quinta-feira, 22 de julho de 2010
Destino do lixo e risco de colapso geram polêmica na Argentina
Buenos Aires não sabe mais o que fazer com seu lixo, ou pelo menos é isso que se tem discutido sobre o destino dos resíduos gerados na capital argentina, cujos lixões podem entrar em colapso nos próximos dois anos devido ao crescente aumento de materiais descartados.
Os números da empresa que administra o lixo da capital argentina (Ceamse) revelam que a produção de resíduos da cidade cresceu significativamente nos últimos cinco anos: de 1,4 milhão de toneladas produzidas em 2005 passou-se a 1,8 milhão em 2009, um aumento de 28,5%.
Como disse à Agência Efe María Eugenia Testa, diretora do Greenpeace na Argentina, o aumento, aliado à “falta de vontade política”, pode pôr em colapso em “dois ou três anos” o já abarrotado Norte III, aterro sanitário que recebe o lixo da cidade.
“É verdade que com sua capacidade atual, o aterro Norte III deve acumular sua capacidade máxima em dois ou três anos”, confirmou Alfredo Vega, porta-voz do Ceamse, sobre o principal lixão da cidade.
Cerca de 80% dos resíduos produzidos pela área metropolitana portenha – de aproximadamente 400 quilômetros quadrados e 11 milhões de habitantes – são jogados no Norte III, enquanto os 20% restantes são distribuídos entre nos aterros de González Catán e Enseada, ameaçados de fechamento por uma ordem judicial.
Os governos da cidade e da província de Buenos Aires chegaram a fechar um acordo, em 2008, para a criação de dois novos lixões que substituiriam os aterros sanitários atuais, mas até agora o projeto ainda não foi concretizado.
Segundo o Greenpeace, a vizinhança fez oposição ao plano, freando a implantação do projeto, principalmente depois das denúncias de contaminação da água nas casas situadas nos arredores dos depósitos.
Outra tentativa de solucionar o problema surgiu quando a Prefeitura promulgou uma lei, em janeiro de 2006, conhecida como Lixo Zero, que estabelecia metas de redução de 30% dos resíduos até 2010, na comparação com os índices de 2004.
“Ninguém está fazendo nada do que estipula a lei. É uma meta inalcançável”, declarou María Eugenia, lembrando dos resultados apresentados pela Ceamse.
Por outro lado, o departamento do Meio Ambiente da cidade considera que a lei está sendo cumprida, e que lembra que está sendo feita uma nova licitação para promover uma “gestão integral” dos serviços de coleta de resíduos.
“Há uma clara falta de vontade política, mas também de conscientização cidadã”, lamentou a representante do Greenpeace, acrescentando que a situação da cidade é “precária” e que os resíduos, principalmente os domiciliares, cresceram nos últimos anos.
Ela também comenta sobre os baixos índices de reciclagem na capital argentina, motivados pelo “pouco fomento público” e por entraves burocráticos. Recentemente, como exemplificou, a Prefeitura protagonizou um caso polêmico por não saber onde enterrar 10 toneladas de pilhas.
Ainda assim, a pouca reciclagem que se faz na cidade é feita pelas cooperativas de catadores de lixos, que reciclam e vendem os resíduos sólidos inorgânicos.
“Essas cooperativas representam um avanço de uma mudança cultural necessária para superar o enterro danoso de resíduos”, diz Marcelo Arbit, representante da Central de Movimentos Populares, entidade que agrupa 70 cooperativas de reciclagem de resíduos.
(FONTE: CLIPPING, jul/2010)
Catadores defendem criação de política para coleta seletiva de lixo
A criação de uma política que defina a coleta seletiva de lixo como uma obrigação nas cidades é uma das principais reivindicações dos catadores de lixo do país. A proposta também está entre as prioridades do Congresso Estadual de Catadores de Materiais Recicláveis, que começa nesta quinta-feira (22), no Rio de Janeiro. A partir das 8h, os catadores farão uma marcha pelo centro da cidade para marcar o início do encontro.
“A coleta seletiva não é uma política pública, como deveria ser, com orçamento e tudo direitinho para que fosse implantada de fato e ter os catadores como agentes dessa coleta seletiva, sendo remunerados por isso. A seleção do lixo hoje é de boa vontade por causa de algumas poucas pessoas”, explicou Alexandre Gordin, um dos coordenadores do Movimento Nacional de Catadores, no Rio.
Segundo o representante do movimento, muitas vezes os moradores fazem a separação dos resíduos em casa, mas a falta de infraestrutura para o recolhimento de forma seletiva faz com que todo o trabalho seja em vão. A expectativa é que, durante o encontro, que termina no próximo domingo (25), a categoria consiga mobilizar mais investimentos para coleta específica e treinamento dos trabalhadores.
O Brasil tem hoje quase 1,5 milhão de catadores de lixo. O estado do Rio tem cerca de 1.900 profissionais cadastrados em 38 diferentes pontos e os lixões costumam ser a principal fonte de renda desses trabalhadores. Segundo a Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, por exemplo, cada um dos seus trabalhadores ganha uma média de R$ 50 por dia.
(Fonte: Carolina Gonçalves/ Agência Brasil, jul/2010)
“A coleta seletiva não é uma política pública, como deveria ser, com orçamento e tudo direitinho para que fosse implantada de fato e ter os catadores como agentes dessa coleta seletiva, sendo remunerados por isso. A seleção do lixo hoje é de boa vontade por causa de algumas poucas pessoas”, explicou Alexandre Gordin, um dos coordenadores do Movimento Nacional de Catadores, no Rio.
Segundo o representante do movimento, muitas vezes os moradores fazem a separação dos resíduos em casa, mas a falta de infraestrutura para o recolhimento de forma seletiva faz com que todo o trabalho seja em vão. A expectativa é que, durante o encontro, que termina no próximo domingo (25), a categoria consiga mobilizar mais investimentos para coleta específica e treinamento dos trabalhadores.
O Brasil tem hoje quase 1,5 milhão de catadores de lixo. O estado do Rio tem cerca de 1.900 profissionais cadastrados em 38 diferentes pontos e os lixões costumam ser a principal fonte de renda desses trabalhadores. Segundo a Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, por exemplo, cada um dos seus trabalhadores ganha uma média de R$ 50 por dia.
(Fonte: Carolina Gonçalves/ Agência Brasil, jul/2010)
Resolução do Conama será piloto para reciclagem de embalagens
Até o final deste ano deverá estar pronta a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente que trata do gerenciamento das embalagens usadas de óleos lubrificantes de veículos. O modelo que definirá normas e metas para a reutilização desses produtos servirá para a ordenação de todos os outros tipos de embalagens.
“Neste momento em que aguardamos a sanção da Política Nacional de Resíduos Sólidos, neste ano em que o Conama completa sua centésima reunião ordinária e neste momento em que o Brasil apresenta índice de crescimento semelhante à China, essa resolução que está em debate é muito representativa. Desenvolvimento significa riqueza, inclusão social, mas também significa lixo”, afirma o diretor do Conama, Nilo Diniz. Ele comenta que a indústria está cada dia mais responsável pelo destino de seus produtos e que isso se evidencia na capacidade técnica de seus representantes no Conselho Nacional do Meio Ambiente.
O Grupo de Trabalho – constituído pelo MMA, indústria, organizações governamentais e não governamentais, estados, municípios e empresas de reciclagem – reuniu-se nesta terça-feira (20) para formular a minuta que será submetida à apreciação da Câmara Técnica de Saúde, Saneamento Ambiental e Gestão de Resíduos e pela Câmara Técnica de Assuntos Jurídicos, e em seguida ao plenário do Conama. “Pela manhã, foi analisado o texto da Política Nacional de Resíduos Sólidos que será sancionada pelo presidente da República. E à tarde, o GT se dedicou ao debate da minuta”, informa o assessor técnico Adriano Gerin, do Ministério do Meio Ambiente. A preocupação dos participantes é checar a adequação do trabalho já realizado à nova política que deverá estar no Palácio do Planalto no início de agosto.
A avaliação poderá esticar um pouco o prazo previsto pelo Conama para bater o martelo a respeito da resolução. Mas os participantes acreditam que isso ainda possa acontecer neste ano. O interesse é amplo. “Esse é um novo mercado. Tem interesses econômicos, de preservação ambiental e de gerenciamento desses resíduos, que no Brasil não tem controle. E essa resolução vai servir de modelo para outras embalagens”, afirma o coordenador do GT, Ricardo Lopes Garcia, especialista em Resíduos Sólidos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
O representante da Fiesp diz que a expectativa da indústria é que se atinja o máximo de reciclagem. O percentual de reaproveitamento, segundo ele, vai depender da resolução que está em discussão, pois “vai obrigar a todos os entes da cadeia produtiva a trabalharem em conjunto, fazendo um acordo para gerenciar esse material”. Ele comenta que o trabalho até agora realizado pelo GT “está totalmente adequado” à PNRS, até porque a sua aprovação já estava prevista.
Entre os grandes interessados na resolução, presente na reunião do Conama, estava o responsável pelas Relações Institucionais da Associação Brasileira da Indústria do Plástico, Gilmar do Amaral. Ele afirma que a logística reversa representa uma verdade para a indústria: “Isso é dinheiro. As embalagens são matéria-prima rica.” Ele explica que o plástico das embalagens de lubrificantes pode ser usado para fabricar novas embalagens ou para a fabricação de artigos como baldes e cestos de lixo. “O quanto vamos reciclar depende das metas a serem definidas.” O aproveitamento deverá ser gradual, de acordo com a evolução da organização das empresas, governos e sociedade em geral.
