quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Bióloga descobre inseto não catalogado na ilha de Páscoa




Ainda sem nome e do tamanho equivalente a um grão de arroz, o inseto estava em uma caverna e há possibilidade de haver outros, conta a biológa Jut Wynne da Universidade do Norte do Arizona.

Universidade do Norte do Arizona/Reprodução

Ainda pairam dúvidas se inseto localizado por bióloga é nativo da ilha de Páscoa ou se veio de outra parte da Polinésia

Famosa pela suas estátuas de pedra moai, a ilha tem uma história ligada à rota do comércio escravo e foi habitada por uma população indígena dizimada por doenças vindas da Europa.

O ambiente também se alterou com a chegada de espécimes não nativas, como ratos. Hoje, grande parte dos seres vivos encontrados no local veio de outras regiões, explica a bióloga.

Ainda pairam dúvidas se o inseto, uma espécie de piolho de livro--ou Psocoptera--, é nativo da ilha ou se veio migrou de outra parte da Polinésia.
Uma pesquisa desenvolvida no Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) de São Carlos identificou e mapeou a estrutura de moléculas que podem prejudicar a produção de uma enzima do parasita Trypanosoma cruzi, causador do mal de Chagas. As moléculas descobertas podem interferir e interromper o ciclo de vida do parasita.
Segundo a pesquisadora Juliana Cheleski, que fez o estudo, concluído no último mês, o tempo necessário até a produção de medicamentos que atuem contra o parasita, é de, pelo menos, sete anos.
pesquisadora faz a estimativa em um cenário em que todos os próximos estágios da pesquisa ocorram sem interrupção. "Na média, leva de 10 a 15 anos. Ou menos, cerca de sete anos, depende de quanto dinheiro vem".

A pesquisa foi financiada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). A próxima fase da pesquisa serão os ensaios sobre toxicidade. O estudo feito até agora teve duração de dois anos.

Por seu ineditismo, a pesquisa ganhou o prêmio Sunset Molecular no 18º European Symposium on Quantitative Structure-Activity Relationships, congresso internacional ocorrido na Grécia em setembro.
(Fonte:Folha de São Paulo, 2010)

Loja do Mc Donald´s na Holanda usa spray de DNA para marcar assaltantes

Preocupados com a onda de assaltos ocorrendo na cidade de Roterdam (o último foi há apenas alguns anos), os administradores de uma loja do Mc Donald´s na cidade portuária da Holanda resolveram pedir ajuda para a polícia. A força policial não demorou em apontar uma solução: um spray de DNA sintético que “marca” o bandido.


O spray é ativado durante o assalto pelo funcionário. Nesse momento uma nuvem quase imperceptível cobre tudo à sua volta, bandido incluso, ao mesmo tempo em que um alerta é enviado para a central da polícia. Uma vez coberto com o DNA,o gatuno pode ser apanhado com a ajuda de luzes ultravioleta. A “marca” carrega inclusive informações sobre a loja assaltada, para que não restem dúvidas.


A eficiência do produto, no entanto, ainda precisa ser provada. Nenhum assalto foi registrado na loja. O mesmo não pode ser dito de alarmes falsos causados por funcionários desatentos. É que o código que libera o alarme consiste em retirar uma nota de 10 euros presa a um clipe metálico de dentro da caixa registradora.
(Fonte: Carvalho, L. in Folha de São Paulo, 2010)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Corte de gases estufa reduziria em bilhões gastos com saúde na UE




Aumentar o corte de emissões de gases de efeito estufa de 20% para 30% levaria a União Europeia (UE) a economizar dezenas de bilhões de dólares em gastos com saúde, revela um estudo que será publicado nesta terça-feira (14).

Os cortes se referem a gases que têm a capacidade de reter o calor na atmosfera, como o dióxido de carbono (CO2), responsáveis pelo aquecimento global.
as reduzir suas emissões teria um outro efeito benéfico, pois melhoraria a qualidade do ar, diz o estudo encomendado pela organização Health Care Without Harm, com sede em Bruxelas, e pela Health and Environment Alliance.
De acordo com a pesquisa, os cortes reduziriam o "smog" e outras causas relacionadas a combustíveis fósseis de doenças cardiorrespiratórias.

