam pelo sistema de tratamento convencional.
As toxinas do tipo PSP estão entre as mais potentes, pois agem rapidamente inibindo a condução de impulsos nervosos através do bloqueio do canal de sódio das membranas celulares, causando a morte do animal por parada respiratória.
Em função da ampla ocorrência de floração de Cylindrospermopsis neurotóxica em todo o Brasil, sente-se a necessidade da implantação de métodos de análise para determinação dessas saxitoxinas nas águas.
A Bioagri Laboratórios, de Piracicaba (SP), com a consultoria de um dos maiores especialistas no assunto, Dr. Nestor Lagos, do Chile, implantou as análises de saxitoxinas em amostras de águas, de florações e de outros organismos. Com a implantação dessas análises o laboratório coloca à disposição da comunidade esse tipo de análise para atendimento à Portaria 1469, de potabilidade das águas, sendo contempladas as análises da toxicidade de florações de algas (testes com camundongos), análises de microcistinas e de saxitoxinas, descritas a seguir:

Bioensaios com florações de algas
Amostra da biomassa da floração é coletada, centrifugada, lavada, liofilizada; preparado um extrato com solução fisiológica e ultrasonificado para que ocorra a lise celular. Esse extrato é injetado intraperitonealmente em camundongos machos, em diferentes doses.
Por um período de 24 horas registra-se a mortalidade, é observado o comportamento e registrado os efeitos hepatotóxicos e neurotóxicos nos organismos teste. Geralmente, uma floração hepatotóxica ou neurotóxica causa a morte dos animais em poucas horas ou minutos. Os resultados dos testes com camundongos são expressos em DL50.
É importante ressaltar que as florações de algas tóxicas, em mananciais utilizados para abastecimento público, apresentam, sempre, um risco potencial ao usuário da água. As toxinas são altamente solúveis em águas e passam pelo sistema de tratamento convencional. Portanto, o bioensaio com a floração da água é uma ferramenta importante aos operadores de estações de tratamento de água, pois em caso de florações tóxicas, o uso de carvão ativado em pó é uma medida corretiva indispensável para a remoção de toxinas dissolvidas nas águas.
Algumas algas, podem produzir toxinas potentes e produzir metabólitos que causam gosto e odor, alterando as características organolépticas das águas.

Análises cromatográficas
As análises por cromatografia líquida (HPLC) são aplicadas para quantificar a presença de saxitoxinas e microcistinas em amostras de águas tratada e bruta, água para hemodiálise, florações de algas, amostras de moluscos e alimentos derivados de fruto do mar. Moluscos marinhos, principalmente mariscos e ostras, tem grande capacidade de bioconcentrar saxitoxinas durante o fenômeno de maré vermelha, e podem causar danos à saúde do consumidor.
A análise de microcistina tem sido feita por HPLC e também por imunoensaios.
É importante lembrar que a implantação dessas análises se faz necessário devido à sua obrigatoriedade no controle da qualidade das águas para abastecimento público, de acordo com as exigências estabelecidas na Portaria 1469, do Ministério da Saúde.


Fonte: Revista Gerenciamento Ambiental, Ano 3, Número 17, Novembro/Dezembro de 2001

A Energia Limpa que vem do mar

O tom esverdeado das águas do mar de Olinda e Recife esconde uma riqueza ainda maior que as fileiras ondulantes dos canaviais que sustentam a economia do Nordeste desde a colonização portuguesa.
Até o fim do próximo ano estará em operação, segundo anúncio empresarial, a primeira usina de produção de biodiesel e etanol, no litoral pernambucano, à base de microalgas, com aproveitamento que supera 20 vezes o do álcool extraído da cana-de-açúcar.
O uso contínuo do petróleo está prestes a esgotar suas reservas e provoca a acumulação de dióxido de cabono prejudicial ao meio ambiente, daí os esforços em toda parte para a geração de combustíveis e outras fontes de energia mediante exploração da força dos ventos, de vegetais e até de excrementos. Em vez de sujar os oceanos com os vazamentos dos poços ou dos porões de petroleiros e de se envolver em conflitos sangrentos pelo domínio das grandes reservas, como o Oriente Médio, os homens estarão voltados para atividades criativas e menos dispendiosas.
O biodiesel pode ser fabricado a partir de microalgas, substâncias microscópicas que se encontram no mar e, por se reproduzirem em elevados potenciais, submetem-se a utilização em reservatórios dotados de tecnologia criada por engenheiros austríacos e já cedida para industrialização no Brasil, sendo escolhida uma área próxima às suas mais promissoras reservas. Os especialistas são unânimes em afirmar que esse é o modo que melhor atende à demanda de combustíveis para os meios de transporte. Não são aquelas algas de aparência suja que costumam aparecer no mês de março e se estendem pelas praias para enfeiá-las, mas microrganismos dos quais só notamos a existência pela coloração esverdeada que dão ao mar.
Como a usina usará maquinário leve, movido a energia elétrica, e será abastecida por criatório de microalgas de pequena extensão e interligado diretamente, não será preciso, como na produção da cana ou da soja, empregar a forma extenuante do trabalho humano braçal. Cada unidade produtiva corresponderá a 20 usinas de álcool e o preço do combustível poderá ser muito mais barato.
Essa é uma opção bem mais sustentável, também economicamente superior à transformação energética da soja ou do milho, que exigem plantações sujeitas à periodicidade das safras e às exigências da colheita, para não falar do desvio de fontes que servem melhor à alimentação humana.
Com o litoral brasileiro imenso, desde o Amapá ao Rio Grande do Sul, não necessitaremos recorrer, como Cingapura, à técnica que usa os excrementos como fonte de energia. Os cientistas da Universidade de Nanyang inventaram vasos sanitários parecidos com os dos aviões, que eliminam fezes e urina a vácuo, lançando-as em reservatórios nos quais são conduzidos para a transformação em eletricidade e em fertilizantes. O sistema recebeu a denominação de No-Mix Vacuum Toilet e já foi aprovado para exploração comercial. Uma parte dos dejetos é recolhida nos esgotos ou nas fossas e levada para os biorreatores e a outra vai servir à fabricação de fertilizantes.
Uma vantagem suplementar desse sistema é a economia de água, pois o seu funcionamento requer 90% a menos de dispêndio do líquido que constitui hoje uma outra preocupação de escassez. As descargas nos sanitários usarão apenas 10% da água que normalmente é consumida e irão acionar o processo de transformação dos excrementos em energia limpa.
De todo modo, será cada vez mais importante evitar o desperdício de água. Não faz sentido, por exemplo, ver as barracas de praia deixando escorrer ininterruptamente água de chuveiros improvisados para atrair clientes.
São sinais, portanto, sejam as microalgas, sejam os vasos transformadores, de que a humanidade terá a oportunidade de substituir a energia poluente do carvão e do petróleo por fontes alternativas e limpas capazes de manter os índices de desenvolvimento econômico dos povos. Assim a humanidade vai em frente, menos destrutiva, mais criativa e inteligente.
Fonte: Correio Brasiliense 