(Fonte: Cristina Ávila/ MMA, jul/2010)
“Neste momento em que aguardamos a sanção da Política Nacional de Resíduos Sólidos, neste ano em que o Conama completa sua centésima reunião ordinária e neste momento em que o Brasil apresenta índice de crescimento semelhante à China, essa resolução que está em debate é muito representativa. Desenvolvimento significa riqueza, inclusão social, mas também significa lixo”, afirma o diretor do Conama, Nilo Diniz. Ele comenta que a indústria está cada dia mais responsável pelo destino de seus produtos e que isso se evidencia na capacidade técnica de seus representantes no Conselho Nacional do Meio Ambiente.
O Grupo de Trabalho – constituído pelo MMA, indústria, organizações governamentais e não governamentais, estados, municípios e empresas de reciclagem – reuniu-se nesta terça-feira (20) para formular a minuta que será submetida à apreciação da Câmara Técnica de Saúde, Saneamento Ambiental e Gestão de Resíduos e pela Câmara Técnica de Assuntos Jurídicos, e em seguida ao plenário do Conama. “Pela manhã, foi analisado o texto da Política Nacional de Resíduos Sólidos que será sancionada pelo presidente da República. E à tarde, o GT se dedicou ao debate da minuta”, informa o assessor técnico Adriano Gerin, do Ministério do Meio Ambiente. A preocupação dos participantes é checar a adequação do trabalho já realizado à nova política que deverá estar no Palácio do Planalto no início de agosto.
A avaliação poderá esticar um pouco o prazo previsto pelo Conama para bater o martelo a respeito da resolução. Mas os participantes acreditam que isso ainda possa acontecer neste ano. O interesse é amplo. “Esse é um novo mercado. Tem interesses econômicos, de preservação ambiental e de gerenciamento desses resíduos, que no Brasil não tem controle. E essa resolução vai servir de modelo para outras embalagens”, afirma o coordenador do GT, Ricardo Lopes Garcia, especialista em Resíduos Sólidos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
O representante da Fiesp diz que a expectativa da indústria é que se atinja o máximo de reciclagem. O percentual de reaproveitamento, segundo ele, vai depender da resolução que está em discussão, pois “vai obrigar a todos os entes da cadeia produtiva a trabalharem em conjunto, fazendo um acordo para gerenciar esse material”. Ele comenta que o trabalho até agora realizado pelo GT “está totalmente adequado” à PNRS, até porque a sua aprovação já estava prevista.
Entre os grandes interessados na resolução, presente na reunião do Conama, estava o responsável pelas Relações Institucionais da Associação Brasileira da Indústria do Plástico, Gilmar do Amaral. Ele afirma que a logística reversa representa uma verdade para a indústria: “Isso é dinheiro. As embalagens são matéria-prima rica.” Ele explica que o plástico das embalagens de lubrificantes pode ser usado para fabricar novas embalagens ou para a fabricação de artigos como baldes e cestos de lixo. “O quanto vamos reciclar depende das metas a serem definidas.” O aproveitamento deverá ser gradual, de acordo com a evolução da organização das empresas, governos e sociedade em geral.
(Fonte: Cristina Ávila/ MMA, jul/2010)
Mosquito fora d’água
Um líquido atóxico projetado para ser aplicado em massas de água elimina algas e ainda mata várias espécies de mosquitos. Trata-se de um surfactante (ou tensoativo) que funciona ao mudar as características da superfície da água.
O produto foi desenvolvido pelo engenheiro químico Marcos Gugliotti por meio do Programa Fapesp Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) e foi testado em laboratórios da Universidade de São Paulo (USP) e da Superintendência de Controle de Endemias do Estado de São Paulo (Sucen).
Ao ser aspergido, o produto forma uma película na superfície da água reduzindo a tensão superficial do líquido. “É essa tensão que impede que os mosquitos afundem enquanto botam ovos na água. Sem ela, asas e patas ficam encharcadas e o inseto acaba afundando”, disse Gugliotti à Agência Fapesp.
Segundo ele, ao mudar as características da superfície da água a ação do mosquitocida é totalmente mecânica, uma vez que não conta com substâncias tóxicas.
“Se uma pessoa ou um animal beber água com a película, o produto não causará mal algum à saúde. Além disso, ele é inerte, ou seja, não reage com outras substâncias”, garantiu o pesquisador, que atualmente faz pós-doutorado no Instituto de Física do campus de São Carlos da USP.
O tensoativo também se mostrou um eficiente algicida. Por alterar as características físicas da superfície da água, o filme prejudica a flutuabilidade das algas que acabam afundando e morrendo. “Como o produto não rompe a membrana celular das algas, elas não derramam toxinas na água, como ocorre com alguns algicidas que destroem essas membranas”, afirmou. Os testes com as algas foram feitos no laboratório de São Carlos do Instituto Internacional de Ecologia (IIE).
O filme mosquitocita e algicida é biodegradável e se decompõe em um período de 48 horas, em média. Por isso, após esse tempo precisa ser renovado. Sua eficiência pôde ser verificada em lagos, reservatórios de água parada e em rios com fluxos lentos e laminares.
Para testar o surfactante, Gugliotti contou com o Laboratório de Mosquitos Geneticamente Modificados do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP. Em 24 horas, o produto eliminou 94% das pupas macho e 86% das pupas fêmea da espécie Culex quinquefaciatus, o principal vetor da filariose ou elefantíase.
“Contra o Anopheles aquasalis, espécie comum em várias regiões do Brasil e que transmite a malária, a película se mostrou ainda mais eficaz. Em apenas duas horas o produto eliminou completamente as larvas e as pupas da espécie”, disse.
Em outro teste, realizado no Núcleo de Avaliação e Pesquisa do Serviço Regional de Marília (SP) da Sucen, o filme eliminou 98% das pupas do mosquito transmissor da dengue Aedes aegypti.
De acordo com Gugliotti, em testes toxicológicos o produto se mostrou inofensivo a peixes, crustáceos e moluscos. Aves aquáticas, como patos e gansos, também não foram afetados e conseguiram nadar normalmente sobre a película.
O cientista prevê que o filme poderá afetar de maneira colateral outras espécies de insetos que também botam ovos sobre a água. No entanto, esse efeito pode ser minimizado ao se restringir a aplicação em águas infestadas por insetos vetores de doenças.
O produto pode ser encontrado também na forma de pó. Um quilo do produto é suficiente para cobrir uma superfície de 10 mil metros quadrados. A mesma área pode ser preenchida com a aspersão de um litro do surfactante em sua versão líquida. Gugliotti procura agora parceiros interessados na produção e na comercialização da película. A estimativa é que o produto seja comercializado a R$ 22 o quilo.
Inspiração – O mosquitocida-algicida foi inspirado em outra película desenvolvida em 2005 em outro projeto apoiado pelo PIPE-Fapesp. O objetivo da época era reduzir as perdas de água por evaporação em reservatórios. Gugliotti obteve um produto que reduz em até 50% a taxa de evaporação de uma massa de água.
O pesquisador chegou a testar o antievaporante no espelho d’água do Congresso Nacional, em Brasília (DF), e recebeu destaque em reportagens na Agência Fapesp e na revista Pesquisa Fapesp.
“Em diversos testes feitos em tanques com o antievaporante, percebemos que havia inúmeros mosquitos mortos na água após a aplicação do produto”, contou Gugliotti, que realizou adaptações no antievaporante a fim de aumentar a eficiência do novo surfactante contra os insetos.
A função algicida também foi descoberta por acaso. O pesquisador estava visitando a unidade Semiárido da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), na cidade de Petrolina (PE), quando decidiu testar a película antievaporante em um tanque de pisicultura desativado. A água que estava verde ficou límpida em um intervalo de 24 horas.
O mesmo projeto rendeu ainda um terceiro produto, um redutor de manchas de óleo que pode ser aplicado em vazamentos de navios petroleiros ou de dutos.
A ideia do redutor de óleo surgiu quando o pesquisador observou que, ao ser aspergido, o antievaporante acabava aglutinando a sujeira superficial da água. A partir daí, Gugliotti adaptou a composição do produto a fim de direcioná-lo à contenção de óleo nas águas.
O antievaporante e o redutor de óleo já contam com pedidos de depósito de patente e o pesquisador espera entrar em breve com um novo pedido para o mosquitocida-algicida.
(Fonte: Fabio Reynol/ Agência Fapesp, jul/2010)
O produto foi desenvolvido pelo engenheiro químico Marcos Gugliotti por meio do Programa Fapesp Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) e foi testado em laboratórios da Universidade de São Paulo (USP) e da Superintendência de Controle de Endemias do Estado de São Paulo (Sucen).
Ao ser aspergido, o produto forma uma película na superfície da água reduzindo a tensão superficial do líquido. “É essa tensão que impede que os mosquitos afundem enquanto botam ovos na água. Sem ela, asas e patas ficam encharcadas e o inseto acaba afundando”, disse Gugliotti à Agência Fapesp.
Segundo ele, ao mudar as características da superfície da água a ação do mosquitocida é totalmente mecânica, uma vez que não conta com substâncias tóxicas.