O "smog" é um fenômeno típico de áreas urbanas, em que os contaminantes, submetidos a processos fotoquímicos, ficam retidos nas camadas mais baixas da atmosfera, expondo as pessoas a seus efeitos.

A União Europeia se comprometeu unilateralmente em cortar em 20% suas emissões de gases de efeito em 2020 com base nos níveis de 1990, e se ofereceu para aumentar estes cortes para 30% se outro grande emissor industrializado seguir o exemplo.

Ninguém respondeu à oferta e ambientalistas europeus agora pressionam o bloco de 27 países a assumir a redução de 30% sozinha.

Segundo o estudo, um corte de 30% das emissões representaria de 10 bilhões a 30 bilhões de euros (US$ 12,6 bilhões a US$ 37,8 bilhões), em ganhos anuais até 2020, relativos à redução de gastos com cuidados médicos e a doenças evitadas.

No topo da escala, isto significaria atender a quase dois terços do custo, estimado pela Comissão Europeia, de se alcançar a meta de 30% de redução.

Os benefícios incluiriam menos dias de trabalho perdidos anualmente devido a problemas respiratórios ou cardíacos, 3.776 menos entradas hospitalares, e 1,2 milhão menos dias de uso de medicamentos respiratórios, destaca o estudo.

Os cálculos foram feitos com base em números oficiais da UE para três tipos de poluentes --particulados finos, óxidos de nitrogênio e óxido de enxofre-- e dados de mortalidade, morbidade e absenteísmo.

(Fonte: FOlha de São Paulo, set/2010)

Monitoramento do clima no Pantanal




Nas últimas décadas, devido ás evidências das mudanças globais, tem havido uma preocupação crescente com o clima do nosso Planeta. Nesse sentido, um número significativo de trabalhos tem abordado essa temática. No Brasil, a nível regional, ainda há uma carência de estudos para caracterização climática e o fator principal é a falta de dados climáticos.
A Embrapa Pantanal vem desenvolvendo projetos de pesquisa em toda bacia do alto do Paraguai - BAP, tem verificado uma deficiência no monitoramento dos elementos climáticos, dificultando a obtenção de informações importantes para o manejo racional dos recursos naturais e para a redução dos impactos ambientais causados por atividades antrópicas.

Atualmente a rede de estações meteorológicas existente na BAP é precária, pois muitas das estações encontram-se desativadas e outras têm seus registros incompletos. No Pantanal a densidade dessas estações é baixíssima devido ao difícil acesso em determinadas épocas do ano e a carência de pessoal qualificado para realizar as observações, que esteja disposto a residir no local de instalação da estação.

Diante desse quadro, o Programa de Desenvolvimento Sustentável do Pantanal (PROGRAMA PANTANAL), através do Projeto "Avaliação e Monitoramento de Águas Superficiais e Sistema de Alerta de Cheias" pretende instalar uma rede de estações hidrometeorológicas, onde será possível realizar previsões de cheias no Pantanal.

Mesmo com a implantação de novas estações previstas pelo PROGRAMA PANTANAL, o número de estações meteorológicas ainda está aquém do necessário. Portanto, o Estado do Mato Grosso do Sul junto com o Ministério da Ciência e Tecnologia, tem uma proposta de criação de um Centro de Monitoramento do Tempo, Clima e Hidrologia onde esses problemas serão solucionados, pois a idéia é a instalação de uma rede de estações meteorológicas e termo-pluviométricas automáticas e telemétricas localizadas dentro da BAP.

Com esta rede bem localizada e em pleno funcionamento, serão disponibilizados dados meteorológicos em tempo real, para uso nos modelos numéricos de previsão de tempo e estudos do clima, vindo suprir a necessidade atual do Estado do Mato Grosso do Sul sobre informações técnicas em Meteorologia, que possam subsidiar as atividades de planejamento nas diversas áreas dependentes do clima, como: agropecuária, pesca, turismo, defesa civil, transporte, produção de energia, construção civil, entre outros.

