segunda-feira, 11 de maio de 2009

Sugestões de leitura

"Infinitas Formas de Grande Beleza" - ("Endless forms most beautiful", 2006). De: Sean B. Carroll (EUA). Editora: Jorge Zahar Editor (www.zahar.com.br). Tradução: Diego Alfaro. 320 págs.

O biólogo Sean B. Carroll, do Instituto Howard Hughes de Medicina e professor de genética na Universidade de Wisconsin-Madison, investiga os princípios do desenvolvimento e da evolução e mostra como eles explicam o progresso, no tempo, das diferentes espécies e dos indivíduos de uma mesma espécie.

"A Tripla Hélice - Gene, Organismo e Ambiente" ("The Triple Helix: Gene, Organism, and Environment", 2002). De: Richard Lewontin (EUA). Editora: Cia. das Letras (www.companhiadasletras.com.br). Tradução: José Viegas Filho. 144 págs.

Quatro ensaios nos quais o pesquisador do Museu de Zoologia Comparada da Universidade de Harvard põe em xeque visões consagradas sobre a genética, relativiza a importância das descobertas do Projeto Genoma, desmonta artifícios retóricos de legitimação da ciência e propõe uma diferenciação inovadora entre doença e normalidade.

"Evolução - A Adaptação e a Sobrevivência dos Seres Vivos no Planeta" ("Essencial Science: Evolution", 2002). De: David Burnie (EUA). Editora: Publifolha (www.publifolha.com.br). Tradução: Elvira Serapicos. 72 págs.

David Burnie apresenta os fatores que levam animais e plantas a evoluir e explica como se dão as adaptações que tornam a vida possível nos ambientes hostis. Evolução é indispensável para compreender como o ser humano e os outros seres vivos sobreviveram até o mundo atual.

"A Caixa Preta de Darwin - O Desafio da Bioquímica à Teoria da Evolução" ("Darwin's Black Box: The Biochemical Challenge to Evolution", 1996). De: Michael Behe (EUA). Editora: Jorge Zahar Editor (www.zahar.com.br). Tradução: Ruy Jungmann. 304 págs.

A teoria da evolução de Darwin é em geral aceita pelos cientistas. Contudo, desde que Watson e Crick abriram o campo da bioquímica, a ciência vem vivendo um clima de frustração, tentando conciliar as descobertas espantosas deste campo moderno com uma teoria do século 20 que não pode explicá-las. O título aponta para o tempo de os cientistas se permitirem examinar novas e extraordinárias possibilidades, e de ficarmos de sobreaviso com o que vão descobrir.

Nascimento do inimigo nº 1 dos criacionistas completa 200 anos



Há exatos 200 anos, no dia 12 de fevereiro de 1809, nascia em Shrewsbury, no Condado de Shropshire (Inglaterra), o homem que iria revolucionar o estudo da ciência: Charles Robert Darwin. O trabalho dele, com a teoria da evolução das espécies por meio da seleção natural, não só lançou as bases da biologia moderna mas também influenciou outras áreas do conhecimento, como a antropologia, psicologia, política e economia.

A teoria da evolução proposta por Darwin no livro "A Origem das Espécies" chega aos 150 anos praticamente imbatível na comunidade científica --recebidas com receio no início, as propostas do inglês ganharam força no século 20 com as descobertas sobre a transmissão hereditária de características dos seres, por meio dos genes.
Ainda existe uma forte oposição dos criacionistas, que defendem que a Terra foi criada por Deus em seis dias, mas há poucos argumentos científicos para essa ideia, presente no livro de Gênesis, na Bíblia. (Fonte: Folha de São Paulo, 12/05/2009)

"Darwin criou uma nova fronteira na ciência, ao determinar que as questões naturais precisam ser compreendidas por meio de processos da natureza. Isso faz uma diferença enorme, dissocia a ciência do pensamento religioso. Antes as perguntas terminavam em respostas sobrenaturais", afirma Maria Isabel Landim, professora do Museu de Zoologia da USP (Universidade de São Paulo).

Adaptar para sobreviver

Venceu a proposta segundo a qual todos os organismos da Terra, de uma bactéria ao homem, descendem de um antepassado comum --a relação mais usada é feita entre humanos e macacos, que também tiveram a mesma origem, mas vale para qualquer organismo, segundo a teoria de Darwin.

Ele identificou evidências desse parentesco, por exemplo, por meio das semelhanças anatômicas existentes entre diversas espécies. Um exemplo disso são os ossos de membros anteriores de animais como baleias, morcegos, chimpanzés e o homem. Apesar de terem formas diferentes e serem usados para funções diferentes, como pegar objetos, subir em árvores ou sustentar nadadeiras, esses ossos apresentam fortes semelhanças de estrutura, o que indica uma ascendência em comum.