“Se uma pessoa ou um animal beber água com a película, o produto não causará mal algum à saúde. Além disso, ele é inerte, ou seja, não reage com outras substâncias”, garantiu o pesquisador, que atualmente faz pós-doutorado no Instituto de Física do campus de São Carlos da USP.
O tensoativo também se mostrou um eficiente algicida. Por alterar as características físicas da superfície da água, o filme prejudica a flutuabilidade das algas que acabam afundando e morrendo. “Como o produto não rompe a membrana celular das algas, elas não derramam toxinas na água, como ocorre com alguns algicidas que destroem essas membranas”, afirmou. Os testes com as algas foram feitos no laboratório de São Carlos do Instituto Internacional de Ecologia (IIE).
O filme mosquitocita e algicida é biodegradável e se decompõe em um período de 48 horas, em média. Por isso, após esse tempo precisa ser renovado. Sua eficiência pôde ser verificada em lagos, reservatórios de água parada e em rios com fluxos lentos e laminares.
Para testar o surfactante, Gugliotti contou com o Laboratório de Mosquitos Geneticamente Modificados do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP. Em 24 horas, o produto eliminou 94% das pupas macho e 86% das pupas fêmea da espécie Culex quinquefaciatus, o principal vetor da filariose ou elefantíase.
“Contra o Anopheles aquasalis, espécie comum em várias regiões do Brasil e que transmite a malária, a película se mostrou ainda mais eficaz. Em apenas duas horas o produto eliminou completamente as larvas e as pupas da espécie”, disse.
Em outro teste, realizado no Núcleo de Avaliação e Pesquisa do Serviço Regional de Marília (SP) da Sucen, o filme eliminou 98% das pupas do mosquito transmissor da dengue Aedes aegypti.
De acordo com Gugliotti, em testes toxicológicos o produto se mostrou inofensivo a peixes, crustáceos e moluscos. Aves aquáticas, como patos e gansos, também não foram afetados e conseguiram nadar normalmente sobre a película.
O cientista prevê que o filme poderá afetar de maneira colateral outras espécies de insetos que também botam ovos sobre a água. No entanto, esse efeito pode ser minimizado ao se restringir a aplicação em águas infestadas por insetos vetores de doenças.
O produto pode ser encontrado também na forma de pó. Um quilo do produto é suficiente para cobrir uma superfície de 10 mil metros quadrados. A mesma área pode ser preenchida com a aspersão de um litro do surfactante em sua versão líquida. Gugliotti procura agora parceiros interessados na produção e na comercialização da película. A estimativa é que o produto seja comercializado a R$ 22 o quilo.
Inspiração – O mosquitocida-algicida foi inspirado em outra película desenvolvida em 2005 em outro projeto apoiado pelo PIPE-Fapesp. O objetivo da época era reduzir as perdas de água por evaporação em reservatórios. Gugliotti obteve um produto que reduz em até 50% a taxa de evaporação de uma massa de água.
O pesquisador chegou a testar o antievaporante no espelho d’água do Congresso Nacional, em Brasília (DF), e recebeu destaque em reportagens na Agência Fapesp e na revista Pesquisa Fapesp.
“Em diversos testes feitos em tanques com o antievaporante, percebemos que havia inúmeros mosquitos mortos na água após a aplicação do produto”, contou Gugliotti, que realizou adaptações no antievaporante a fim de aumentar a eficiência do novo surfactante contra os insetos.
A função algicida também foi descoberta por acaso. O pesquisador estava visitando a unidade Semiárido da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), na cidade de Petrolina (PE), quando decidiu testar a película antievaporante em um tanque de pisicultura desativado. A água que estava verde ficou límpida em um intervalo de 24 horas.
O mesmo projeto rendeu ainda um terceiro produto, um redutor de manchas de óleo que pode ser aplicado em vazamentos de navios petroleiros ou de dutos.
A ideia do redutor de óleo surgiu quando o pesquisador observou que, ao ser aspergido, o antievaporante acabava aglutinando a sujeira superficial da água. A partir daí, Gugliotti adaptou a composição do produto a fim de direcioná-lo à contenção de óleo nas águas.
O antievaporante e o redutor de óleo já contam com pedidos de depósito de patente e o pesquisador espera entrar em breve com um novo pedido para o mosquitocida-algicida.
(Fonte: Fabio Reynol/ Agência Fapesp, jul/2010)
quarta-feira, 21 de julho de 2010
USP vai criar laboratório para produzir dente vivo usando células-tronco
A fada do dente, famosa por recolher os dentes de leite debaixo do travesseiro das crianças, pode estar com os dias contados no imaginário infantil. Cientistas brasileiros e britânicos querem usar a polpa desses dentes para remendar a dentição danificada ou até recriá-la.
Estão apostando na ideia a USP e a instituição britânica King's College. A universidade paulista deve criar, em 2011, um laboratório de células-tronco dentárias na sua Faculdade de Odontologia.
A obra custará em torno de R$ 200 mil e deve ficar pronta em meados de 2011. Parte dos equipamentos será financiada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
O laboratório deve abrigar, no futuro, um banco de células-tronco dentárias. Será o primeiro do Brasil e fornecerá células que poderão ser usadas por profissionais de saúde e por pesquisadores.
ÉTICA
A primeira vantagem de usar células-tronco de dente de leite para pesquisa é o acesso fácil. Humanos têm 20 dentes de leite na infância, os quais caem naturalmente. Também não há, em relação a elas, os grandes debates éticos que cercam as versáteis, embora polêmicas, células-tronco embrionárias.
"Além disso, as células dos dentes de leite parecem crescer mais rápido que as de dentes permanentes e podem se diferenciar [se especializar] em células formadoras de dentes, neurônios, de gordura e até de outros tecidos do corpo", conta Andrea Mantesso, dentista da USP e do King's College que coordena o projeto.
A instalação servirá também para treinar pesquisadores no cultivo, preservação e caracterização de células-tronco dentárias.
Mantesso já está envolvida com formação de cientistas nessa área na USP e no King's College, de Londres. As instituições hoje realizam cinco projetos em células-tronco dentárias em parceria.
"No próximo ano, começaremos a enviar alunos da USP para Londres. Nossa intenção é estreitar laços", diz.
Os trabalhos realizados em conjunto vão desde transplante de tecido embrionário que dá origem à mandíbula no rim de camundongos até o estudo de genes relacionados a células-tronco dentais.
PARA QUANDO?
Para a especialista, ainda é cedo para se falar em prazo, mas há quem acredite que em 15 anos a técnica já estará disponível. "A pesquisa nessa área está se disseminando, e um maior numero de pesquisadores envolvidos pode trazer respostas mais rápidas", conclui.
(Fonte: RIGHETTI, S. FOlha de São Paulo, jul/2010)
Veneno de lesma pode se tornar novo tratamento padrão para dor crônica
Veneno de lesma marinha pode se tornar o novo tratamento padrão para dor crônica, de acordo com um novo estudo.
Os tratamentos atuais para dor neuropática usam normalmente morfina, que é altamente viciante, e gabapentina. Ambos agem em receptores nervosos.
Veneno de lesma marinha já havia sido sugerido com uma possível alternativa porque é formado por uma mistura de peptídeos conhecidos como conotoxinas. Esses peptídeos bloqueiam a condução nervosa em presas da lesma, mas em mamíferos, eles agem como analgésicos eficazes.
A única droga derivada de conotoxina aprovada para uso em humanos é ziconotida. A droga, porém, é suscetível a quebra por enzimas na saliva e intestino. Sua administração ocorre por meio de uma bomba inserida cirurgicamente na parede abdominal, tornando o tratamento invasivo e caro.
Para resolver esse problema, David Craik e sua equipe da Universidade de Queensland, na Austrália, desenvolveram a primeira droga de conotoxina ativa por via oral.
Eles começaram a pesquisa com uma versão sintética de conotoxina. As enzinmas quebram a toxina normalmente pelas pontas da molécula. Para evitar esse problema, a equipe uniu as duas pontas da conotoxina, criando uma estrutura molecular circular. Essa nova versão da molécula mostrou-se resistente às enzimas.
Em seguida, a equipe de Craik testou a conotoxina em ratos com dor neuropática. Eles descobriram que uma única dose oral reduziu significativamente a dor usando um teste padrão - quanta pressão o rato poderia aguentar antes de retirar sua pata. A conotoxina foi considerada 100 vezes mais potente quando comparada com gabapentina.
A conotoxina é tão poderosa que doses bem pequenas já são suficientes para surtir efeito, reduzindo os riscos de efeitos colaterais, disse Craik. Sua equipe entrou com um pedido no FDA (órgão que fiscaliza alimentos e medicamentos nos EUA) para a realização de testes em humanos.
O estudo foi publicado no periódico "Angewandte Chemie".
(Fonte: NEW SCIENTIST , jul/2010)
Os tratamentos atuais para dor neuropática usam normalmente morfina, que é altamente viciante, e gabapentina. Ambos agem em receptores nervosos.
Veneno de lesma marinha já havia sido sugerido com uma possível alternativa porque é formado por uma mistura de peptídeos conhecidos como conotoxinas. Esses peptídeos bloqueiam a condução nervosa em presas da lesma, mas em mamíferos, eles agem como analgésicos eficazes.
A única droga derivada de conotoxina aprovada para uso em humanos é ziconotida. A droga, porém, é suscetível a quebra por enzimas na saliva e intestino. Sua administração ocorre por meio de uma bomba inserida cirurgicamente na parede abdominal, tornando o tratamento invasivo e caro.
