quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A Terra em alerta

O planeta esquenta e a catástrofe é iminente. Mas existe solução



Ondas de calor inéditas. Furacões avassaladores. Secas intermináveis onde antes havia água em abundância. Enchentes devastadoras. Extinção de milhares de espécies de animais e plantas. Incêndios florestais. Derretimento dos pólos. E toda a sorte de desastres naturais que fogem ao controle humano.



Há décadas, pesquisadores alertavam que o planeta sentiria no futuro o impacto do descuido do homem com o ambiente. Na virada do milênio, os avisos já não eram mais necessários – as catástrofes causadas pelo aquecimento global se tornaram realidades presentes em todos os continentes do mundo. O desafios passaram a ser dois: se adaptar à iminência de novos e mais dramáticos desastres naturais; e buscar soluções para amenizar o impacto do fenômeno.



Em tempos de aquecimento planetário, uma nova entidade internacional tomou as páginas de jornais e revistas de toda a Terra – o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), criado pela ONU para buscar consenso internacional sobre o assunto. Seus aguardados relatórios ganharam destaque por trazer as principais causas do problema, e apontar para possíveis caminhos que podem reverter alguns pontos do quadro.



Em 2007, o painel escreveu e divulgou três textos. No primeiro, de fevereiro, o IPCC responsabilizou a atividade humana pelo aquecimento global – algo que sempre se soube, mas nunca tinha sido confirmado por uma organização deste porte. Advertiu também que, mantido o crescimento atual dos níveis de poluição da atmosfera, a temperatura média do planeta subirá 4 graus até o fim do século. O relatório seguinte, apresentado em abril, tratou do potencial catastrófico do fenômeno e concluiu que ele poderá provocar extinções em massa, elevação dos oceanos e devastação em áreas costeiras.



A surpresa veio no terceiro documento da ONU, divulgado em maio. Em linhas gerais, ele diz o seguinte: se o homem causou o problema, pode também resolvê-lo. E por um preço relativamente modesto – pouco mais de 0,12% do produto interno bruto mundial por ano até 2030. Embora contestado por ambientalistas e ONGs verdes, o número merece atenção.



O 0,12% do PIB mundial seria gasto tanto pelos governos, para financiar o desenvolvimento de tecnologias limpas, como pelos consumidores, que precisariam mudar alguns de seus hábitos. O objetivo final? Reduzir as emissões de gases do efeito estufa, que impede a dissipação do calor e esquenta a atmosfera.



O aquecimento global não será contido apenas com a publicação dos relatórios do IPCC. Nem com sua conclusão de que não sai tão caro reduzir as emissões de gases. Apesar de serem bons pontos de partida para balizar as ações, os documentos não têm o poder de obrigar uma ou outra nação a tomar providências. Para a obtenção de resultados significativos, o esforço de redução da poluição precisa ser global. O fracasso do Tratado de Kioto, ao qual os Estados Unidos, os maiores emissores de CO2 do mundo, não aderiram, ilustra os problemas colocados diante das tentativas de conter o aquecimento global.

(FONTE: http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/aquecimento_global/contexto_int.html)

Biblioteca Digital

Site para pesquisa:

http://veja.abril.com.br/educacao/biblioteca.shtml

Reportagem: Megadiversidade corroída em ritmo acelerado

Por Germana Barata

Trinta e quatro regiões no mundo inteiro são consideradas áreas prioritárias de conservação (hotspots), por abrigarem verdadeiros tesouros biológicos; duas dessas regiões estão no Brasil e uma delas é a do Cerrado (e a outra, por incrível que pareça, não é a Amazônia, mas a Mata Atlântica). O desmatamento no Cerrado anda a passos largos anualmente e as propriedades agrícolas podem, apoiadas pelo Código Florestal vigente, preservar apenas 20% da área nativa, bem diferente do que ocorre em florestas tropicais, como a Amazônia, nas quais esse percentual corresponde ao máximo que se permite desmatar. São 12.356 espécies da flora e mais de 2.546 animais catalogados, meros 10% do que existia originalmente nesse bioma. É também o berço de três das maiores bacias da América Latina (Amazônica, Paraná-Paraguai e São Francisco). Tantas riquezas ainda não foram suficientes para acender um alerta para garantir a sobrevivência, manutenção e conservação do Cerrado, segundo maior bioma nacional. Outra riqueza, essa produzida em seus mais de 70% de território degradado, tem sido a prioridade nacional: a agropecuária e o carvão vegetal.