A Embrapa Pantanal monitora desde 1984 a estação climatológica de Nhumirim (latitude 18°59’19.86 S, longitude 56°37’21.74 W, altitude 97 m), localizada na fazenda Nhumirim, situada na sub-região da Nhecolândia, Pantanal, MS.

A estação climatológica de Nhumirim, talvez a única estação completa dentro da planície pantaneira, faz parte de um convênio da Embrapa com o Instituto Nacional de Meteorologia- INMET. É feito o monitoramento dos elementos climáticos chuva (mm); temperatura do ar (máxima, mínima e média (C)); umidade relativa do ar (%), evaporação do ar (mm), insolação (horas e décimos) e evaporação do Tanque Classe “A” (mm).

Os dados são coletados diariamente às 8:00, 14:00 e 20:00 horas, segundo as normas do INMET e publicados anualmente na forma de Boletim Agrometeorológico, disponibilizando-se os dados meteorológicos diários, mensais e anuais dos parâmetros acima citados.

Por estar localizada na região central da Nhecolândia esses dados são de grande importância para a região, pois é a única estação no Pantanal que mede vários parâmetros climáticos, o que a torna referência para quase todo Pantanal.



(Fonte: Balbina Maria Araújo Soriano - pesquisadora da Embrapa Pantanal, (Corumbá-MS), MSc em Agrometeorologia, atuando na Área de Climatologia).

Biologia do Solo


As comunidades de organismos micro e macroscópicos que habitam o solo, realizam atividades imprescindíveis para a manutenção e sobrevivência das comunidades vegetais e animais. No solo as principais atividades dos organismos são, a decomposição da matéria orgânica, produção de húmus, ciclagem de nutrientes e energia, fixação de nitrogênio atmosférico, produção de compostos complexos que causam agregação do solo, decomposição de xenobióticos e controle biológico de pragas e doenças, proporcionando assim, condições ideais para uma biodiversidade extremamente elevada.

Com base em seu tamanho, a biota do solo pode ser dividida em micro, meso e macroorganismos, tanto de fauna e flora. A densidade de todos os grupos de organismos varia em função de características edáficas e climáticas específicas de cada ambiente. As bactérias representam o grupo mais numeroso. Os fungos, bactérias e minhocas são aqueles que geralmente apresentam maior biomassa. Em termos de biomassa os organismos do solo podem exercer mais de 10 toneladas por hectare, quantidade esta equivalente ou até maior que as melhores produções de certas culturas agrícolas.
A atividade biológica do solo é uma denominação genérica para a ação dos organismos vivos do solo, tanto animais quanto vegetais. Esses organismos têm forte influência na gênese e manutenção da organização dos constituintes do solo, principalmente nos horizontes superficiais. As raízes das plantas, por exemplo, alteram o pH do solo ao seu redor e, ao morrer e se decompor, deixam canais. Formigas, cupins e minhocas manipulam, ingerem e excretam material de solo formando microagregados e construindo poros.

Os microorganismos são as bactérias, fungos e algas. A microfauna são protozoários, rotíferos, nematóides. A mesofauna são os ácaros, Collembolas, enquitríqueos. A macrofauna é representada por minhocas, cupins, formigas, coleópteros, arachnídeos, miriápodos, entre outros.

Os principais fatores que afetam os microorganismos do solo são: substratos e fontes de energia, fatores de crescimento, nutrientes minerais, composição e força iônica da solução do solo, pH, composição e pressão atmosférica, umidade, potencial redox, temperatura e radiação solar, profundidade e cobertura vegetal, interações entre organismos e impactos antropogênicos.

A diversidade biológica é definida como a variabilidade entre os organismos vivos. Os organismos edáficos apresentam alta diversidade metabólica e fisiológica o que os torna extremamente versáteis para ocupação dos diversos nichos ecológicos. Dependendo da fonte de carbono utilizada (CO2 ou substâncias orgânicas), da fonte de energia (luminosa ou química) e fonte de elétrons (inorgânica, orgânica ou água), os organismos são classificados em:

•Autotróficos e heterotróficos, respectivamente organismos que assimilam carbono de fontes inorgânicas ou orgânicas;

•Fototróficos e quimiotróficos respectivamente organismos que obtém energia da luz solar ou, da oxidação de moléculas orgânicas ou inorgânicas;

•Litotróficos e organotróficos, respectivamente organismos que derivam equivalentes de materiais inorgânicos ou orgânicos.