Para resolver esse problema, David Craik e sua equipe da Universidade de Queensland, na Austrália, desenvolveram a primeira droga de conotoxina ativa por via oral.
Eles começaram a pesquisa com uma versão sintética de conotoxina. As enzinmas quebram a toxina normalmente pelas pontas da molécula. Para evitar esse problema, a equipe uniu as duas pontas da conotoxina, criando uma estrutura molecular circular. Essa nova versão da molécula mostrou-se resistente às enzimas.
Em seguida, a equipe de Craik testou a conotoxina em ratos com dor neuropática. Eles descobriram que uma única dose oral reduziu significativamente a dor usando um teste padrão - quanta pressão o rato poderia aguentar antes de retirar sua pata. A conotoxina foi considerada 100 vezes mais potente quando comparada com gabapentina.
A conotoxina é tão poderosa que doses bem pequenas já são suficientes para surtir efeito, reduzindo os riscos de efeitos colaterais, disse Craik. Sua equipe entrou com um pedido no FDA (órgão que fiscaliza alimentos e medicamentos nos EUA) para a realização de testes em humanos.
O estudo foi publicado no periódico "Angewandte Chemie".
(Fonte: NEW SCIENTIST , jul/2010)
Planta que neutraliza veneno da surucucu
Surucucu- Lachesis muta
Uma árvore de quatro a seis metros de altura pode ser a nova arma contra o veneno da surucucu, a maior serpente venenosa da América do Sul.
Uma pesquisa realizada na UFF (Universidade Federal Fluminense) constatou que um extrato feito a partir da Stryphnodendron barbatiman, popularmente chamada de barbatimão, barba-de-timão, casca da virgindade ou ubatima, é capaz de neutralizar os principais efeitos provocados pela picada da cobra.
A descoberta poderá levar ao desenvolvimento de um novo tratamento contra o veneno da surucucu, que provoca dor intensa, hipotensão, diminuição do ritmo cardíaco, diarreia e hemorragia.
A cobra está presente em todo o território nacional e, entre 2001 e 2004, respondeu por 2,3% dos ataques registrados no Brasil. Seu índice de letalidade, porém, é quase três vezes maior do que o das serpentes do gênero Bothrops, que respondem por 90% dos ataques no país --cerca de 1% das vítimas da surucucu morrem após serem picadas.
SORO ANTIOFÍDICO
Atualmente, o procedimento preconizado pelo Ministério da Saúde em casos de picada de cobras venenosas é a administração de soro antiofídico, produzido a partir de anticorpos produzidos por cavalos inoculados com o veneno.
O soro, porém, tem as desvantagens de ser caro, necessitar de estocagem em baixas temperaturas e provocar reações alérgicas graves em parte dos pacientes. Além disso, é ineficaz contra os efeitos locais das picadas, que muitas vezes deixam sequelas.
Em busca de alternativas de tratamento, o pesquisador Rafael Cisne de Paula pesquisou 12 espécies diferentes de plantas como parte do seu trabalho de mestrado em Neuroimunologia na UFF.
Dessas, apenas uma se mostrou totalmente ineficaz. O extrato produzido a partir da barbatimão, porém, foi o único que conseguiu inibir em mais de 80% os principais efeitos do veneno analisados, impedindo inclusive o desenvolvimento de hemorragias.
Não foi testada, porém, a eficácia da planta sobre a formação de edemas e outras consequências da picada.
Os testes foram realizados em camundongos e, por enquanto, ainda não se sabe qual o mecanismo de ação da planta. Estudos posteriores poderão identificar e isolar os componentes responsáveis pelos efeitos neutralizantes.
(Fonte:MENCHEN, D. Folha do Estado de São Paulo, jul/2010)
Fungo reduz em 40% diversidade de anfíbios em parque no Panamá
Rã Hylomantis lemur, que foi extinta do Parque Nacional El Copé, no Panamá, devido à uma
epidemia de fungo na região.
Trinta espécies de rãs desapareceram do Parque Nacional El Copé, no Panamá. Os animais morreram devido a uma epidemia causada pelo fungo Batrachochytrium dendrobatidis.
As rãs representavam 40% da biodiversidade de anfíbios da área. Muitas sobreviveram em regiões vizinhas, mas o fenômeno, descrito em artigo na revista científica "PNAS", mostra a fragilidade da biodiversidade da região.
Dentre as espécies que desapareceram do parque estão uma rã toda preta, que se esconde sob folha e às vezes se enterra, e uma rã que vive no alto de árvores e plana.
Fonte: NEW SCIENTIST, junl/2010)
Mudanças no Código Florestal baseiam-se em “desconhecimento entristecedor”
Texto de Aziz Ab’Saber
15-Jul-2010
Em face do gigantismo do território e da situação real em que se encontram os seus macrobiomas – Amazônia Brasileira, Brasil Tropical Atlântico, Cerrados do Brasil Central, Planalto das Araucárias e Pradarias Mistas do Brasil Subtropical – e de seus numerosos mini-biomas, faixas de transição e relictos de ecossistemas, qualquer tentativa de mudança no “Código Florestal” tem de ser conduzida por pessoas competentes e bioeticamente sensíveis.
Pressionar por uma liberação ampla dos processos de desmatamento significa desconhecer a progressividade de cenários bióticos, a diferentes espaços de tempo futuro. Favorecendo de modo simplório e ignorante os desejos patrimoniais de classes sociais que só pensam em seus interesses pessoais, no contexto de um país dotado de grandes desigualdades sociais.
Cidadãos de classe social privilegiada, que nada entendem de previsão de impactos. Não têm qualquer ética com a natureza. Não buscam encontrar modelos técnico-científicos adequados para a recuperação de áreas degradadas, seja na Amazônia, seja no Brasil Tropical Atlântico ou alhures. Pessoas para as quais exigir a adoção de atividades agrárias “ecologicamente auto-sustentadas” é uma mania de cientistas irrealistas.
Por muitas razões, se houvesse um movimento para aprimorar o atual Código Florestal, teria que envolver o sentido mais amplo de um Código de Biodiversidades, levando em conta o complexo mosaico vegetacional de nosso território. Remetemos essa idéia para Brasília e recebemos resposta de que era boa, mas complexa e inoportuna (…). Entrementes, agora outras personalidades trabalham por mudanças estapafúrdias e arrasadoras no chamado Código Florestal. Razão pela qual ousamos criticar aqueles que insistem em argumentos genéricos e perigosos para o futuro do país. Sendo necessário, mais do que nunca, evitar que gente de outras terras, sobretudo de países hegemônicos, venha a dizer que fica comprovado que o Brasil não tem competência para dirigir a Amazônia (…). Ou seja, os revisores do atual Código Florestal não teriam competência para dirigir o seu todo territorial do Brasil. Que tristeza, gente minha.
O primeiro grande erro dos que no momento lideram a revisão do Código Florestal brasileiro – a favor de classes sociais privilegiadas – diz respeito à chamada estadualização dos fatos ecológicos de seu território específico. Sem lembrar que as delicadíssimas questões referentes à progressividade do desmatamento exigem ações conjuntas dos órgãos federais específicos, em conjunto com órgãos estaduais similares, uma Polícia Federal rural e o Exército Brasileiro. Tudo conectado ainda com autoridades municipais, que têm muito a aprender com um Código novo que envolva todos os macrobiomas do país e os mini-biomas que os pontilham, com especial atenção para as faixas litorâneas, faixas de contato entre as áreas nucleares de cada domínio morfoclimático e fitogeográfico do território.
Para pessoas inteligentes, capazes de prever impactos, a diferentes tempos do futuro, fica claro que ao invés da “estadualização” é absolutamente necessário focar para o zoneamento físico e ecológico de todos os domínios de natureza do país. A saber, as duas principais faixas de Florestas Tropicais Brasileiras, a zona amazônica e a zona das matas atlânticas; o domínio dos cerrados, cerradões e campestres; a complexa região semi-árida dos sertões nordestinos; os planaltos de araucárias e as pradarias mistas do Rio Grande do Sul; além de nosso litoral e o Pantanal mato-grossense.
Seria preciso lembrar ao honrado relator Aldo Rabelo, que a meu ver é bastante neófito em matéria de questões ecológicas, espaciais e em futurologia – sendo que atualmente na Amazônia Brasileira predomina um verdadeiro exército paralelo de fazendeiros que em sua área de atuação têm mais força do que governadores e prefeitos. O que se viu em Marabá, com a passagem das tropas de fazendeiros, passando pela Avenida da Transamazônica, deveria ser conhecido pelos congressistas de Brasília e diferentes membros do Executivo. De cada uma das fazendas regionais passava um grupo de cinqüenta a sessenta camaradas, tendo a frente em cavalos nobres o dono da fazenda e sua esposa e filhos em cavalos lindos. E os grupos iam passando separados entre si, por alguns minutos. E, alguém a pé, como se fosse um comandante, controlava a passagem da cavalgada dos fazendeiros. Ninguém da boa e importante cidade de Marabá saiu para observar a coluna amedrontadora dos fazendeiros. Somente dois bicicletistas meninos deixaram as bicicletas na beira da calçada olhando silentes a passagem das tropas. Nenhum jornal do Pará, ou alhures, noticiou a ocorrência amedrontadora. Alguns de nós não pudemos atravessar a ponte para participar de um evento cultural.