Enquanto o Congresso Nacional tenta aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 115/1995) para reconhecer o Cerrado como patrimônio nacional, a megabiodiversidade, mais rica em áreas abertas – justamente aquelas que são mais visadas pela agropecuária –, vai sendo consumida. “Mesmo considerando o número de pesquisas existentes no Cerrado, o conhecimento científico é bastante precário, pois novas espécies estão sendo descobertas a cada levantamento faunístico e florístico realizado”, apontam os autores do estudo de perda de espécies do Cerrado, apresentado durante o IX Simpósio Nacional do Cerrado, ocorrido em outubro do ano passado. Ricardo Machado, diretor do programa Cerrado-Pantanal da ONG Conservação Internacional e um dos autores do trabalho, conta que e m expedição realizada por sua equipe durante três semanas, foram identificadas 14 novas espécies de répteis, peixes, mamíferos e aves – grupos de animais de maior porte e, portanto, mais conhecidos.

Não é difícil prever o nível de desconhecimento de grupos menores, como fungos, embora sejam fundamentais para a ciclagem de nutrientes do meio ambiente. “Praticamente tudo é o primeiro registro”, lamenta Solange Xavier dos Santos, especialista em micologia (estudo de fungos) da Universidade Estadual de Goiás. O que se conhece equivale a menos de 5% do total existente. O mesmo vale para representantes de outros grupos, como os numerosos insetos. “O nível de desconhecimento é diretamente proporcional ao número de profissionais envolvidos nas pesquisas”, estima a pesquisadora.
Dentre os fatores responsáveis pelo desconhecimento do bioma estão a falta de especialistas, centros de pesquisa e coleções científicas, além de dificuldades de acesso às áreas para coleta de material biológico. Muitos grupos de pesquisadores do bioma estão localizados em algumas poucas instituições, como é o caso da Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Brasília (UnB) e Universidade Federal de Goiás (UFG), além da Embrapa. Mas o problema reside também nos baixos gastos governamentais no bioma e em políticas ambientais que garantam rapidamente a proteção de áreas maiores. A Conservação Internacional demonstra, através de análise dos recursos aplicados pelo Ibama em 2007, que o Cerrado recebeu apenas 8% do montante reservado para unidades de conservação, ou R$ 107 milhões, enquanto o valor mínimo necessário seria de R$ 5.638 por hectare, ou seja, R$ 227 milhões. Recurso que desaparece perto do gigantesco investimento na produção agrícola na região do Cerrado no mesmo ano, de R$ 41 bilhões.
Soluções em vista

Com mais de 70% do Cerrado degradado, multiplicam-se projetos persistentes e apaixonados, que tentam recuperar terrenos batidos, nus. Um deles é a Rede de Sementes do Cerrado, que atua desde 2005, como uma proposta do Ministério do Meio Ambiente, no desenvolvimento de métodos de germinação de sementes e mudas nativas do bioma. A idéia não é nova e parece bastante simples, porém enfrenta dois grandes desafios: a) desvendar o funcionamento de cada espécie para que possa ser reproduzida em quantidades suficientes – em condições não naturais – para reflorestar vastas áreas, podendo se desenvolver com sucesso para gerar descendentes que continuem sua tarefa; b) conseguir autorização para a coleta de sementes e mudas nativas para fomentar o projeto, atualmente um processo considerado fora da lei.