Primeira usina de biodiesel de algas marinhas será instalada no Brasil


Uma usina de biocombustível à base de algas marinhas será construída no Brasil no final de 2013, o projeto de maior escala já feito no mundo e utilizará as emissões de carbono no processo de produção, informou à AFP o chefe do projeto.
A primeira “fazenda de algas” será instalada em Pernambuco (nordeste) em uma plantação de cana-de-açúcar que produz etanol.
Para que a usina de algas funcione, e produza anualmente 1,2 milhões de litros de biodiesel de algas, já testado em motores em laboratórios dos Estados Unidos e da Europa, além dos 2,2 milhões de etanol, é necessário CO2, que será retirado das chaminés da indústria que processa a cana-de-açúcar, reduzindo as emissões do gás para o meio ambiente.
“O CO2 acelera o processo de fotossíntese das algas, que têm um forte componente oleoso que produz e gera o combustível”, explicou à AFP Rafael Bianchini, diretor da subsidiária brasileira da empresa austríaca SAT, que desenvolveu o projeto.
Bianchini indicou que o objetivo é “transformar o CO2 das indústrias de um passivo para um ativo”, aproveitando a grande emissão de carbono desperdiçado na produção de etanol de cana.
“Para cada litro de etanol produzido, é liberado um quilo de CO2 para o ambiente. Vamos aproveitar este CO2 por meio de um mecanismo para alimentar a nossa fazenda”, acrescentou. Na primeira etapa do projeto, serão usados 5% das emissões da usina de cana, mas “há previsão de crescimento”.
A fazenda de algas será inaugurada no final de 2013 e custará 9,8 milhões de dólares.
“Nossa missão é tentar trabalhar e chegar a zero de carbono (capturar até 100% do CO2)”, disse ao jornal O Globo Carlos Beltrão, presidente do grupo JB, que comprou a primeira usina de algas.
Bianchini afirmou que o combustível de algas aguarda a autorização da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
O Brasil é o segundo maior produtor de biocombustíveis no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Produz biodiesel a partir da cana-de-açúcar e da soja e, em menor medida, do milho, da palma, da gordura animal e até mesmo de sementes de linhaça. (Fonte: UOL, 21/07/2012)

Gafanhotos estressados pioram a qualidade do solo, diz pesquisa


O que é preciso para manter um solo saudável com boa produtividade? muitos sequer imaginaram a opção dentre tantas respostas possíveis: deixar os gafanhotos tranquilos. É que este inseto, quando estressado, pode alterar a qualidade do solo, além de emitir uma maior quantidade de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, pela decomposição.
Essa constatação foi realizada por cientistas das universidades Hebraica de Jerusalém e Yale. Segundo eles, o estresse altera a quantidade de nitrogênio no corpo dos gafanhotos, substância que o leva a comer plantas mais açucaradas e, consequentemente, afetar o estado do solo.
Os pesquisadores afirmam que um dos fatores que mais contribuem para o desenvolvimento de estresse nos gafanhotos é a grande presença exagerada no seu habitat de aranhas, inimigas naturais do inseto.
Um dos líderes do estudo, Dror Halwena, da Hebraica, destaca a importância do homem não interferir na dinâmica da natureza, colocando ou retirando espécies de determinada área, visto que não se conhece todas as consequências de tal ato. (Fonte: Portal Terra, 30/07/2012)

Bactérias transgênicas evitam que inseto transmita malária, diz estudo


Cientistas americanos descobriram que bactérias geneticamente modificadas podem evitar que o mosquito transmissor da malária passe a doença adiante. Os resultados do estudo estão publicados na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS).
Os pesquisadores do Instituto de Pesquisa de Malária da Universidade Johns Hopkins, no estado de Maryland, alteraram os genes de uma espécie de bactéria chamada Pantoea agglomerans, encontrada no intestino do inseto do gênero Anopheles.
Assim, o micro-organismo começou a secretar substâncias tóxicas ao parasita da malária – protozoário dos gêneros Plasmodium falciparum (que atinge o homem) e Plasmodium berghei (comum em roedores) –, sem prejudicar o mosquito ou o ser humano, que acaba se infectando pela picada da fêmea do inseto.
Os autores dizem que o índice de redução de parasitas no Anopheles chegou a 98%. E a prevalência de mosquitos portadores desses protozoários diminuiu até 84%.
Segundo o pesquisador Marcelo Jacobs-Lorena, os cientistas já tentaram criar mosquitos transgênicos, mas essa seria uma abordagem mais simples para prevenir a contaminação.
Em todo o mundo, a malária mata mais de 800 mil pessoas por ano, muitas delas crianças. (Fonte: G1, 17/07/2012)

Golfinhos se organizam em ‘gangues’, dizem cientistas


Os golfinhos do gênero Tursiops, que inclui as espécies Tursiops truncatus e Tursiops aduncus, se organizam em “gangues”, protegendo suas fêmeas de bandos rivais e ocasionalmente “mudando de lado”, aponta um estudo realizado por cientistas na Austrália.
Conhecidas em inglês como “bottlenose dolphins”, essas espécies tiveram seus movimentos analisados por especialistas baseados na Shark Bay, no oeste da Austrália, durante cinco anos.
Os resultados indicam que eles se movem em uma área que compreende centenas de quilômetros quadrados, e geralmente encontram diversos grupos organizados.
Richard Connor, um pesquisador dos Estados Unidos que integrou a equipe, começou a estudar os golfinhos da Shark Bay ainda no início dos anos 1980.
Uma das principais características observadas na pesquisa do americano indica que os golfinhos vivem em uma “sociedade aberta”, em grupos com “um mosaico de comportamentos semelhantes”, ao invés de simplesmente se organizarem em grupos de machos que guardam um território específico.
O fato de os golfinhos migrarem em “gangues”, e frequentemente encontrarem rivais, mostra o elevado grau de inteligência destas espécies, já que, ao se depararem com outros grupos, precisam decidir como se portar.
Três tipos de alianças – Na região de Shark Bay, a solução encontrada pelos golfinhos foi a divisão em três diferentes tipos de alianças que os mantêm unidos.
A primeira se manifesta em duplas ou trios que trabalham juntos para capturar e manter fêmeas férteis. “Essas parcerias podem durar mais de um mês”, diz Richard Connor.
No segundo tipo, os animais formam “equipes” de quatro a 14 machos que organizam ataques contra outros bandos para roubar suas fêmeas, ou para se defender de ataques rivais.
Já no terceiro tipo de aliança, os golfinhos mantêm “relações amigáveis” entre os grupos dominantes, unindo forças para formar “exércitos de golfinhos” e trabalhando juntos para resguardar suas fêmeas diante de potenciais ataques de grandes grupos rivais.
Evolução – Connor afirmou à BBC que um animal precisa ser “incrivelmente inteligente” para formar este tipo de sociedade em que grupos encontram outros grupos e devem decidir se os considerarão rivais ou aliados.
“A principal ideia para a evolução de cérebros realmente grandes é que o processo é guiado por relações sociais complexas”, diz o pesquisador.
Além da decisão inicial de atacar ou se unir, os golfinhos de Shark Bay podem decidir até “mudar de lado”, movendo-se de um grupo para outro ou retornando ao de origem.
De acordo com os cientistas que estudam estas espécies, somente os golfinhos de Shark Bay e os seres humanos conseguem produzir sociedades com estes níveis múltiplos de alianças entre machos.
Nichola Quick, da Unidade de Pesquisa de Mamíferos Marinhos da Universidade de St. Andrews, diz que compreender como os animais gerenciam suas redes de interação social é algo crucial para “realmente entender seu comportamento”.
“Se, por exemplo, estivermos interessados nos impactos da atividade [humana] nos animais”, afirmou, “só podemos realmente dizer se houve um impacto se soubermos o que os animais fazem “normalmente’”. (Fonte: G1, 29/03/2012)