Será certamente, apoiados por fatos como esse, que alguns proprietários de terras amazônicas deram sua mensagem, nos termos de que “a propriedade é minha e eu faço com ela o que eu quiser, como quiser e quando quiser”? Mas ninguém esclarece como conquistaram seus imensos espaços inicialmente florestados. Sendo que, alguns outros, vivendo em diferentes áreas do centro-sul brasileiro, quando perguntados sobre como enriqueceram tanto, esclarecem que foi com os “seus negócios na Amazônia” (…). Ou seja, através de loteamentos ilegais, venda de glebas para incautos em locais de difícil acesso, os quais ao fim de um certo tempo são libertados para madeireiros contumazes.
E o fato mais infeliz é que ninguém procura novos conhecimentos para reutilizar terras degradadas. Ou exigir dos governantes tecnologias adequadas para revitalizar os solos que perderam nutrientes e argilas, tornando-se dominados por areias finas (siltização).
Entre os muitos aspectos caóticos, derivados de alguns argumentos dos revisores do Código, destaca-se a frase que diz que se deve proteger a vegetação até sete metros e meio do rio. Uma redução de um fato que por si já estava muito errado, porém agora está reduzido genericamente a quase nada em relação aos grandes rios do país. Imagine-se que para o rio Amazonas a exigência protetora fosse apenas sete metros, enquanto para a grande maioria dos ribeirões e córregos também fosse aplicada a mesma exigência. Trata-se de desconhecimento entristecedor sobre a ordem de grandeza das redes hidrográficas do território intertropical brasileiro. Na linguagem amazônica tradicional, o próprio povo já reconheceu fatos referentes à tipologia dos rios regionais. Para eles, ali existem, em ordem crescente: igarapés, riozinhos, rios e parás. Uma última divisão lógica e pragmática, que é aceita por todos os que conhecem a realidade da rede fluvial amazônica.
Por desconhecer tais fatos os relatores da revisão aplicam o espaço de sete metros da beira de todos os cursos d’água fluviais sem mesmo ter ido lá para conhecer o fantástico mosaico de rios do território regional.
Mas o pior é que as novas exigências do Código Florestal proposto têm um caráter de liberação excessiva e abusiva. Fala-se em sete metros e meio das florestas beiradeiras (ripário-biomas) e depois em preservação da vegetação de eventuais e distantes cimeiras. Não podendo imaginar quanto espaço fica liberado para qualquer tipo de ocupação do espaço. Lamentável em termos de planejamento regional, de espaços rurais e silvestres. Lamentável em termos de generalizações forçadas por grupos de interesse (ruralistas). Já se poderia prever que um dia os interessados em terras amazônicas iriam pressionar de novo pela modificação do percentual a ser preservado em cada uma das propriedades de terras na Amazônia. O argumento simplista merece uma crítica decisiva e radical. Para eles, se em regiões do centro-sul brasileiro a taxa de proteção interna da vegetação florestal é de 20%, por que na Amazônia a lei exige 80%? Mas ninguém tem a coragem de analisar o que aconteceu nos espaços ecológicos de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais com o percentual de 20%. Nos planaltos interiores de São Paulo a somatória dos desmatamentos atingiu cenários de generalizada destruição.
Nessas importantes áreas, dominadas por florestas e redutos de cerrados e campestres, somente o tombamento integrado da Serra do Mar, envolvendo as matas atlânticas, os solos e as aguadas da notável escarpa foi capaz de resguardar os ecossistemas orográficos da acidentada região. O restante, nos “mares de morros”, colinas e várzeas do Médio Paraíba e do Planalto Paulistano, e pró-parte da Serra da Mantiqueira, sofreram uma destruição deplorável. É o que alguém no Brasil – falando de gente inteligente e bioética – não quer que se repita na Amazônia brasileira, em um espaço de 4.200.000 km².
Os relatores do Código Florestal falam que as áreas muito desmatadas e degradadas poderiam ficar sujeitas a “(re)florestamento” por espécies homogêneas pensando em eucalipto e pinus. Uma prova de sua grande ignorância, pois não sabem a menor diferença entre reflorestamento e florestamento. Esse último, pretendido por eles, é um fato exclusivamente de interesse econômico empresarial, que infelizmente não pretende preservar biodiversidades. Sendo que eles procuram desconhecer que para áreas muito degradadas foi feito um plano de (re)organização dos espaços remanescentes, sob o enfoque de revigorar a economia de pequenos e médios proprietários: o Projeto FLORAM. Os eucaliptólogos perdem sentido ético quando alugam espaços por trinta anos de incautos proprietários, preferindo áreas dotadas ainda de solos tropicais férteis, do tipo dos oxissolos, e evitando as áreas degradadas de morros pelados reduzidas a trilhas de pisoteio, hipsométricas, semelhantes ao protótipo existente no Planalto do Alto Paraíba, em São Paulo. Isso ao arrendar terras de bisonhos proprietários, para uso em 30 anos, e sabendo que os donos da terra podem morrer quando se completar o prazo. Fato que cria um grande problema judicial para os herdeiros, sendo que ao fim de uma negociação as empresas cortam todas as árvores de eucaliptos ou pinus, deixando miríades de troncos no chão do espaço terrestre. Um cenário que impede a posterior reutilização das terras para atividades agrárias. Tudo isso deveria ser conhecido por aqueles que defendem ferozmente um Código Florestal liberalizante.
Por todas as razões somos obrigados a criticar a persistente e repetitiva argumentação do deputado Aldo Rebelo, que conhecemos há muito tempo e de quem sempre esperávamos o melhor. No momento somos obrigados a lembrar a ele que cada um de nós tem de pensar na sua biografia e, sendo político, tem de honrar a história de seus partidos. Principalmente em relação aos partidos que se dizem de esquerda e jamais poderiam fazer projetos totalmente dirigidos para os interesses pessoais de latifundiários.
Insistimos que em qualquer revisão do Código Florestal vigente deve-se enfocar as diretrizes através das grandes regiões naturais do Brasil, sobretudo domínios de natureza muito diferentes entre si, tais como a Amazônia e suas extensíssimas florestas tropicais, e o Nordeste Seco, com seus diferentes tipos de caatingas. Trata-se de duas regiões opósitas em relação à fisionomia e à ecologia, assim como em face das suas condições sócio-ambientais. Ao tomar partido pelos grandes domínios administrados técnica e cientificamente por órgãos do Executivo federal, teríamos de conectar instituições específicas do governo brasileiro com instituições estaduais similares. Existem regiões como a Amazônia, que envolve conexões com nove estados do Norte brasileiro. Em relação ao Brasil Tropical Atlântico os órgãos do Governo Federal – IBAMA, IPHAN, FUNAI e INCRA – teriam que manter conexões com os diversos setores similares dos governos estaduais de norte a sul do Brasil. E assim por diante.
Enquanto o mundo inteiro repugna para a diminuição radical de emissão de CO2, o projeto de reforma proposto na Câmara Federal de revisão do Código Florestal defende um processo que significará uma onda de desmatamento e emissões incontroláveis de gás carbônico, fato observado por muitos críticos em diversos trabalhos e entrevistas.
Parece ser muito difícil para pessoas não iniciadas em cenários cartográficos perceber os efeitos de um desmatamento na Amazônia de até 80% das propriedades rurais silvestres. Em qualquer espaço do território amazônico que vêm sendo estabelecidas glebas com desmate de até 80% haverá um mosaico caótico de áreas desmatadas e faixas de inter-propriedades estreitas e mal preservadas. Nesse caso, as bordas dos restos de florestas, inter-glebas, ficarão à mercê de corte de árvores dotadas de madeiras nobres. E, além disso, a biodiversidade animal certamente será profundamente afetada.
Seria necessário que os pretensos reformuladores do Código Florestal lançassem sobre o papel os limites de glebas de 500 a milhares de quilômetros quadrados, e dentro de cada parcela das glebas colocassem indicações de 20% correspondentes às florestas ditas preservadas. E, observando o resultado desse mapeamento simulado, poderiam perceber que o caminho da devastação lenta e progressiva iria criar alguns quadros de devastação similares ao que já aconteceu nos confins das longas estradas e seus ramais, em áreas de quarteirões implantados para venda de lotes de 50 a 100 hectares, onde o arrasamento de florestas no interior de cada quarteirão foi total e inconseqüente.
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Aziz Ab’Saber é professor emérito de geografia da USP e já produziu diversos trabalhos sobre a Amazônia Brasileira, tendo mais de 400 trabalhos acadêmicos publicados.
15-Jul-2010
Em face do gigantismo do território e da situação real em que se encontram os seus macrobiomas – Amazônia Brasileira, Brasil Tropical Atlântico, Cerrados do Brasil Central, Planalto das Araucárias e Pradarias Mistas do Brasil Subtropical – e de seus numerosos mini-biomas, faixas de transição e relictos de ecossistemas, qualquer tentativa de mudança no “Código Florestal” tem de ser conduzida por pessoas competentes e bioeticamente sensíveis.
Pressionar por uma liberação ampla dos processos de desmatamento significa desconhecer a progressividade de cenários bióticos, a diferentes espaços de tempo futuro. Favorecendo de modo simplório e ignorante os desejos patrimoniais de classes sociais que só pensam em seus interesses pessoais, no contexto de um país dotado de grandes desigualdades sociais.