“Temos receitas próximas da realidade para cada tipo de região, já que o Cerrado varia de acordo com o tipo de solo”, afirma Manoel Cláudio da Silva Jr, do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília (UnB) e membro da rede. Uma estimativa feita pelos especialistas da Rede de Sementes constatou que seriam necessárias 50 bilhões de mudas para recuperar apenas áreas de reserva legal (os 20% de vegetação nativa que devem ser mantidos numa área), além da Área de Proteção Permanente (APP) – como terrenos inclinados, frágeis, erodidos ou com nascentes de rios. “A proposta da rede é legalizar o Cerrado”, defende o especialista.

Até agora, o projeto conseguiu, em parceria com a Embrapa, determinar as técnicas de germinação para cerca de 200 espécies de ampla ocorrência no Cerrado. “Há um pequeno número de espécies que domina a paisagem e um gigantesco número que ocorre em menor quantidade”, explica Silva Jr.

A rede aguarda o lançamento, em breve, do “Clique Cerrado”, projeto em parceria com o Banco do Brasil que visa o plantio de 3 milhões de mudas através da participação de internautas, seguindo o exemplo da bem sucedida iniciativa “Clickarvore” da ONG SOS Mata Atlântica, que já conseguiu a doação de quase 19 milhões de mudas nativas.

O plantio de árvores em tempos de mudanças climáticas pode ser também uma forma de gerar créditos de carbono. É o que aposta Ricardo Machado, da Conservação Internacional. Ele esclarece que o valor gerado com os créditos de carbono daria para cobrir o custo de manutenção da recuperação de áreas degradadas, mas não cobre o lucro gerado pela agropecuária. O objetivo é promover o casamento entre empresas que querem compensar a emissão de gás carbônico (um dos causadores do efeito estufa) com fazendeiros locais ansiosos para resolver seu passivo ambiental, regularizando sua situação, por meio de viveiros gerenciados por comunidades locais. “Do ponto de vista dos fazendeiros com áreas degradadas, que foram estimulados pelo governo para ocupá-las e para produzir, eles acreditam que também devem ser estimulados a recuperar suas áreas”, afirma Machado.

Pouca proteção garantida

Enquanto os Ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento negociam as políticas públicas de suas agendas, especialistas e conservacionistas se esforçam para conhecer os organismos e a dinâmica do Cerrado, protegido por meio de unidades de conservação em, aproximadamente, 2,2% de sua área total, entre as quais estão o Parque Nacional das Emas (131.832 ha), o Parque Nacional Grande Sertão Veredas (84 mil ha), o Parque Nacional da Serra da Canastra ( 71.525 ha ), o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (60 mil ha), o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães (33 mil ha) e o Parque Nacional de Brasília (28 mil ha). Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, o Cerrado responde por 9% das unidades de conservação existentes no país, enquanto a Amazônia abriga 88% delas e o restante se divide nos demais biomas.

O status de Unidade de Conservação não garante a conservação do bioma. Há problemas de falta de profissionais para fazer a manutenção, controle e vigilância da área e a demarcação das terras é precária. Não bastassem esses obstáculos, algumas unidades de conservação correm o risco de serem reduzidas, a exemplo do que vem ocorrendo com a Serra da Canastra. Criada em 1972, sua área de 197.797 ha foi reduzi da, no ano passado, para 150.168 ha (embora a diferença tenha sido transformada em APP, garantindo maior proteção do bioma) e ainda está no alvo de exploradores de diamantes. Em 2001, a empresa De Beers anunciou a venda do maior quimberlito mineralizado (fonte primária do diamante) em uma área de um hectare, com potencial estimado em um milhão de quilates de diamantes, valendo em torno de US$ 150 milhões; e hoje, há um potencial de extração que varia de 550 mil a 2 milhões de quilates.

Estimativas realizadas por Machado e colegas, em 2008, sobre as perdas de espécies em relação à redução do bioma, concluem que o Cerrado já deve ter perdido 13% de sua biodiversidade, considerando a situação de ocupação atual e o que é exigido pelo Código Florestal Brasileiro, podendo chegar a 24% de perda com uma ocupação do bioma equivalente a 75%. “Os números sugerem que é preciso fazer mais do que a legislação ambiental exige, caso a sustentabilidade ambiental seja realmente considerada no desenvolvimento econômico do Cerrado”, alertam os autores.