Os organismos do solo podem ser:

Biófagos

Organismos biófagos alimentam-se de seres vivos, constituindo uma das bases do controle biológico - a predação. São classificados em:

•Microbióvoros (que se alimentam de micróbios) tendo como exemplo amebas, ácaros, nematóides.

•Fungívoros (que se alimentam de fungos) tendo como exemplos ácaros, nematóides.

•Fitófagos (que se alimentam de plantas) tendo como exemplos insetos e, com destaque, nematóides que são importantes parasitas vegetais e carnívoros (nematóides, aranhas).



Saprófagos

Organismos saprófagos alimentam-se de matéria orgânica morta. Também podem ser chamados de onívoros, ou seja, que alimentam-se de tudo. Os saprófagos formam a base da quimiorganotrofia, como já mencionado, relacionada com a decomposição da matéria orgânica e podem ser classificados em:

•Detritívoros - se alimentam de detritos vegetais em vários estágios de decomposição (vários tipos de organismos macro e microscópicos).

•Cadaverícolas - se alimentam de carne podre/animais mortos (larvas de insetos).

•Coprófagos - se alimentam de excrementos (bactérias, fungos e pequenos artrópodes).



Simbiotróficos

Organismos simbiotróficos se nutrem de substâncias oriundas da simbiose com organismos vivos. As simbioses se dividem em mutualistas e parasíticas. No primeiro caso, os dois organismos são beneficiados e no segundo um deles é beneficiado e o outro prejudicado. Importantes organismos simbiotróficos são os rizóbios e os fungos micorrízicos.

Microambiente do solo é uma situação físico-química na qual a célula, populações ou comunidades microbianas em particular se encontram num dado momento. Diversos fatores físicos e químicos atuam, simultaneamente determinando as condições ambientais que não são estáticas, mais dinâmicas, devido à interação dos diversos fatores. Para entender melhor a biologia do solo é importante ressaltar alguns dogmas:

•A comunidade reflete seu hábitat.

•Um organismo se multiplica até que limitações bióticas ou abióticas sejam impostas contrabalançando a taxa de crescimento.

•Quanto maior a complexidade da comunidade biológica maior é sua estabilidade.

•Para qualquer mudança de um fator, um ótimo diferente passa a existir para todos os outros fatores.


O equilíbrio biológico de um ecossistema é baseado nas seguintes premissas: uma elevada complexidade biológica garante relações diversas, as quais limitam a explosão populacional gerando assim, condições de equilíbrio biológico do sistema. Uma comunidade em equilíbrio com seu ambiente sofre menor efeito de fatores externos e está sob estado denominado tampão biológico. Por outro lado, solos com comunidade diversa de organismos são mais resilientes, ou seja, se recuperam melhor dos estresses.

A presença de um microorganismo em determinado solo é função das condições ambientais dominantes e dos limites da sua bagagem genética. O sucesso de um organismo em qualquer habitat é função da extensão e rapidez de suas respostas fisiológicas às condições ambientais extremas de salinidade, temperatura, pressão e pH sendo, portanto, encontrados em quase todos os ecossistemas terrestres, incluindo solos.

Os microorganismos, por sua vez, participam da gênese do hábitat onde vivem. Nos estágios iniciais de formação do solo, carbono e nitrogênio são elementos deficientes, deste modo, espécies fotossintéticas e fixadoras de nitrogênio (cianobactérias, líquens) são importantes colonizadoras primárias de rochas.