MMA lança manual de resíduos sólidos


O Ministério do Meio Ambiente lança (MMA), lançou em 27/03/12, em parceria com o Conselho Internacional de Iniciativas Locais Ambientais (ICLEI Brasil) e Embaixada Britânica, a publicação Planos de Gestão de Resíduos Sólidos: Manual de Orientação. O lançamento acontecerá na abertura oficial do I Encontro dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentável: pequenos negócios, qualidade urbana e erradicação da miséria, evento organizado pela Frente Nacional dos Prefeitos.
Além da publicação, será oferecido curso de ensino a distância. Baseado no manual, de forma simples e didática, tem como finalidade colaborar com cidades e estados no processo de elaboração dos planos de gestão de resíduos sólidos e, portanto, na implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada em 2010. O evento acontecerá às 19h, no Centro de Convenções Brasil 21 e contará com a presença da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, do embaixador britânico no Brasil, Alan Charlton, e da a secretária Executiva Regional do ICLEI para a América do Sul, Florence Laloë.
A publicação sugere passos metodológicos que garantem participação e controle social e que busquem o cumprimento das metas estabelecidas no Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Ela faz parte da coleção Apoiando a Implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos: do Nacional ao Local. O curso de ensino a distância, que terá as inscrições para a primeira turma abertas durante o evento, abordará o conteúdo do manual.
Fortalecimento – Essas ferramentas fazem parte do programa de capacitação do Projeto GeRes – Gestão de Resíduos Sólidos, iniciativa do MMA que vem contribuindo com estados e municípios, na implementação da PNRS, promovendo o fortalecimento institucional através da capacitação técnica dos tomadores de decisão e gestores públicos envolvidos na elaboração dos planos. O GeRes soma-se ao movimento nacional de transformação do cenário e padrões de produção, tratamento e destinação dos resíduos sólidos no Brasil, a fim de encontrar soluções sustentáveis e permanentes, otimizando a gestão e contribuindo para uma economia verde, de baixo carbono e inclusiva.
Os prazos estão definidos por lei. Após agosto de 2012, estados e municípios que não tiverem seus planos não poderão mais acessar os recursos da União. Após agosto de 2014, os lixões deverão estar encerrados e os aterros sanitários só poderão receber os rejeitos (resíduos sem capacidade de aproveitamento). As coletas seletivas dos diversos resíduos são agora obrigatórias e devem ser responsabilidade compartilhada entre o poder público e o setor privado envolvido em todo o ciclo de vida dos materiais.
Após esse lançamento, o projeto iniciará algumas fases de treinamento aos gestores públicos. A meta é ter, até julho de 2012, dois Estados e dois consórcios municipais com seus planos de resíduos sólidos desenvolvidos, de acordo com a Política Nacional de Resíduos sólidos; capacitar, pelo menos, 2 mil servidores públicos de todo o Brasil, disseminando conhecimento sobre a gestão de resíduos sólidos e tecnologias disponíveis por meio de publicações, cursos à distância e encontros presenciais, entre outros. Ao término do evento, o manual de orientação estará disponível no site do Ministério do Meio Ambiente: www.mma.gov.br. (Fonte: MMA)