ARTIGO: Novas tecnologias podem auxiliar na conservação e uso sustentável do Cerrado

Por Anderson Cleiton José

Enquanto todas as atenções estão voltadas para o desmatamento da Floresta Amazônica, o Cerrado brasileiro é devastado de forma lenta e silenciosa, para atender ao avanço de monoculturas que cada vez mais exigem a abertura de novas áreas para o plantio de espécies agrícolas e florestais. Um dos fatores que estimulam essa investida sobre o Cerrado é a posição estratégica dessas áreas, próximas aos grandes centros consumidores, e o relevo plano que facilita a mecanização, reduzindo os custos de implantação, manutenção e colheita.

Segundo pesquisas recentes realizadas pela Conservation International do Brasil, o bioma Cerrado corre o risco de desaparecer até 2030 se medidas urgentes não forem tomadas. Dos 204 milhões de hectares originais, 57% já foram completamente destruídos e a metade das áreas remanescentes estão bastante alteradas, podendo não mais servir aos propósitos de conservação da biodiversidade. Estima-se que o desmatamento anual nas áreas de Cerrado esteja entre 1,5 a 3,0 milhões de hectares.

A conservação dos recursos naturais

A forma mais eficiente para a proteção dos recursos naturais é a sua conservação in situ. Isto consiste na manutenção das áreas intactas, mediante a criação de unidades de conservação, tais como parques nacionais, reservas biológicas, florestas nacionais e áreas de proteção ambiental, dentre outras. No Cerrado, infelizmente, o número de unidades de conservação é muito baixo, quando comparado com outros biomas, e essas, geralmente, são muito vulneráveis a ações antrópicas (fogo, desmatamento, caça e pesca).

Dessa forma, devido à grande degradação verificada no bioma como um todo, mesmo as áreas protegidas necessitam de uma atenção especial, para que a conservação ocorra de forma efetiva. Uma maneira encontrada para diminuir os impactos sobre essas áreas é a criação de corredores ecológicos, que são áreas que unem os remanescentes florestais, possibilitando o fluxo gênico, que nada mais é do que o trânsito de animais e a dispersão de sementes e pólen de espécies vegetais. Esses corredores foram planejados para interligar remanescentes de vários biomas. No Cerrado, estão previstos a criação dos corredores Araguaia-Pantanal, abrangendo 10 milhões de hectares nos estados de GO, TO, MT e PA, o corredor ecológico Jalapão-Mangabeiras, situado na confluência dos estados de TO, PI e BA, o corredor ecológico Cerrado-Pantanal, situado na bacia do rio Taquari, GO, interligando o Pantanal com o Cerrado da região do Parque Nacional de Emas, e o corredor JICA, na região do Vale do Paraná/Serra dos Pirineus, abrangendo os estados de GO, DF e TO.

A conservação também pode se dar através do uso sustentável dos recursos naturais. Pesquisas recentes realizadas pela Universidade Federal de Lavras (MG) mostram que é viável economicamente manejar a vegetação do Cerrado, como alternativa ao seu desmatamento para a implantação de florestas de eucalipto, atividade que vem ocorrendo em larga escala em vários estados brasileiros. Esses estudos, porém, levaram em conta somente a utilização dos produtos madeireiros, deixando de lado o que muitos consideram a grande riqueza deste bioma que é a enorme diversidade de produtos que podem ser extraídos, tais como frutos, sementes, óleos, fibras, etc...

Entretanto, ao se propor metas para um programa de conservação, mediante a criação de unidades de conservação, ou mesmo ao permitir o uso sustentável dos recursos naturais, algumas informações são de fundamental importância para que o seu manejo seja realizado de forma correta. Associado a estudos de geomorfologia, geologia, solos, clima, sistemática botânica e biogeografia, técnicas moleculares podem fornecer subsídios aos estudos da vegetação para o estabelecimento de estratégias adequadas para o manejo ambiental

A análise de características genéticas das populações que se pretende conservar, mediante marcadores moleculares, que tem como objeto de estudo as sequências de DNA e proteínas dos indivíduos, objetiva reduzir os riscos para as populações a serem conservadas, evitando a endogamia (cruzamento entre indivíduos aparentados) e a deriva genética, devido à redução do número de indivíduos das populações. Isso porque uma população a ser conservada em uma determinada área não precisa ser necessariamente grande, mas necessita ter número suficiente de indivíduos para ser representativa, evitando a endogamia e possibilitando a manutenção do potencial evolutivo das espécies.