Cidadãos de classe social privilegiada, que nada entendem de previsão de impactos. Não têm qualquer ética com a natureza. Não buscam encontrar modelos técnico-científicos adequados para a recuperação de áreas degradadas, seja na Amazônia, seja no Brasil Tropical Atlântico ou alhures. Pessoas para as quais exigir a adoção de atividades agrárias “ecologicamente auto-sustentadas” é uma mania de cientistas irrealistas.
Por muitas razões, se houvesse um movimento para aprimorar o atual Código Florestal, teria que envolver o sentido mais amplo de um Código de Biodiversidades, levando em conta o complexo mosaico vegetacional de nosso território. Remetemos essa idéia para Brasília e recebemos resposta de que era boa, mas complexa e inoportuna (…). Entrementes, agora outras personalidades trabalham por mudanças estapafúrdias e arrasadoras no chamado Código Florestal. Razão pela qual ousamos criticar aqueles que insistem em argumentos genéricos e perigosos para o futuro do país. Sendo necessário, mais do que nunca, evitar que gente de outras terras, sobretudo de países hegemônicos, venha a dizer que fica comprovado que o Brasil não tem competência para dirigir a Amazônia (…). Ou seja, os revisores do atual Código Florestal não teriam competência para dirigir o seu todo territorial do Brasil. Que tristeza, gente minha.
O primeiro grande erro dos que no momento lideram a revisão do Código Florestal brasileiro – a favor de classes sociais privilegiadas – diz respeito à chamada estadualização dos fatos ecológicos de seu território específico. Sem lembrar que as delicadíssimas questões referentes à progressividade do desmatamento exigem ações conjuntas dos órgãos federais específicos, em conjunto com órgãos estaduais similares, uma Polícia Federal rural e o Exército Brasileiro. Tudo conectado ainda com autoridades municipais, que têm muito a aprender com um Código novo que envolva todos os macrobiomas do país e os mini-biomas que os pontilham, com especial atenção para as faixas litorâneas, faixas de contato entre as áreas nucleares de cada domínio morfoclimático e fitogeográfico do território.
Para pessoas inteligentes, capazes de prever impactos, a diferentes tempos do futuro, fica claro que ao invés da “estadualização” é absolutamente necessário focar para o zoneamento físico e ecológico de todos os domínios de natureza do país. A saber, as duas principais faixas de Florestas Tropicais Brasileiras, a zona amazônica e a zona das matas atlânticas; o domínio dos cerrados, cerradões e campestres; a complexa região semi-árida dos sertões nordestinos; os planaltos de araucárias e as pradarias mistas do Rio Grande do Sul; além de nosso litoral e o Pantanal mato-grossense.
Seria preciso lembrar ao honrado relator Aldo Rabelo, que a meu ver é bastante neófito em matéria de questões ecológicas, espaciais e em futurologia – sendo que atualmente na Amazônia Brasileira predomina um verdadeiro exército paralelo de fazendeiros que em sua área de atuação têm mais força do que governadores e prefeitos. O que se viu em Marabá, com a passagem das tropas de fazendeiros, passando pela Avenida da Transamazônica, deveria ser conhecido pelos congressistas de Brasília e diferentes membros do Executivo. De cada uma das fazendas regionais passava um grupo de cinqüenta a sessenta camaradas, tendo a frente em cavalos nobres o dono da fazenda e sua esposa e filhos em cavalos lindos. E os grupos iam passando separados entre si, por alguns minutos. E, alguém a pé, como se fosse um comandante, controlava a passagem da cavalgada dos fazendeiros. Ninguém da boa e importante cidade de Marabá saiu para observar a coluna amedrontadora dos fazendeiros. Somente dois bicicletistas meninos deixaram as bicicletas na beira da calçada olhando silentes a passagem das tropas. Nenhum jornal do Pará, ou alhures, noticiou a ocorrência amedrontadora. Alguns de nós não pudemos atravessar a ponte para participar de um evento cultural.
Será certamente, apoiados por fatos como esse, que alguns proprietários de terras amazônicas deram sua mensagem, nos termos de que “a propriedade é minha e eu faço com ela o que eu quiser, como quiser e quando quiser”? Mas ninguém esclarece como conquistaram seus imensos espaços inicialmente florestados. Sendo que, alguns outros, vivendo em diferentes áreas do centro-sul brasileiro, quando perguntados sobre como enriqueceram tanto, esclarecem que foi com os “seus negócios na Amazônia” (…). Ou seja, através de loteamentos ilegais, venda de glebas para incautos em locais de difícil acesso, os quais ao fim de um certo tempo são libertados para madeireiros contumazes.
E o fato mais infeliz é que ninguém procura novos conhecimentos para reutilizar terras degradadas. Ou exigir dos governantes tecnologias adequadas para revitalizar os solos que perderam nutrientes e argilas, tornando-se dominados por areias finas (siltização).
Entre os muitos aspectos caóticos, derivados de alguns argumentos dos revisores do Código, destaca-se a frase que diz que se deve proteger a vegetação até sete metros e meio do rio. Uma redução de um fato que por si já estava muito errado, porém agora está reduzido genericamente a quase nada em relação aos grandes rios do país. Imagine-se que para o rio Amazonas a exigência protetora fosse apenas sete metros, enquanto para a grande maioria dos ribeirões e córregos também fosse aplicada a mesma exigência. Trata-se de desconhecimento entristecedor sobre a ordem de grandeza das redes hidrográficas do território intertropical brasileiro. Na linguagem amazônica tradicional, o próprio povo já reconheceu fatos referentes à tipologia dos rios regionais. Para eles, ali existem, em ordem crescente: igarapés, riozinhos, rios e parás. Uma última divisão lógica e pragmática, que é aceita por todos os que conhecem a realidade da rede fluvial amazônica.
Por desconhecer tais fatos os relatores da revisão aplicam o espaço de sete metros da beira de todos os cursos d’água fluviais sem mesmo ter ido lá para conhecer o fantástico mosaico de rios do território regional.
Mas o pior é que as novas exigências do Código Florestal proposto têm um caráter de liberação excessiva e abusiva. Fala-se em sete metros e meio das florestas beiradeiras (ripário-biomas) e depois em preservação da vegetação de eventuais e distantes cimeiras. Não podendo imaginar quanto espaço fica liberado para qualquer tipo de ocupação do espaço. Lamentável em termos de planejamento regional, de espaços rurais e silvestres. Lamentável em termos de generalizações forçadas por grupos de interesse (ruralistas). Já se poderia prever que um dia os interessados em terras amazônicas iriam pressionar de novo pela modificação do percentual a ser preservado em cada uma das propriedades de terras na Amazônia. O argumento simplista merece uma crítica decisiva e radical. Para eles, se em regiões do centro-sul brasileiro a taxa de proteção interna da vegetação florestal é de 20%, por que na Amazônia a lei exige 80%? Mas ninguém tem a coragem de analisar o que aconteceu nos espaços ecológicos de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais com o percentual de 20%. Nos planaltos interiores de São Paulo a somatória dos desmatamentos atingiu cenários de generalizada destruição.
Nessas importantes áreas, dominadas por florestas e redutos de cerrados e campestres, somente o tombamento integrado da Serra do Mar, envolvendo as matas atlânticas, os solos e as aguadas da notável escarpa foi capaz de resguardar os ecossistemas orográficos da acidentada região. O restante, nos “mares de morros”, colinas e várzeas do Médio Paraíba e do Planalto Paulistano, e pró-parte da Serra da Mantiqueira, sofreram uma destruição deplorável. É o que alguém no Brasil – falando de gente inteligente e bioética – não quer que se repita na Amazônia brasileira, em um espaço de 4.200.000 km².
Os relatores do Código Florestal falam que as áreas muito desmatadas e degradadas poderiam ficar sujeitas a “(re)florestamento” por espécies homogêneas pensando em eucalipto e pinus. Uma prova de sua grande ignorância, pois não sabem a menor diferença entre reflorestamento e florestamento. Esse último, pretendido por eles, é um fato exclusivamente de interesse econômico empresarial, que infelizmente não pretende preservar biodiversidades. Sendo que eles procuram desconhecer que para áreas muito degradadas foi feito um plano de (re)organização dos espaços remanescentes, sob o enfoque de revigorar a economia de pequenos e médios proprietários: o Projeto FLORAM. Os eucaliptólogos perdem sentido ético quando alugam espaços por trinta anos de incautos proprietários, preferindo áreas dotadas ainda de solos tropicais férteis, do tipo dos oxissolos, e evitando as áreas degradadas de morros pelados reduzidas a trilhas de pisoteio, hipsométricas, semelhantes ao protótipo existente no Planalto do Alto Paraíba, em São Paulo. Isso ao arrendar terras de bisonhos proprietários, para uso em 30 anos, e sabendo que os donos da terra podem morrer quando se completar o prazo. Fato que cria um grande problema judicial para os herdeiros, sendo que ao fim de uma negociação as empresas cortam todas as árvores de eucaliptos ou pinus, deixando miríades de troncos no chão do espaço terrestre. Um cenário que impede a posterior reutilização das terras para atividades agrárias. Tudo isso deveria ser conhecido por aqueles que defendem ferozmente um Código Florestal liberalizante.