MT concentra 82% do desmate nas terras indígenas da Amazônia Legal


Cinco por cento de todos os desmates registrados entre janeiro a abril deste ano na Amazônia Legal brasileira ocorreram dentro das Terras Indígenas (Tis) brasileiras. Ao todo, 14 quilômetros quadrados de floresta foram derrubados frente a um universo total de 269 quilômetros quadrados no período, conforme indicou o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Mato Grosso, Rondônia e Pará são os campeões em ocorrências desta natureza.
Somente a unidade mato-grossense, que possui 12 milhões de hectares em Terras Indígenas, foi responsável pela derrubada de 11,5 km² da floresta dentro das áreas preservadas, correspondendo a 82% de todas as situações verificadas em TIs neste primeiro quadrimestre. A realidade que coloca o estado na posição de número um no ranking brasileiro.
Segundo mapeou o Imazon, a reserva Manoki no município de Brasnorte, a 580 quilômetros de Cuiabá, apareceu como a primeira em desmates: a destruição atingiu 7,9 km² em fevereiro (maior do mês dentre demais estados) e 1,8 km² em abril (também líder em casos). Sozinha, a terra concentrou quase 10 km².
A devastação da floresta também foi verificada em outras terras, especialmente em fevereiro. É o caso da Terena Gleba Iriri, cuja derrubada somou 0,7 km², seguido pela reserva Apiacá-Kayabi com 0,6 km² e Batelão com 0,5 km².
Regularização fundiária – Para o coordenador-geral da Operação Amazônia Nativa (Opan), Ivar Busatto, os desmates verificados em TIs têm colocado em cheque duas realidades: a demora nos processos de regularização fundiária no Brasil, além da corrida desenfreada pela compensação das benfeitorias realizadas na terra.
“Não conheço no Brasil nenhum processo que tenha sido regularizado em menos de dez anos. Como a legislação não prevê o pagamento da terra, apenas uma indenização pelas benfeitorias que estão em cima das áreas, quem tem um lote, uma área que está sendo pleiteada como TI procura fazer mais desmate para mostrar que houve investimento na região”, pontou, em entrevista ao G1.
Índios denunciam – Para o ambientalista, os desmates são realizados, em sua maioria, por posseiros ou proprietários de áreas que estão sendo pleiteadas na Justiça como território indígena. Busatto explica que denúncias relatando o avanço da destruição das reservas no estado já foram feitas por índios das comunidades como a Manoki, no noroeste do estado. Conforme a Opan, a terra está demarcada desde 2008, foi declarada em 2003, identificada em 2001 e formalmente reivindicada pelos indígenas desde 1992. Agora, a área protegida soma 251 mil hectares, onde vivem cerca de 500 índios.
Em outubro de 2011, um relatório elaborado pela Opan mostrou os impactos da destruição do território dentro da reserva. O documento foi entregue à Fundação Nacional do Índio (Funai), em Brasília, com o objetivo de buscar mais celeridade para os processos de regularização. Na época, indígenas denunciaram que 20% da TI já tinham sido destruídos pela prática ilegal de atividades como pesca predatória, assoreamento de rios, destruição de matas ciliares. “É uma corrida para retirada da madeira e de outros recursos naturais”, frisou o coordenador da Opan.
Fiscalização – Em Mato Grosso, a superintendente do Ibama, Cibele Xavier Ribeiro, diz que o órgão tem acompanhado o avanço do desmatamento e que ocorrências dentro de TIs são monitoradas pelo órgão. No entanto, a dificuldade é chegar à origem dos desmates e identificar os reais causadores dos danos na floresta.
As terras indígenas foram colocadas na lista de prioritárias em ações de monitoramento, ao lado das unidades de conservação e assentamentos da reforma agrária. “Temos focado nossas ações prioritárias nestes locais, primeiramente com serviços de inteligência com informações para saber se as terras estão sofrendo ações de comunidades externas ou indígenas”, citou Cibele.
Mas casos em que a própria comunidade foi flagrada contribuindo com os desmates também foram flagrados no estado, a exemplo de anos anteriores, lembra a superintendente. Mas entre janeiro a abril situações como esta não foram registradas, segundo Cibele Ribeiro.
A própria comunidade indígena tem sido ‘recrutada’ para auxiliar os órgãos de defesa ambiental na preservação da floresta. “Trabalhamos com a formação de agentes comunitários indígenas. São facilitadores para que as informações cheguem de forma mais rápida. Mas é preciso fortalecer essa relação”, expressou a superintendente.
Outros estados – Se em Mato Grosso o desmatamento em Terras Indígenas atingiu 11,5 km² entre janeiro a abril, no estado vizinho de Rondônia – a segunda na Amazônia – somou 1,7 km², seguida pelo Pará, com 0,5 km². (Fonte: Leandro J. Nascimento/ G1, 22/05/2012)

Evolução dos pássaros encerrou era dos insetos gigantes, diz estudo


Um novo estudo da Universidade da Califórnia sugere que a evolução dos pássaros foi determinante para o fim da era dos insetos gigantes na Terra. Segundo os cientistas, a época em que as aves começaram a estabelecer seu lugar nos céus é a mesma na qual os insetos grandalhões perderam espaço, há 150 milhões de anos. A pesquisa foi divulgada nesta semana na edição online da revista científica “PNAS”, da Academia Americana de Ciências.
Insetos gigantes viveram nos céus pré-históricos em uma época em que a atmosfera da Terra era rica em oxigênio. Pesquisas anteriores já tinham sugerido que o tamanho dos insetos tinha relação com altas concentrações de oxigênio – cerca de 30%, comparada aos atuais 21%, em média.
Há 300 milhões de anos, os insetos gigantes chegaram ao maior tamanho já documentado: 70 centímetros.
Mas à medida que os pássaros surgiram, os insetos se tornaram menores mesmo com o aumento de oxigênio na atmosfera, diz a pesquisa.
Segundo o autor do estudo, Matthew Clapham, professor de Terra e Ciências Planetárias da Universidade da Califórnia, em Santa Cruz, com os pássaros predatórios na ‘cola’, necessidade de ter mais mobilidade foi a base da evolução do voo desses insetos, favorecendo o tamanho mais reduzido do corpo.
A equipe da Clapham comparou o tamanho das asas de mais de 10.500 fósseis de insetos com níveis de oxigênio do planeta em centenas de milhares de anos.
O pesquisador enfatiza, no entanto, que o estudo focou as mudanças a partir dos maiores insetos já conhecidos.
“Em torno do final do período Jurássico e início do Cretáceo, cerca de 150 milhões de anos atrás, de repente o nível de oxigênio sobe, mas o tamanho do inseto diminui. E isso coincide de forma impressionante com a evolução dos pássaros”, diz Clapham. (Fonte: G1, 06/06/2012)

Lagosta africana usa pegadas para comer plantas terrestres


Um estudo de pesquisadores do Queen Mary College (Universidade de Londres) indica que um tipo de lagosta consegue se alimentar de plantas terrestres ao usar poças d’água criadas por pegadas de hipopótamos, na África. A Procambarus clarkii é considerada uma das espécies de animais mais invasivas do planeta e o estudo indica que ela consegue sobreviver nas condições mais adversas. A pesquisa foi divulgada na revista especializada Plos One.
Segundo o estudo, esse animal se alimenta de plantas terrestres quando os níveis de água do lago Naivasha, no Quênia, estão muito baixos. O mais incrível é como ele faz isso. Os cientistas descobriram que uma parte da população havia deixado o lago ao usar poças deixadas pelas pegadas de hipopótamos. Quando a noite caía, as lagostas saíam das poças e comiam plantas terrestres.
“Isso tem implicações significantes para quem está pensando em introduzir esta espécie em outras áreas”, diz Jonathan Grey, pesquisador do Queen Mary. Essa lagosta foi usada em diversas regiões da África nos anos 60 para controlar a população de um tipo de caracol que carrega um parasita perigoso para o ser humano. Contudo, a solução mostrou levar a outro problema.
“Enquanto elas (as lagostas) são úteis para contra-atacar outras espécies perigosas em ecossistemas, elas também são extremamente danosas para a população de peixes e para o equilíbrio da teia alimentar. Elas comem plantas, ovas de peixes, larvas de moscas, caracóis e sanguessugas e, como nós mostramos agora que são capazes de conseguir recursos extras da terra, elas podem sustentar grandes populações sob condições adversas, como pouca água, e podem causar problemas em uma maior variedade de ambientes do que pensávamos”, diz o pesquisador. (Fonte: Portal Terra, 06/08/2012)