A existência de evolução entre as espécies já havia sido proposta antes, mas o "pulo do gato" de Darwin foi a formulação da teoria da seleção natural. Segundo essa linha, as variações entre os indivíduos de uma população surgem ao acaso: mais tarde, os estudos de genética fortaleceram essa ideia, com a descoberta da existência de recombinações e mutações gênicas, que se disseminam por meio da reprodução.

O pesquisador postulou, então, que os indivíduos com características que favoreçam sua existência em cada ambiente tendem a deixar mais descendentes, o que ajuda em sua perpetuação. Os menos preparados tendem a diminuir em número e, possivelmente, desaparecer.

Coleta
Um dos diferenciais do trabalho de Darwin foi seu intenso trabalho de campo, com observações e coleta de amostras de animais e plantas. Para isso, foi determinante a viagem que ele fez ainda jovem, aos 22 anos, a bordo do navio HMS Beagle.

Entre 1831 e 1836, Darwin pesquisou regiões da África, América do Sul e Oceania, percebendo as diferenças existentes nas características de fauna, flora e geologia de cada uma. As análises dessas amostras serviram de base para o desenvolvimento dos conceitos de evolução e seleção natural. Darwin classificava a viagem como "o evento mais importante de sua vida".

Entretanto, se passaram mais de 20 anos até que "Origem das Espécies" fosse publicado, em 1859. Os cerca de 1.250 exemplares da obra se esgotaram no dia do lançamento, e as ideias do pesquisador geraram forte polêmica na época, principalmente na Igreja Anglicana --a Igreja Católica afirma que nunca condenou Darwin e diz que suas obras não foram incluídas em seu Index Librorum Prohibitorum (Índice de Livros Proibidos).


Origem no macaco


No ano seguinte, durante um debate na Universidade Oxford, o bispo Samuel Wilberforce perguntou ao biólogo T. H. Huxley se ele era descendente de macacos por parte dos avós paternos ou maternos. Huxley foi um dos grandes defensores da teoria e se denominava o "bulldog" de Darwin.

O próprio pesquisador nunca se envolveu muito na polêmica: preferiu que seus apoiadores o representassem na "briga". "Ele era uma pessoa muito reservada, não era polemista e recusou vários convites para debater suas ideias", afirma Nélio Bizzo, professor da Faculdade de Educação da USP.

De acordo com Bizzo, Darwin "prezava pelas críticas" e as respondia de maneira muito "polida e respeitosa". Ele chegou a alterar trechos de "Origem das Espécies", em edições posteriores, em razão de apontamentos feitos por outros cientistas.

Para Maria Isabel Landim, do museu de zoologia, a teoria da evolução proposta por Darwin chega aos 150 anos em clima de unanimidade na comunidade científica. "O que existe são outras contribuições para entender o processo evolutivo, e não uma contestação clara a ele. A grande batalha é a questão do criacionismo versus evolucionismo. Essa questão é incontestável." (Fonte: Folha de São Paulo, 12/02/2009)

Frase de Charles Darwin (naturalista inglês)




"A impossibilidade de concebermos o universo tão grande e maravilhoso, como realmente o é, me parece o argumento principal para a existência de Deus."
(sobre a existência de Deus, em resposta à carta do topógrafo holandês Nicolaas Dirk Doedes, 2 de abril de 1873)

Doença de Chagas

Cientistas criam milho modificado com três genes

SÃO PAULO - Cientistas espanhóis desenvolveram um milho transgênico com níveis elevados de três nutrientes: betacaroteno (precursor da vitamina A), folato (vitamina B) e ascorbato (vitamina C). O genoma da planta foi modificado com três genes, uma para a síntese de cada molécula. O experimento foi feito com o milho branco, principal variedade consumida na África subsaariana, e os cientistas propõem que ela seja usada para reduzir a desnutrição no continente. Não é a primeira vez que pesquisadores inventam um transgênico "fortificado".

O produto mais famoso nessa linha é o chamado "arroz dourado", que contém níveis elevados de betacaroteno. Outros exemplos incluem alface com alto teor de ferro e tomates com mais licopeno. Nenhum deles, porém, obteve sucesso comercial até agora. Todos os transgênicos disponíveis no mercado são plantas modificadas com características de produção, como resistência a herbicidas e insetos. O trabalho está publicado na edição desta semana da revista PNAS, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.

O artigo descreve apenas a transformação genética da planta. Ainda não foram feitos estudos para comprovar a segurança do milho e se as vitaminas são absorvidas e metabolizadas normalmente pelo organismo. Do ponto de vista técnico, a obtenção de uma planta modificada com três genes é uma façanha, segundo o geneticista Ernesto Paterniani, professor aposentado da Escola Superior Agrícola Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo. "Certamente é algo que pode trazer um benefício muito grande para a nutrição humana e animal", avalia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.