(Fonte: SIQUEIRA, J. O.; MOREIRA, F. M. S. - Biologia e Bioquímica do Solo .Universidade Federal de Lavras)

Dia Nacional da Conservação do Solo

A Lei n° 7.876, de 13 de novembro de 1989, institui o Dia Nacional da Conservação do Solo a ser comemorado, em todo o País, no dia 15 de abril de cada ano. Este dia é dedicado para reflexão sobre a conservação dos solos e sobre a necessidade de utilizarmos corretamente este recurso natural e, assim, viabilizarmos a manutenção e mesmo melhoria de sua capacidade produtiva, única forma de aumentarmos de forma sustentável a produção de alimentos, sem degradação ambiental.
Contaminação dos Solos

Conforme estabelece o Decreto n.º 28.687/82, art. 72, poluição do solo e do subsolo consiste na deposição, disposição, descarga, infiltração, acumulação, injeção ou enterramento no solo ou no subsolo de substâncias ou produtos poluentes, em estado sólido, líquido ou gasoso. O solo é um recurso natural básico, constituindo um componente fundamental dos ecossistemas e dos ciclos naturais, um reservatório de água, um suporte essencial do sistema agrícola e um espaço para as atividades humanas e para os resíduos produzidos.

A degradação do solo pode ocorrer por meio da desertificação, uso de tecnologias inadequadas, falta de conservação, destruição da vegetação nele encontrado pelo desmatamento ou pelas queimadas.

A contaminação dos solos dá-se principalmente por resíduos sólidos, líquidos e gasosos, águas contaminadas, efluentes sólidos e líquidos, efluentes provenientes de atividades agrícolas, etc. Assim, pode-se concluir que a contaminação do solo ocorrerá sempre que houver adição de compostos ao solo, modificando suas características naturais e as suas utilizações, produzindo efeitos negativos.

Para que o solo mantenha as múltiplas capacidades de suporte dos sistemas naturais e agrícolas, é fundamental que as suas características estruturais permaneçam em equilíbrio com os diversos sistemas ecológicos. Este condicionamento é tanto mais determinante quanto o tipo de solo é frágil e pouco estável.

A preocupação com os processos de degradação do solo vem sendo crescente, à medida que se verifica que, para além da clássica desertificação por secura, outros processos conducentes aos mesmos resultados se têm instalado, devido a:

•Utilização de tecnologias inadequadas em culturas de sequeiro.

•Falta de práticas de conservação de água no solo.

•Destruição da cobertura vegetal.


Um dos principais fenômenos de degradação dos solos é a contaminação, nomeadamente por:

•Resíduos sólidos, líquidos e gasosos provenientes de aglomerados urbanos e áreas industriais, na medida em que a maioria são ainda depositados no solo sem qualquer controle, levando a que os lixiviados produzidos e não recolhidos para posterior tratamento, contaminem facilmente solos e águas, e por outro lado, o metano produzido pela degradação anaeróbia da fração orgânica dos resíduos, pode acumular-se em bolsas, no solo, criando riscos de explosão.

•Águas contaminadas, efluentes sólidos e líquidos lançados diretamente sobre os solos e/ou deposição de partículas sólidas, cujas descargas, continuam a ser majoritariamente não controladas, provenientes da indústria, de onde se pode destacar a indústria química, destilarias e lagares, indústria de celulose, indústria de curtumes, indústria cimenteira, centrais termoelétricas e atividades mineira e siderúrgica, assim como aquelas cujas atividades industriais constituem maiores riscos de poluição para o solo.

•Efluentes provenientes de atividades agrícolas, de onde se destacam aquelas que apresentam um elevado risco de poluição, como sendo, as agropecuárias intensivas (suinoculturas), com taxa bastante baixa de tratamento de efluentes, cujo efeito no solo depende do tipo deste, da concentração dos efluentes e do modo de dispersão, os sistemas agrícolas intensivos que têm grandes contributos de pesticidas e adubos, podendo provocar a acidez dos solos, que por sua vez facilita a mobilidade dos metais pesados, e os sistemas de rega, por incorreta implantação e uso, podem originar a salinização do solo e/ou a toxicidade das plantas com excesso de nutrientes.