Estudo: trepadeiras em prédios são melhor solução ambiental


Enquanto novas tecnologias não surgem, cobrir as paredes da “selva de pedra” com verde pode diminuir os níveis de poluição em grandes cidades com mais êxito do que se pensava. Pesquisadores na Inglaterra concluíram que o uso de muros verdes nos chamados vales urbanos – vários prédios altos alinhados nos dois lados de uma mesma rua -, formando verdadeiros corredores de vegetação vertical em movimentadas avenidas, pode reduzir os poluentes do local em até 30%.
O novo estudo das universidades de Birmingham e Lancaster contradiz a percepção anterior de que a melhoria ficaria em apenas 1 ou 2% e aponta que a medida pode ser mais eficaz do que árvores ou telhados verdes. Por meio de simulação em um programa de computador, os cientistas combinaram o que já sabiam sobre o modo que o ar circula nas cidades e como a vegetação o purifica.
O passo à frente, explica o professor de ciência atmosférica Rob MacKenzie, da Universidade de Birmingham, foi o reconhecimento de que o ar leva maior tempo circulando dentro dos vales urbanos, onde a poluição é gerada pelos carros e fica mais concentrada. Por isso, as paredes vivas seriam mais indicadas neste caso do que os telhados verdes.
“Como o vento sopra no topo dos edifícios, o ar na rua circula lentamente entre eles, dando voltas. Se a vegetação estiver dentro dos vales urbanos, a remoção será mais eficiente. Quanto mais poluição houver no local, mais rapidamente é absorvida pela vegetação. É como a agua que drena para fora da banheira mais rápido no início, quando cheia, do que no final, quando está quase vazia”, compara o coautor do estudo.
Plantas limpam o ar ao remover dióxido de nitrogênio e material particulado – partículas poluentes que se mantêm suspensas na atmosfera devido ao seu pequeno tamanho -, ambos prejudiciais à saúde. A poluição é capaz de provocar doenças cardíacas, câncer de pulmão e asma, entre outras, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que seja a causa de mais de 2 milhões de mortes por ano.
Trepadeiras ao invés de tecnologia – O novo dado sobre a eficiência dos muros verdes em vales urbanos surge em um momento que as pesquisas científicas precisam avançar para desenvolver tecnologia mais eficiente no combate ao problema.
“Você pensa que, comprando um novo veículo, teria menos poluição do que um carro que está na rua há cinco anos. Mas parece que não temos tido os benefícios que esperávamos, porque as soluções tecnológicas ainda não estão funcionando da maneira que se espera. Por isso, estão olhando para alternativas como muros verdes e supressores de pó (substâncias que funcionam como um adesivo e evita a circulação de partículas poluentes)”, aponta Gary Fuller, especialista em medição da qualidade do ar no grupo de pesquisas ambientais do King’s College, em Londres.
Preocupados com o problema, órgãos municipais no Reino Unido têm adotado aos poucos a medida, mas ainda longe de formar corredores verdes, como os cientistas de Birmingham e Lancaster sugerem. Segunda maior cidade da Inglaterra, Birmingham conta desde 2010 com um muro vivo temporário, junto a uma parte dos tapumes ao redor da construção da nova biblioteca no centro da cidade.
Já a Transport for London, órgão responsável pelo transporte público da capital britânica, instalou em julho seu segundo muro verde especialmente para aplacar a poluição próximo à estação de metrô Blackfriars, com 15 diferentes variedades de plantas em 120 m², e planeja contemplar no futuro mais locais com altos níveis de PM10, como é chamado o material particulado que pode ser inalado por humanos. Pesquisadores do conceituado Imperial College analisam a mudança na qualidade do ar nesses pontos e se certas espécies funcionam melhores como “filtros” do que outras, mas os resultados ainda não foram divulgados.
Críticas – A ideia de que o verde limpa não é nova, mas, nos últimos anos, estudos apontaram que árvores podem agravar o problema. Ao formar um túnel em uma rua com grande movimento de carros, os galhos “prendem” os poluentes no local – por isso, os muros verdes seriam mais indicados. Apesar disso, a alternativa sofre críticas. “Quanto realmente se precisa para ter algum tipo de impacto? Todo o ar deve estar em contato com a vegetação. Os melhores efeitos dos muros verdes se espera que sejam muito locais”, questiona Fuller.
Para MacKenzie, 10% de cobertura não fará diferença, mas com 50% se consegue um resultado notável. Os estudiosos ainda sugerem o uso de “green billboards” (outdoors, como os de publicidade, com vegetação) e garantem que a solução não precisa ter custo elevado – outra crítica recorrente aos muros verdes. Apesar de empresas oferecerem paredes hi-tech, com hidroponia, MacKenzie exemplifica que uma trepadeira como a hera, plantada diretamente no solo, é uma versão muito mais barata.
Mesmo com índices de poluição semelhantes, conforme a OMS, o que funciona em Londres pode não funcionar em São Paulo, alerta Fuller. Além de o clima ser distinto, a frota de carros brasileira utiliza etanol, não usado na Europa. Mas a receita para o controle da poluição nas grandes cidades inclui atacar a origem do problema, ressaltam os especialistas ouvidos pelo Terra.
“Minha visão para uma cidade limpa é que se tenha muito mais plantas dividindo o espaço conosco e bem menos ênfase em carros. Se você combinar isso, será o melhor”, defende o professor de ciência atmosférica da Universidade de Birmingham. (Fonte: Portal Terra, 06/08/2012)

Saneamento básico é o maior problema ambiental do Brasil, diz especialista da UnB