Por todas as razões somos obrigados a criticar a persistente e repetitiva argumentação do deputado Aldo Rebelo, que conhecemos há muito tempo e de quem sempre esperávamos o melhor. No momento somos obrigados a lembrar a ele que cada um de nós tem de pensar na sua biografia e, sendo político, tem de honrar a história de seus partidos. Principalmente em relação aos partidos que se dizem de esquerda e jamais poderiam fazer projetos totalmente dirigidos para os interesses pessoais de latifundiários.
Insistimos que em qualquer revisão do Código Florestal vigente deve-se enfocar as diretrizes através das grandes regiões naturais do Brasil, sobretudo domínios de natureza muito diferentes entre si, tais como a Amazônia e suas extensíssimas florestas tropicais, e o Nordeste Seco, com seus diferentes tipos de caatingas. Trata-se de duas regiões opósitas em relação à fisionomia e à ecologia, assim como em face das suas condições sócio-ambientais. Ao tomar partido pelos grandes domínios administrados técnica e cientificamente por órgãos do Executivo federal, teríamos de conectar instituições específicas do governo brasileiro com instituições estaduais similares. Existem regiões como a Amazônia, que envolve conexões com nove estados do Norte brasileiro. Em relação ao Brasil Tropical Atlântico os órgãos do Governo Federal – IBAMA, IPHAN, FUNAI e INCRA – teriam que manter conexões com os diversos setores similares dos governos estaduais de norte a sul do Brasil. E assim por diante.
Enquanto o mundo inteiro repugna para a diminuição radical de emissão de CO2, o projeto de reforma proposto na Câmara Federal de revisão do Código Florestal defende um processo que significará uma onda de desmatamento e emissões incontroláveis de gás carbônico, fato observado por muitos críticos em diversos trabalhos e entrevistas.
Parece ser muito difícil para pessoas não iniciadas em cenários cartográficos perceber os efeitos de um desmatamento na Amazônia de até 80% das propriedades rurais silvestres. Em qualquer espaço do território amazônico que vêm sendo estabelecidas glebas com desmate de até 80% haverá um mosaico caótico de áreas desmatadas e faixas de inter-propriedades estreitas e mal preservadas. Nesse caso, as bordas dos restos de florestas, inter-glebas, ficarão à mercê de corte de árvores dotadas de madeiras nobres. E, além disso, a biodiversidade animal certamente será profundamente afetada.
Seria necessário que os pretensos reformuladores do Código Florestal lançassem sobre o papel os limites de glebas de 500 a milhares de quilômetros quadrados, e dentro de cada parcela das glebas colocassem indicações de 20% correspondentes às florestas ditas preservadas. E, observando o resultado desse mapeamento simulado, poderiam perceber que o caminho da devastação lenta e progressiva iria criar alguns quadros de devastação similares ao que já aconteceu nos confins das longas estradas e seus ramais, em áreas de quarteirões implantados para venda de lotes de 50 a 100 hectares, onde o arrasamento de florestas no interior de cada quarteirão foi total e inconseqüente.
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Aziz Ab’Saber é professor emérito de geografia da USP e já produziu diversos trabalhos sobre a Amazônia Brasileira, tendo mais de 400 trabalhos acadêmicos publicados.
Você sabia que o Pólen das Flores é um dos mais completos alimentos encontrados na natureza?
Pois é, além de equilibrar o organismo, é repleto de vitaminas e mineral.
O pólen das flores, nada mais é do que a semente masculina da flor, que foi colhida pelas abelhas e a elas adicionadas alguns elementos especiais. A abelha coleta o pólen e mistura a ele seu próprio enzima digestivo. Sua importância é tão grande, que sem ele as abelhas não sobrevivem, e até hoje o homem não conseguiu fabricar um produto substituto que pudesse ser dado à elas. O pólen das abelhas é referenciado como um dos mais completos alimentos encontrados na natureza.
O consumo do pólen, está na Bíblia, outros livros religiosos e também em textos antigos chineses e egípcios. Mais de 40 estudos mostram a eficácia do uso terapêutico do pólen das abelhas.
Testes clínicos mostram que as partículas de pólen que são ingeridas são facilmente absorvidas, e passam diretamente do estômago para o sistema circulatório. Após 2 horas da ingestão, o pólen já é encontrado no sangue e na urina. O pólen das abelhas rejuvenesce o corpo, estimula órgãos e glândulas, e aumenta a vitalidade.
A habilidade do pólen de aumentar consideravelmente os níveis de energia fazem com que ele seja uma substância favorita entre muitos atletas de importância mundial e naqueles interessados em sustentar a performance.
O pólen contém a maioria dos nutrientes conhecidos, incluindo todos aqueles necessários para a sobrevivência humana. Quando comparado à outros alimentos, ele contém uma porcentagem maior de todos os nutrientes necessários para nosso corpo. Ele é aproximadamente 25% de proteína completa, contendo pelo menos 18 aminoácidos. Além disso ele fornece mais de 1 dúzia de vitaminas, 28 minerais, 11 enzimas ou co-enzimas, 11 carboidratos e é rico em minerais, vitaminas e hormônios. O melhor de tudo é que o pólen tem baixas calorias. Muitos nutrientes presentes no pólen das abelhas, como proteínas, gorduras benéficas, vitaminas B,C,D,E , beta-caroteno (20 vezes mais caroteno que a cenoura), cálcio, magnésio, selenium, leticina e cisteína, são cientificamente muito bem documentados pelas suas habilidades de fortalecer o sistema imunológico, combater o efeito de radiações, toxinas químicas e gerar uma excelente saúde e vitalidade. Também fornece anti-oxidantes que combatem os radicais livres causados pela exposicão à poluentes, radiação solar e outros estressantes físicos ou emocionais.
O pólen também é rico em hormônios vegetais e enzimas que atuam sobre a próstata, prevenindo a prostatite (inflamação e crescimento da próstata que muitas vezes se transformam e câncer de próstata), é excelente no tratamento de anemias, elevando rapidamente a taxa de hemoglobina do sangue.
O Pólen é encontrado em lojas de produtos naturais. Sua apresentação pode ser em cápsulas ou em pó.
(Modificado de: BARBOSA, F.Oops.net, julho 2010)
Própolis brasileira é a melhor e a mais rica do mundo
Propriedades da própolis
Isso se deve às muitas propriedades da própolis. Produzida pelas abelhas a partir de material extraído de plantas e flores, ela é uma resina constituída de cera e mais de 400 componentes químicos. São, entre outros, álcoois, vitaminas, minerais e principalmente flavonoides e flavonas, que inibem o crescimento de micro-organismos.
Com tantos elementos, a própolis pode ser considerada um verdadeiro coquetel de benefícios. Entre outras propriedades, tem ações anti-inflamatória, antifúngica, antibacteriana, cicatrizante e anestésica.
Própolis para doenças bucais
Atentos às aplicações da resina na natureza, pesquisadores se interessaram em investigar seu uso em favor do homem. Um grupo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estuda o assunto desde 1996 e hoje é referência mundial no uso da própolis em tratamentos de doenças bucais. São professores e estudantes das áreas de odontologia, biologia e química, coordenados pelo pesquisador e presidente da Sociedade Brasileira de Apiterapia (SBA), Vagner Rodrigues Santos.
Contra micoses e sapinho
As pesquisas começaram com o incentivo do professor Arnaldo Garrocho, na época professor da Faculdade de Odontologia da UFMG. Ele chamou a atenção para a eficácia do extrato de própolis no tratamento de micoses nos dedos dos pés. Foi então que uma aluna de odontologia resolveu testar o produto contra micro-organismos que vivem na boca, principalmente o fungo conhecido como Candida albicans, responsável pela candidose, o popular "sapinho".
É uma doença conhecida principalmente por ser comum em recém-nascidos, idosos e pacientes com comprometimento da defesa imunológica, como portadores do vírus da AIDS e transplantados de medula óssea. Foram testadas, em laboratório, 14 amostras de própolis encontradas no mercado de Belo Horizonte e sua eficácia contra micro-organismos presentes na boca. Os resultados foram positivos e os estudiosos partiram para pesquisas com pacientes.
Própolis verde
A própolis verde, produzida a partir do alecrim do campo, é a mais comum no Brasil. Com a parceria da farmácia de manipulação Pharmanéctar, que fornece a própolis bruta e participa de algumas pesquisas, o grupo desenvolveu um gel à base da resina para prevenção e tratamento da mucosite (inflamação da mucosa). O gel lubrifica a cavidade bucal levando mais conforto aos pacientes.
Segundo explica Vagner Santos, para ter boa eficácia, a própolis precisa ser diluída em álcool, o que, no entanto, pode gerar alterações na mucosa do paciente, além de provocar ardor na aplicação. "Pensamos em algo que traga mais conforto e desenvolvemos o gel. Ele tem água e uma substância emoliente que, misturados à própolis, não alteram suas propriedades", esclarece.
Tratamento da candidose
O novo produto passou a ser testado em pacientes da Clínica da Faculdade de Odontologia da UFMG. Para a pesquisa, de 2002 a 2006, foram tratados e acompanhados cerca de 30 pacientes portadores de candidose associada ao uso de dentadura. Santos explica que a candidose associada à prótese, também conhecida como estomatite protética, é uma infecção, na maioria das vezes, sem sintomas evidentes e, se não tratada, pode levar a infecções. É caracterizada por lesões vermelhas, brilhantes e indolores. Quando o paciente faz uso de dentadura, normalmente surge entre os limites da prótese e da boca.