•Uso desmedido das lamas de depuração e de águas residuais na agricultura, por serem materiais com elevado teor de matéria orgânica e conterem elementos biocidas que deverão ser controlados para reduzir os riscos de acumulação.
•O processo de contaminação, pode então definir-se como a adição no solo de compostos, que qualitativa e/ou quantitativamente podem modificar as suas características naturais e utilizações, produzindo então efeitos negativos, constituindo poluição. Estando a contaminação do solo diretamente relacionado com os efluentes líquidos e sólidos neste lançados e com a deposição de partículas sólidas (lixeiras), independentemente da sua origem, salienta-se a imediata necessidade de controle destes poluentes, preservando e conservando a integridade natural dos meios receptores, como sendo os recursos hídricos, solos e atmosfera.
A destruição do manto florestal, os incêndios ambientais ou provocados, o sobrepastoreio e as inúmeras obras de urbanização, acelerando os processos erosivos, têm destruído, ao longo dos anos, enormes áreas de solos cultivados. Milhões de toneladas de solos perdem-se todos os anos devido à erosão. Com a introdução da agricultura, o homem modificou o equilíbrio ecológico em numerosas zonas. Muitos animais que no seu ambiente natural são eliminados devido à presença de predadores e parasitas, noutro meio são capazes de aumentar numericamente de forma considerável. Neste processo se deve procurar a origem da maioria das pragas conhecidas.

Para encontrar um novo equilíbrio ecológico e lutar contra os animais e plantas prejudiciais, começaram a utilizar-se, já há vários anos, certos produtos químicos cujo número e eficácia não parou de aumentar. Entre esses produtos destacam-se os pesticidas (fungicidas e inseticidas), agrotóxicos e herbicidas. Mas, o lançamento de quantidades maciças de pesticidas e herbicidas, além de matar os "indesejáveis", destrói muitos seres vivos que interferem na construção do solo, impedindo deste modo a sua regeneração.

Os produtos tóxicos, acumulando-se nos solos, podem permanecer ativos durante longos anos. As plantas cultivadas nestes terrenos infectados podem absorvê-los ainda mesmo quando estes não foram utilizados para o seu próprio tratamento. Assim se explica a existência de pesticidas nos nossos alimentos principais, como o leite e a carne, acabando a sua acumulação por se dar fundamentalmente no homem, que se encontra no fim das cadeias alimentares.

A acumulação dos resíduos sólidos constitui hoje também um problema angustiante das sociedades de consumo a que pertencemos. Nos refugos sólidos a que se considerar os lixos domésticos, constituídos de papel, papelão, plásticos, vidros, restos de comida, etc. A acumulação destes lixos podem ser um foco de contaminação ou um excelente meio para o desenvolvimento de insetos e roedores. Além disso, destroem a paisagem, podendo ainda contribuir para a contaminação das águas superficiais e subterrâneas, através da água da chuva, principalmente quando os terrenos são permeáveis.
(Fonte: Modificado de Ambiente Brasil, 2010)

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Destino do lixo e risco de colapso geram polêmica na Argentina




Buenos Aires não sabe mais o que fazer com seu lixo, ou pelo menos é isso que se tem discutido sobre o destino dos resíduos gerados na capital argentina, cujos lixões podem entrar em colapso nos próximos dois anos devido ao crescente aumento de materiais descartados.

Os números da empresa que administra o lixo da capital argentina (Ceamse) revelam que a produção de resíduos da cidade cresceu significativamente nos últimos cinco anos: de 1,4 milhão de toneladas produzidas em 2005 passou-se a 1,8 milhão em 2009, um aumento de 28,5%.

Como disse à Agência Efe María Eugenia Testa, diretora do Greenpeace na Argentina, o aumento, aliado à “falta de vontade política”, pode pôr em colapso em “dois ou três anos” o já abarrotado Norte III, aterro sanitário que recebe o lixo da cidade.

“É verdade que com sua capacidade atual, o aterro Norte III deve acumular sua capacidade máxima em dois ou três anos”, confirmou Alfredo Vega, porta-voz do Ceamse, sobre o principal lixão da cidade.

Cerca de 80% dos resíduos produzidos pela área metropolitana portenha – de aproximadamente 400 quilômetros quadrados e 11 milhões de habitantes – são jogados no Norte III, enquanto os 20% restantes são distribuídos entre nos aterros de González Catán e Enseada, ameaçados de fechamento por uma ordem judicial.

Os governos da cidade e da província de Buenos Aires chegaram a fechar um acordo, em 2008, para a criação de dois novos lixões que substituiriam os aterros sanitários atuais, mas até agora o projeto ainda não foi concretizado.