Conhecer para poder preservar

Hoje, um dos grandes desafios para os pesquisadores é o entendimento da biologia das espécies do Cerrado. Essas informações são úteis tanto no manejo correto das populações, por exemplo, em unidades de conservação, bem como para o uso sustentado dos seus recursos.

Os processos relacionados à reprodução têm sido alvo de muitas pesquisas nos últimos anos. Compreender os mecanismos de propagação das espécies, bem como a estruturação das espécies nos diversos habitats parece ser o ponto chave para o estabelecimento de propostas de recomposição e conservação de áreas naturais.

As espécies que se adaptam a um determinado ambiente desenvolvem “habilidades” para poderem suportar as condições ambientais ali existentes. Como exemplo, cita-se um mecanismo muito importante para as espécies vegetais que é a dormência das sementes, a qual garante que nem todas as sementes dispersas em um ano germinem prontamente quando as condições ambientais forem favoráveis (luz, umidade e substrato). Isso significa que muitas sementes podem permanecer no solo por até dezenas de anos, até que germinem para dar origem a uma nova planta. Entretanto, esse mecanismo muitas vezes inviabiliza a produção de mudas de algumas espécies para utilização em programas de recuperação ambiental ou mesmo para a utilização racional de algumas espécies com potencial econômico.

Dessa forma, vários estudos utilizando técnicas baseadas na análise de DNA têm ajudado os pesquisadores a entender os mecanismos fisiológicos relacionados ao desenvolvimento, germinação e dormência de espécies florestais do Cerrado, permitindo dessa forma, que um número maior de espécies seja utilizado nos projetos de reflorestamento para a recomposição da flora.

A análise da estrutura genética populacional também pode ser realizada através de técnicas moleculares, e atualmente tem passado por grandes avanços tecnológicos.

Tecnologias que podem auxiliar a conservação do Cerrado

Se por um lado a biotecnologia pode ter uma conotação negativa para alguns grupos da sociedade – nesse caso, quando associada aos organismos geneticamente modificados (transgênicos) –, por outro, pode ser uma ferramenta de fundamental importância para a conservação dos recursos naturais.

Desde a descoberta do DNA, o desenvolvimento de técnicas de análise molecular tem passado por grandes avanços. Nos últimos três anos, foram desenvolvidos métodos rápidos e baratos para o sequenciamento de DNA, permitindo o sequenciamento de moléculas de qualquer espécie em um curto período de tempo. Enquanto o uso dessas tecnologias ficava restrito a estudos na área de saúde humana ou em espécies vegetais modelo, geralmente espécies com um genoma pequeno, agora o avanço no desenvolvimento dessas tecnologias permite o uso dessas ferramentas em qualquer espécie nativa.

A importância desses avanços, além da maior acessibilidade pela redução dos custos das análises, reside na possibilidade do desenvolvimento de marcadores para diversos processos fisiológicos, na redução do tempo para obtenção de informações e, consequentemente, na possibilidade de acompanhar a dinâmica de populações de um maior número de espécies.

Entretanto, mesmo com o desenvolvimento dessas novas tecnologias, a manutenção das unidades de conservação já existentes e a recuperação de áreas degradadas, interligando grandes fragmentos, associado ao uso sustentável dos recursos naturais, ainda são a alternativa mais viável para a conservação, visto que não se conhece nem mesmo a totalidade da diversidade de nossos ecossistemas, e, dessa forma, os esforços ainda devem ser concentrados em manter intacto o pouco que nos restou.

Anderson Cleiton José é professor adjunto do curso de engenharia florestal da Universidade Federal do Tocantins, Campus Universitário de Gurupi. Contato: acjose@uft.edu.br.