A falta de saneamento básico causa mais impacto ambiental negativo ao Brasil do que o desmatamento ou a execução de projetos para a obtenção de energia. A avaliação é do professor de engenharia civil e ambiental da Universidade de Brasília, Oscar Netto. “Em média, todo brasileiro vai se deparar, em algum momento do seu dia, com problemas ambientais causados pela falta de saneamento. Sobretudo no que se refere a saneamento urbano, nós temos um grade desafio pela frente”, disse.
Oscar Netto ressalta a última enchente do Rio Negro, no Amazonas, como exemplo do que a falta de coleta e destinação adequada dos detritos sólidos podem provocar. Segundo ele, um evento natural periódico foi agravado pelo lixo que boiava e causava contaminação.
É na Região Norte, inclusive, onde o problema de falta de coleta e tratamento de esgoto é pior. Enquanto a média nacional de coleta de esgoto nas residências é 44,5%, no Norte do país é apenas 6,2%, segundo dados de 2009 do Ministério das Cidades, quando foi concluído o último Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto.
Netto defende que a população cobre das autoridades medidas para esse quadro da falta de saneamento básico seja transformado. “Todo brasileiro que acompanha a televisão está sabendo do desmatamento, da construção das usinas, mas o saneamento não é tratado da mesma forma. Essa questão não aparece no topo das políticas públicas”, disse. A mesma crítica ele estende ao movimento ambientalista que não estaria se dedicando com afinco à essa questão.
O diretor adjunto de Campanhas do Greenpeace, Nilo D’Ávila, discorda que o assunto seja esquecido pelo movimento ambientalista. Ele admite que esta não é uma bandeira da organização da qual faz parte, mas garante que há outras organizações não governamentais (ONGs) no país trabalhando para que seja dada mais atenção à limpeza de rios e aterros sanitários.
Na opinião de D’Ávila, a falta de dedicação à questão do saneamento básico é dos governos. “É fato que não adianta ter uma ONG batendo se não há vontade do governo de fazer saneamento público. Tanto é que o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] do saneamento empacou. Saneamento é uma política pública que está diretamente ligada com a saúde. Quando o governo fala que a prioridade dele é a saúde, é uma mentira porque não há investimento em saneamento”, declarou.
Na opinião do diretor do Greenpeace , contudo, o Brasil também não está indo bem nas outras frentes da batalha ambiental. A queda do desmatamento apresentada pelo governo nas últimas semanas, para ele, está mais relacionada a questões econômicas do que à eficiência na fiscalização.
“O desmatamento caiu depois que pegamos aí quase 15 anos de esforço brasileiro. Mas esse esforço não é única e exclusivamente na área de meio ambiente. O esforço econômico que levou o dólar a R$ 1,35 também interfere nisso. Você percebe que a curva do desmatamento e do dólar são parecidas. O desmatamento na Amazônia é ligado à exportação de commodities. O dólar alto e a impunidade que existe nas questões ambientais levam as pessoas a cometerem ilícitos. Tanto que o desmatamento caiu, mas 80% dele ainda é ilegal”, disse.
A taxa de desmatamento na Amazônia Legal medida pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em 2011 foi 8% menor que em 2010. A remoção da cobertura florestal no ano passado foi 6,4 quilômetros quadrados, a menor já registrada desde que o monitoramento começou a ser feito. (Fonte: Mariana Jungmann/ Agência Brasil, 22/06/2012)

‘Fertilização’ de oceano pode ajudar a conter aquecimento global, diz estudo


Um novo experimento busca “fertilizar” os oceanos com sulfato de ferro para favorecer a proliferação de fitoplâncton – organismos microscópicos, como algas, que vivem próximo à superfície e servem de alimento para muitos animais. O objetivo é fazer com que esses seres capturem o gás carbônico (CO2) do fundo do mar e possam se tornar uma eventual maneira de combater o aquecimento global.
A pesquisa está descrita na revista “Nature” desta semana e foi feita durante cinco semanas na Antártica. O trabalho é considerado pelos autores uma das provas mais detalhadas da fertilização dos oceanos, prática proibida pela legislação internacional, mas liberada para fins científicos.
De acordo com o pesquisador Michael Steinke, da Universidade de Essex, no Reino Unido, o fitoplâncton faz fotossíntese assim como as plantas em terra firme, armazenando CO2 e liberando O2, o que ajudaria a manter a temperatura ambiente.
Segundo os estudiosos, a proliferação de algas unicelulares chamadas diatomáceas atingiu o pico um mês após o início da experiência. Posteriormente, houve uma significativa mortalidade dessa espécie, o que formou uma massa viscosa, incluindo material fecal do zooplâncton – como peixes, crustáceos e águas vivas –, que rapidamente submergiu para o fundo do oceano.
Os autores dizem que pelo menos metade dessa biomassa já deve ter ultrapassado 1 km de profundidade e uma porção chegou às profundezas. Depois que o fitoplâncton morre, pode ficar por vários anos preso aos sedimentos no fundo do mar.
Apesar da descoberta, Steinke acredita que a técnica não será usada em larga escala para amenizar a mudança climática, pois encontrar o lugar adequado para esses trabalhos é difícil e custa caro.
Em 2007, especialistas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) alertaram sobre os riscos dessa técnica, especialmente para o ambiente marinho, um aspecto ausente no estudo publicado esta semana.
Em outra pesquisa, feita em 2004 nos mares do sul por uma equipe liderada pelo cientista Victor Smetacek, do Instituto de Investigação Marítima, em Bremerhaven, na Alemanha, não foi possível avaliar com precisão a duração dessa captura de CO2. (Fonte: Globo Natureza, 20/07/2012)