Segundo o Greenpeace, a vizinhança fez oposição ao plano, freando a implantação do projeto, principalmente depois das denúncias de contaminação da água nas casas situadas nos arredores dos depósitos.

Outra tentativa de solucionar o problema surgiu quando a Prefeitura promulgou uma lei, em janeiro de 2006, conhecida como Lixo Zero, que estabelecia metas de redução de 30% dos resíduos até 2010, na comparação com os índices de 2004.

“Ninguém está fazendo nada do que estipula a lei. É uma meta inalcançável”, declarou María Eugenia, lembrando dos resultados apresentados pela Ceamse.

Por outro lado, o departamento do Meio Ambiente da cidade considera que a lei está sendo cumprida, e que lembra que está sendo feita uma nova licitação para promover uma “gestão integral” dos serviços de coleta de resíduos.

“Há uma clara falta de vontade política, mas também de conscientização cidadã”, lamentou a representante do Greenpeace, acrescentando que a situação da cidade é “precária” e que os resíduos, principalmente os domiciliares, cresceram nos últimos anos.

Ela também comenta sobre os baixos índices de reciclagem na capital argentina, motivados pelo “pouco fomento público” e por entraves burocráticos. Recentemente, como exemplificou, a Prefeitura protagonizou um caso polêmico por não saber onde enterrar 10 toneladas de pilhas.

Ainda assim, a pouca reciclagem que se faz na cidade é feita pelas cooperativas de catadores de lixos, que reciclam e vendem os resíduos sólidos inorgânicos.

“Essas cooperativas representam um avanço de uma mudança cultural necessária para superar o enterro danoso de resíduos”, diz Marcelo Arbit, representante da Central de Movimentos Populares, entidade que agrupa 70 cooperativas de reciclagem de resíduos.
(FONTE: CLIPPING, jul/2010)

Catadores defendem criação de política para coleta seletiva de lixo

A criação de uma política que defina a coleta seletiva de lixo como uma obrigação nas cidades é uma das principais reivindicações dos catadores de lixo do país. A proposta também está entre as prioridades do Congresso Estadual de Catadores de Materiais Recicláveis, que começa nesta quinta-feira (22), no Rio de Janeiro. A partir das 8h, os catadores farão uma marcha pelo centro da cidade para marcar o início do encontro.

“A coleta seletiva não é uma política pública, como deveria ser, com orçamento e tudo direitinho para que fosse implantada de fato e ter os catadores como agentes dessa coleta seletiva, sendo remunerados por isso. A seleção do lixo hoje é de boa vontade por causa de algumas poucas pessoas”, explicou Alexandre Gordin, um dos coordenadores do Movimento Nacional de Catadores, no Rio.

Segundo o representante do movimento, muitas vezes os moradores fazem a separação dos resíduos em casa, mas a falta de infraestrutura para o recolhimento de forma seletiva faz com que todo o trabalho seja em vão. A expectativa é que, durante o encontro, que termina no próximo domingo (25), a categoria consiga mobilizar mais investimentos para coleta específica e treinamento dos trabalhadores.

O Brasil tem hoje quase 1,5 milhão de catadores de lixo. O estado do Rio tem cerca de 1.900 profissionais cadastrados em 38 diferentes pontos e os lixões costumam ser a principal fonte de renda desses trabalhadores. Segundo a Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, por exemplo, cada um dos seus trabalhadores ganha uma média de R$ 50 por dia.
(Fonte: Carolina Gonçalves/ Agência Brasil, jul/2010)

Resolução do Conama será piloto para reciclagem de embalagens

Até o final deste ano deverá estar pronta a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente que trata do gerenciamento das embalagens usadas de óleos lubrificantes de veículos. O modelo que definirá normas e metas para a reutilização desses produtos servirá para a ordenação de todos os outros tipos de embalagens.