Os pacientes foram divididos em dois grupos. Um deles recebeu tratamento com nistatina, antifúngico de uso habitual, e o outro com gel de própolis aplicado três vezes ao dia, durante dez dias. "No final desse período, observamos que os pacientes que utilizaram própolis apresentaram resultado melhor ou igual ao dos que usaram nistatina", diz Santos.
Própolis contra cáries
O pesquisador Vagner Santos estuda os diversos tipos de propólis há mais de 10 anos Outra pesquisa avaliou a atuação da própolis contra micro-organismos causadores da cárie. A principal vilã, nesse caso, é a bactéria Streptococcos mutans que, em pessoas com alta suscetibilidade à doença, pode chegar à concentração de 1 bilhão/ml de saliva.
Os testes foram feitos com 60 pacientes, acompanhados de 2003 a 2005. Após escovação com o gel durante 15 ou 20 dias, os resultados apontaram uma diminuição drástica dos micro-organismos na boca. Em alguns casos, a redução foi de 1 bilhão para 100 mil bactérias por ml de saliva.
Contra a boca seca
Hoje, o gel é testado em pacientes portadores de câncer que recebem irradiação na área da cabeça e do pescoço, encaminhados do Hospital das Clínicas para a Clínica de Odontologia da UFMG. Segundo explica Santos, a irradiação provoca xerostomia (boca seca), devido a alterações nas glândulas salivares, que diminuem a produção de saliva, levando à mucosite e à candidose. "É uma lesão incômoda e pode formar úlceras, dificultando a ingestão de alimentos, provocando incômodo, dor e mal estar", descreve o pesquisador.
Com a aplicação do gel desde os dias que antecedem até os que sucedem o tratamento com irradiação, o paciente não desenvolve a candidose e conta com uma proteção extra. Atualmente, não há produto específico para esse tipo de tratamento e aqueles que podem ser utilizados não têm o mesmo efeito. "O gel é antimicótico, antibacteriano, anti-inflamatório, analgésico, traz conforto e lubrifica a boca seca", diz.
Outras aplicações da própolis
Mas não só contra a candidose serve a própolis. Na área odontológica são muitas as doenças que podem ser tratadas com esse medicamento natural. Ela combate, principalmente, lesões de origem bacteriana e fúngica. Algumas delas são a gengivite, a periodontite, a cárie e as bolsas periodontais, sendo essas duas últimas as maiores causas de perda dentária no mundo. A bolsa periodontal se desenvolve a partir do acúmulo de micro-organismos (placa dental) que agridem a gengiva, provocando a gengivite. Se não for tratada, a doença evolui para a periodontite, com a destruição do osso e a formação de uma bolsa. Conforme destaca Santos, com o gel de própolis, em um mês, a bolsa já foi destruída e a gengiva volta ao normal.
A própolis é ainda uma boa arma contra herpes labial, acelerando o processo de cicatrização. "Se o normal seria de sete a dez dias, a própolis faz a lesão desaparecer com cinco", diz o pesquisador. A resina também traz bons resultados quando aplicada em aftas. "Ela provoca contração das terminações nervosas e vasos sanguíneos. Dói bastante, mas depois dá alívio imediato e a cura é rápida".
A própolis vermelha, descoberta em 2005 na Paraíba, é foco de pesquisas sobre o cancêr.
Novos produtos de própolis
Com o bom desempenho do gel, a equipe da UFMG pretende desenvolver novos produtos à base da própolis. "Pesquisadores de outras áreas estão nos procurando para tentarmos desenvolver produtos em parceria", conta Santos. Segundo ele, a ideia é criar um medicamento que associe um ou dois tipos de própolis à outra planta medicinal, a fim de que um potencialize o outro.
"Se encontrarmos duas substâncias com princípios ativos que interagem será ainda melhor", diz. O pesquisador adianta que, em breve, terá início um projeto que inclui a fabricação de enxaguantes bucais, cremes e géis que possam ser utilizados em lesões de mucosas e vernizes cavitários (usados para proteger a cavidade dentária antes da remoção da cárie) e substâncias para o tratamento de canais.
Enxaguante bucal com própolis
Já está em andamento uma pesquisa que vai desenvolver e testar um enxaguante bucal à base de própolis, seguindo todas as normas da American Dental Association (ADA). Serão seis meses de experimentos com pacientes que usarão diariamente o enxaguante de própolis, comparado ao grupo que usará um enxaguante conhecido no mercado.
Conforme observa o professor, a maior dificuldade da pesquisa clínica é que muitas pessoas interrompem ou não seguem o tratamento corretamente, o que pode gerar falsos positivos ou falsos negativos. Uma das razões da indisciplina dos pacientes é o sabor desagradável da própolis. Para amenizar o problema, os pesquisadores já procuram fazer produtos associados a aromas como menta e hortelã.
Biovidro
Além dos novos produtos, duas outras pesquisas pretendem avaliar diferentes aplicações da própolis na odontologia. Uma delas vai associar a resina natural ao biovidro, formado por pequenas partículas que podem ser colocadas no tecido humano, principalmente em casos de enxerto ósseo. Esse estudo está sendo feito em parceria com o professor Walison Artuso, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).
Quando o paciente precisa de um implante dentário, mas teve perda óssea, há necessidade de enxerto na região. Algumas vezes, é necessário retirar material de outra parte do corpo, como do osso ilíaco, na região pélvica, o que é um procedimento doloroso. O biovidro colocado no corte cirúrgico poderá estimular a formação do osso e, associado à própolis, pode oferecer recuperação mais rápida e confortável. De acordo com o pesquisador, em breve, o projeto será submetido à FAPEMIG.
Resina de dentaduras
Outra pesquisa pretende associar a própolis à resina de dentaduras. Segundo explica Santos, é comum que, por razões estéticas, pessoas que precisam extrair todos os dentes queiram colocar a prótese no mesmo dia. Chamada de prótese imediata, ela é adaptada ao paciente imediatamente após a remoção dos dentes. Nesse caso, há grande risco de inflamação, pois a dentadura é colocada sobre uma ferida cirúrgica.
"Fizemos o teste que apontou que a própolis associada à resina mantém suas propriedades. Assim, ela pode evitar o crescimento de micro-organismos e uma inflamação. Em breve, começaremos a trabalhar com camundongos para verificar se haverá uma resposta biocompatível com o tecido", diz.
Medicamento natural e barato
Para Vagner Santos, uma das grandes vantagens da própolis é o baixo custo. Segundo ele, mesmo se o medicamento for feito em cápsulas, o custo sai abaixo dos tratamentos convencionais. "Por exemplo, se um paciente tem mucosite ou candidose, ele precisa tomar cerca de 40 comprimidos de cetoconazol, o que fica em torno de R$ 400. As propriedades da própolis aliadas à preço são uma grande vantagem", comenta. Comparada a outros antibióticos, a própolis também sai na frente.
"Como ela é formada por muitos componentes químicos que podem fazer efeito antibiótico sinergicamente, é muito mais difícil um micro-organismo ficar resistente a ela. Fizemos um trabalho que indicou que, quando separamos esses componentes, os resultados não são tão bons como quando estão todos reunidos", destaca Santos.
Antibiótico e antifúngico
Diante de todos os benefícios, o professor chama atenção para os cuidados no uso da própolis. "É um medicamento natural, mas não pode ser usado de qualquer jeito. É um antibiótico e um antifúngico potente e, por isso, não deve ser aplicado de maneira indiscriminada. É importante que saibamos utilizá-lo com rigor dentro das normas que qualquer medicamento exige. Hoje, a grande maioria dos produtos farmacêuticos veio de produtos naturais que foram aperfeiçoados e tiveram seus princípios ativos isolados e desenvolvidos para terem maior eficácia", alerta.
O pesquisador também atenta para a escolha da própolis. Ele diz que é importante comprar o produto em estabelecimentos que façam o controle de qualidade e que garantam a boa origem. "Se a abelha retira material de uma planta que recebeu inseticida ou está em ambiente poluído, ela vai levar isso para a própolis e, se ela vem com sujeira, poluentes ou grão de pólen, pode causar alergia.", destaca Santos.
Tipos de própolis
As propriedades e a qualidade da própolis variam de acordo com a planta de onde as abelhas retiram o material para sua fabricação. Na Europa, ela é extraída principalmente de pinheiros e savanas. A própolis brasileira é hoje a melhor e a mais rica do mundo. O país também é o maior produtor mundial da resina. Um estudo desenvolvido na Universidade de Campinas classificou a própolis brasileira em 13 tipos, que variam conforme a cor, a composição e a consistência.
A mais comum é a própolis verde, originada do alecrim do campo (Baccharis dracunculifolia), que tem diversas propriedades terapêuticas, entre as quais se destacam a anti-inflamatória e a antimicrobiana. A própolis de Copaíba (Copaifera landesdorffi) tem aspecto marrom escuro, quase negro. Em meados de 2005, foi descoberta, no litoral da Paraíba, a própolis vermelha, originada do marmeleiro da praia (Dalbergia ecastophyllum), que tem causado entusiasmo nos pesquisadores. Ao que tudo indica ela é bem mais forte que as demais e tem excelente atuação sobre células cancerosas.
Pesquisadores do mundo inteiro, especialmente japoneses, têm se debruçado em torno de pesquisas sobre a própolis brasileira e seus benefícios à saúde do homem.
(FONTE: Lima, A. em Diário da Saúde, jun/2010)
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