Contribuição dos agentes polinizadores para a biodiversidade


Por terem um papel crítico na conservação da biodiversidade e na agricultura, os agentes polinizadores são uma preocupação mundial. Sistematizar o conhecimento adquirido sobre o tema no Brasil, nos últimos anos, é o objetivo do livro Polinizadores no Brasil – Contribuição e perspectivas para a biodiversidade, uso sustentável, conservação e serviços ambientais, que será lançado nesta quinta-feira (26), durante o 10º Encontro sobre Abelhas de Ribeirão Preto, na cidade do interior paulista.
Produzido pelo Grupo de Pesquisa de Serviços Ambientais do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP), o livro é resultado de pesquisas que envolveram 85 pesquisadores de 36 instituições científicas, com a finalidade de conhecer a situação dos polinizadores do Brasil, seu impacto na agricultura, na biodiversidade e no agronegócio.
A publicação deriva de estudos apoiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Fundo Setorial do Agronegócio. Essas pesquisas, por sua vez, tiveram base nos resultados do Projeto Temático “Biodiversidade e uso sustentável de polinizadores, com ênfase em abelhas Meliponini”, coordenado por Vera Lucia Imperatriz Fonseca e realizado no âmbito do programa BIOTA-FAPESP.
Coordenadora do Grupo do IEA, Fonseca também liderou a organização do livro. Os outros organizadores e vice-coordenadores do grupo são Antonio Mauro Saraiva, da Escola Politécnica da USP, e Dora Ann Lange Canhos, do Centro de Referência em Informação Ambiental (Cria). Fonseca atualmente é professora visitante sênior na Universidade Federal Rural do Semiárido.
“O Projeto Temático, encerrado em 2010, foi muito bem-sucedido e, além de possibilitar a formação de pessoal especializado, até hoje apresenta resultados na forma de publicações e teses. O livro é o primeiro documento em português que aborda o conhecimento atualizado sobre polinizadores no Brasil, tanto em áreas naturais como em agroecossistemas”, disse Fonseca à Agência FAPESP.
A qualidade da pesquisa realizada no Temático, segundo Fonseca, foi reconhecida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ganhando uma menção honrosa da edição 2011 do Prêmio Capes de Tese Edição e duas indicações para a edição de 2012.
Segundo Fonseca, a preocupação mundial com os polinizadores tem aumentado, uma vez que o seu declínio tem consequências desastrosas tanto para a biodiversidade como para o agronegócio.
Os riscos de perda dos serviços de polinização são especialmente graves quando a agricultura é dependente de uma espécie de polinizador. “O livro está sendo publicado em um momento importante, no qual o desaparecimento das abelhas começa a ser notado também no Brasil”, disse Fonseca.
Segundo ela, o desaparecimento das abelhas foi detectado em 2007 no hemisfério Norte. Na América do Norte, a perda tem sido de 30% das colônias por ano, com necessidade de importação de abelhas para promover a polinização na agricultura. Na Comunidade Europeia, a perda também é expressiva e preocupante. No Brasil, os primeiros casos foram detectados em 2011.
“O livro tem o objetivo de apresentar o tema com foco no Brasil, mas com um resumo da situação global, incluindo uma proposta de estratégia de desenvolvimento da área para o Brasil”, disse Fonseca.
Ação humana – Segundo Fonseca, o livro não esgota o assunto, mas representa uma mobilização sem precedentes da comunidade brasileira de estudos sobre abelhas e polinizadores. “Além dos resultados das nossas pesquisas, o livro também tem o objetivo de formular uma política pública para polinizadores”, disse.
Temas como a importância da paisagem agrícola na manutenção dos serviços dos polinizadores e a necessidade de aumentar o número de coleções biológicas para o estudo da fauna de abelhas são alguns dos destaques do livro. A obra aborda também espécies invasoras e o efeito das ações antrópicas sobre a conservação e uso dos polinizadores.
“Outro destaque é a questão do desaparecimento das abelhas, que permeia todo o livro. O conhecimento começa a avançar nessa área e o livro mostra como esse desaparecimento pode ter ligação com alterações comportamentais humanas – como aumento do uso de pesticidas – e alterações climáticas que podem fragmentar populações desses animais”, explicou Fonseca.
A primeira parte do livro consiste em um estudo da conservação de biomas e as síndromes de polinização e polinizadores vertebrados, apresentando uma lista inédita desses agentes reunida por especialistas brasileiros.
“Nas partes subsequentes, temos uma série de artigos que tratam de polinizadores como besouros e mariposas, mas concentram-se nas abelhas, os polinizadores mais manejados para a agricultura”, disse Fonseca.
Os artigos tratam também de bases de dados de plantas e polinizadores, dos métodos de avaliação de biodiversidade, das coleções de polinizadores e informatização dos acervos, da construção de palinotecas (coleção de grãos de pólen) e sua importância para manejo de polinizadores.
“O livro apresenta ainda uma série de estudos de caso que utilizam a modelagem preditiva como método de comunicação com os tomadores de decisão, abordando eventos climáticos previstos pelo IPCC. Toda a parte de modelagem foi desenvolvida no Projeto Temático”, disse Fonseca. (Fonte: Fábio de Castro/ Agência Fapesp, 27/07/2012)

Nova espécie de crustáceo ganha nome em homenagem a Bob Marley


O pesquisador Paul Sikkel, da Universidade Estadual do Arkansas, nos EUA, ao descobrir uma nova espécie de crustáceo que habita áreas de corais no leste do Caribe, resolveu homenagear o cantor de reggae Bob Marley.
O pequeno parasita Gnathia marleyi ganhou esse nome por causa do “respeito e admiração” que o biólogo tem pela música do artista.
“Além disso, essa espécie é exclusivamente caribenha, como foi o Marley”, disse o especialista ao jornal americano “USA Today”. O animal fica escondido em corais e esponjas, e infesta peixes que vivem por ali. A espécie foi descrita na edição de julho da revista científica “Zootaxa”. (Fonte: Globo Natureza, 22/07/2012)

Esperma congelado evita extinção de corais do Havaí, Caribe e Austrália


Pouco antes do pôr-do-sol no campus do Instituto de Biologia Marinha do Havaí, Mary Hagedorn aguardava a desova de seus corais-cogumelo.
Em relação aos outros corais, o Fungia é bastante confiável, geralmente liberando seu esperma e seus ovos dois dias após a lua cheia. Já haviam se passado três.
“Às vezes ficamos frustrados”, contou, aflita.
Os corais recalcitrantes ficavam ao ar livre, em pratos de vidro cheios de água, dispostos em fileiras em uma mesa de laboratório feita de aço. Cada um deles tinha aproximadamente o tamanho e a forma da parte de cima de um cogumelo portobello, com um resplendor de arestas marrons que irradiava a partir de uma boca cor de rosa, hermeticamente fechada.
Sob o olhar atento de Hagedorn e sua assistente, um dos corais apertava a boca e parecia soltar o ar, lançando uma nuvem de esperma no prato com um vigor surpreendente. A água borbulhava como se fosse aveia quente.
Fisiologista da reprodução do Instituto Smithsonian, Hagedorn, de 57 anos, está basicamente construindo um banco de esperma de corais do mundo todo. Sua expectativa é de que a coleção – criada nos últimos anos a partir de corais encontrados no Havaí, Caribe e Austrália – seja um dia usada para restaurar e até mesmo reconstruir recifes danificados.
Ela estima ter congelado 1 trilhão de amostras de esperma de corais, o suficiente para fertilizar de 500 milhões a 1 bilhão de ovos. Além disso, existem 3 bilhões de células embrionárias congeladas; algumas delas têm características de células estaminais, o que significa que podem ter potencial para se desenvolver como corais adultos.
Em relação ao número de corais presentes no mar, a coleção de Hagedorn – armazenada em seu laboratório e em vários repositórios de zoológicos – é pequena. Até agora, porém, é a única do gênero.
Embora os corais possam se reproduzir de modo assexuado – isto é, fragmentos de corais podem se desenvolver como clones de seus pais – Hagedorn assinala que apenas a reprodução sexual mantém a diversidade genética de populações, e com ela a capacidade de sobrevivência e adaptação de uma espécie frente às mudanças. No caso dos corais, o número de parceiros prováveis está diminuindo: com o aquecimento dos oceanos provocado pela mudança climática, os corais estão se tornando mais vulneráveis a doenças – e ao branqueamento, um problema que faz os corais estressados expelirem as algas coloridas que são fundamentais para o seu suprimento alimentar.
Nos últimos anos, os eventos de branqueamento têm deixado de ser curiosidades locais e se tornado fenômenos mundiais, e em alguns casos, são tão graves e de duração tão longa que os corais não conseguem se recuperar. Enquanto isso, níveis crescentes de dióxido de carbono estão acidificando os oceanos, impedindo o crescimento dos esqueletos dos corais e enfraquecendo lentamente os ossos de carbonato de cálcio dos recifes de todo o mundo.
No Caribe, as altas temperaturas da água, os surtos de doenças, a pesca predatória e outras calamidades já mataram 80 por cento dos corais da região, reduzindo muitos recifes a algas e entulhos. Uma série de problemas similares está matando corais no Pacífico, e acredita-se que a extensão de corais vivos diminuiu pela metade nas partes central e ocidental do oceano entre o início dos anos 1980 e 2003.
Se esse declínio continuar, quase todos os recifes do mundo devem desaparecer até 2050. Estima-se que um quarto de todas as espécies marinhas das quais se tem conhecimento têm alguma associação com recifes de corais; algumas talvez consigam sobreviver com algas, mas não todas. Neste mês, pesquisadores que participaram do Simpósio Internacional de Recifes de Coral em Cairns, na Austrália, resumiram a situação: “Considerados em conjunto, esses fatores de tensão relacionados ao clima representam um desafio sem precedentes para o futuro dos recifes de coral e os serviços que eles prestam às pessoas”.
Para os cientistas marinhos cujas carreiras dependem dos recifes de coral, a coleção de Hagedorn pode trazer tranquilidade.
“A Mary é minha apólice de seguro”, disse Greta Aeby, bióloga que trabalha em um laboratório montado em um cais na Ilha Coconut e estuda doenças de corais em todo o Pacífico.
“Estamos trabalhando o mais rápido possível”, acrescentou, “mas não é suficiente. Eu sempre digo aos meus alunos: ‘Pesquisem mais rápido!’”.
Durante décadas, preservacionistas têm trabalhado para proteger os recifes com reservas marinhas, regulamentos de pesca e outras medidas. Apesar de algumas conquistas importantes, apenas 27 por cento dos recifes do mundo se encontram dentro de reservas, e a criação delas, na melhor das hipóteses, ocorre sem regularidade. Com o aumento das pressões trazidas pelas mudanças climáticas, até mesmo os biólogos marinhos mais otimistas dizem que o futuro dos recifes de corais depende de refúgios – lugares onde as ameaças locais são mínimas, ou onde os corais ficam biologicamente mais adaptáveis às pressões da mudança climática.
Embora Hagedorn apoie essas estratégias tradicionais de preservação, ela está se preparando para vê-las fracassar. Enquanto congela amostras de esperma e ovos de corais para utilização no futuro, colegas seus estão aperfeiçoando técnicas para criar corais em cativeiro, a fim de reintroduzir corais jovens em seus habitats naturais.
Ela e seus colegas, porém, têm que se esforçar para arrecadar dinheiro de modo a sustentar suas iniciativas, que são muitas vezes vistas como uma distração em relação à urgência do trabalho da proteção do habitat.
“Em um mundo ideal, gostaríamos de fazer as duas coisas”, disse Stephen Palumbi, diretor do Estação Marinha Hopkins, da Universidade Stanford. “Claro que, em um mundo ideal, não haveria restrições de financiamento.”
Ainda assim, as duas estratégias podem vir a ser necessárias.
“Proteger as comunidades de peixes, garantir que a qualidade da água seja boa, todos esses esforços podem assegurar a existência de diversos corais por décadas”, disse Nancy Knowlton, renomada bióloga especializada em recifes de coral do Instituto Smithsonian. “Mas se continuarmos nessa trajetória de emissão de gases do efeito estufa, o único lugar onde conseguiremos encontrar muitos corais serão os congeladores da Mary.”
Desde 1949, quando o biólogo britânico Christopher Polge congelou e descongelou com sucesso um frasco de esperma de galo, os cientistas utilizaram a técnica em dezenas de espécies, incluindo seres humanos, porcos, ostras e zangões. No entanto, cada espécie reage de um modo ao congelamento de seu esperma, e dominar a criopreservação de uma única espécie pode levar anos de experimentos.
Os ovos e as amostras de esperma, por serem muito maiores, são ainda mais difíceis de preservar.
“Às vezes, é preciso levar vários tapas na cara para chegar ao próximo passo”, disse Kenneth Storey, pesquisador de criopreservação da Universidade de Carleton, em Ottawa. “Esse é um trabalho árduo, um trabalho empírico árduo. É difícil.”
Em seu trabalho no Havaí e em outros lugares, Hagedorn encontrou não apenas as frustrações, mas também a natureza peculiar e misteriosa dos corais. Ao mesmo tempo vegetais, animais e minerais, os corais são colônias de criaturas simples, chamadas de pólipos, alojadas em esculturas distintas de carbonato de cálcio que formam os recifes de coral.
Pouco se sabe a respeito da reprodução dos corais: a desova periódica de esperma e ovos de coral era basicamente desconhecida pelos cientistas até o início de 1980, quando uma equipe de pesquisadores australianos, ao realizar um mergulho noturno, começou a encontrar inúmeras ovas de cabeça para baixo. Os pesquisadores ainda não sabem ao certo o motivo de tantas desovas estarem ligadas às fases da lua.
Como o coral Fungia do campus do Instituto de Biologia Marinha do Havaí, os corais, por vezes, alteram seus horários de desova previstos, e Hagedorn passou noites na costa de Porto Rico e Belize ansiosa, à espera de que corais ameaçados começassem a sua desova anual em águas abertas.
Mas a sorte esteve com ela no segundo semestre do ano passado, quando viajou com um grupo de colegas para a Austrália, a convite do Instituto Australiano de Ciência Marinha. Usando técnicas desenvolvidas por Hagedorn, eles coletaram e congelaram o esperma e as células de colônias de Acropora tenuis e Acropora millepora, duas das cerca de 400 espécies de corais nativas da Grande Barreira de Corais.
Hoje, as células e as amostras de esperma dos corais estão armazenadas em nitrogênio líquido no Zoológico Taronga Western Plains, em Nova Gales do Sul, juntamente com amostras congeladas de esperma de coalas, cangurus da espécie Petrogale xanthopus e dugongos.
Em 2009, JoGayle Howard, pesquisadora do Zoológico Nacional conhecida como a “rainha do esperma”, produziu grupos saudáveis de furões-do-pé-preto por meio da inseminação de um furão fêmea com esperma coletado e congelado mais de 20 anos antes, proporcionando uma diversidade genética valiosa para as espécies ameaçadas de extinção. Howard, que morreu em 2011, continua sendo uma inspiração para Hagedorn: quando o clima tropical ou os caprichos da desova de corais interrompem o seu trabalho, ela gosta de lembrar que até mesmo um frasco de esperma congelado pode fazer todos os problemas valerem a pena.
“Lembremos do furão-do-pé-preto”, disse ela. “Apenas alguns poucos indivíduos podem fazer com que uma população comece de novo.” (Fonte: Portal iG, 07/08/12)