“Neste momento em que aguardamos a sanção da Política Nacional de Resíduos Sólidos, neste ano em que o Conama completa sua centésima reunião ordinária e neste momento em que o Brasil apresenta índice de crescimento semelhante à China, essa resolução que está em debate é muito representativa. Desenvolvimento significa riqueza, inclusão social, mas também significa lixo”, afirma o diretor do Conama, Nilo Diniz. Ele comenta que a indústria está cada dia mais responsável pelo destino de seus produtos e que isso se evidencia na capacidade técnica de seus representantes no Conselho Nacional do Meio Ambiente.

O Grupo de Trabalho – constituído pelo MMA, indústria, organizações governamentais e não governamentais, estados, municípios e empresas de reciclagem – reuniu-se nesta terça-feira (20) para formular a minuta que será submetida à apreciação da Câmara Técnica de Saúde, Saneamento Ambiental e Gestão de Resíduos e pela Câmara Técnica de Assuntos Jurídicos, e em seguida ao plenário do Conama. “Pela manhã, foi analisado o texto da Política Nacional de Resíduos Sólidos que será sancionada pelo presidente da República. E à tarde, o GT se dedicou ao debate da minuta”, informa o assessor técnico Adriano Gerin, do Ministério do Meio Ambiente. A preocupação dos participantes é checar a adequação do trabalho já realizado à nova política que deverá estar no Palácio do Planalto no início de agosto.

A avaliação poderá esticar um pouco o prazo previsto pelo Conama para bater o martelo a respeito da resolução. Mas os participantes acreditam que isso ainda possa acontecer neste ano. O interesse é amplo. “Esse é um novo mercado. Tem interesses econômicos, de preservação ambiental e de gerenciamento desses resíduos, que no Brasil não tem controle. E essa resolução vai servir de modelo para outras embalagens”, afirma o coordenador do GT, Ricardo Lopes Garcia, especialista em Resíduos Sólidos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.

O representante da Fiesp diz que a expectativa da indústria é que se atinja o máximo de reciclagem. O percentual de reaproveitamento, segundo ele, vai depender da resolução que está em discussão, pois “vai obrigar a todos os entes da cadeia produtiva a trabalharem em conjunto, fazendo um acordo para gerenciar esse material”. Ele comenta que o trabalho até agora realizado pelo GT “está totalmente adequado” à PNRS, até porque a sua aprovação já estava prevista.

Entre os grandes interessados na resolução, presente na reunião do Conama, estava o responsável pelas Relações Institucionais da Associação Brasileira da Indústria do Plástico, Gilmar do Amaral. Ele afirma que a logística reversa representa uma verdade para a indústria: “Isso é dinheiro. As embalagens são matéria-prima rica.” Ele explica que o plástico das embalagens de lubrificantes pode ser usado para fabricar novas embalagens ou para a fabricação de artigos como baldes e cestos de lixo. “O quanto vamos reciclar depende das metas a serem definidas.” O aproveitamento deverá ser gradual, de acordo com a evolução da organização das empresas, governos e sociedade em geral.
(Fonte: Cristina Ávila/ MMA, jul/2010)

Mosquito fora d’água

Um líquido atóxico projetado para ser aplicado em massas de água elimina algas e ainda mata várias espécies de mosquitos. Trata-se de um surfactante (ou tensoativo) que funciona ao mudar as características da superfície da água.

O produto foi desenvolvido pelo engenheiro químico Marcos Gugliotti por meio do Programa Fapesp Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) e foi testado em laboratórios da Universidade de São Paulo (USP) e da Superintendência de Controle de Endemias do Estado de São Paulo (Sucen).

Ao ser aspergido, o produto forma uma película na superfície da água reduzindo a tensão superficial do líquido. “É essa tensão que impede que os mosquitos afundem enquanto botam ovos na água. Sem ela, asas e patas ficam encharcadas e o inseto acaba afundando”, disse Gugliotti à Agência Fapesp.

Segundo ele, ao mudar as características da superfície da água a ação do mosquitocida é totalmente mecânica, uma vez que não conta com substâncias tóxicas.

“Se uma pessoa ou um animal beber água com a película, o produto não causará mal algum à saúde. Além disso, ele é inerte, ou seja, não reage com outras substâncias”, garantiu o pesquisador, que atualmente faz pós-doutorado no Instituto de Física do campus de São Carlos da USP.

O tensoativo também se mostrou um eficiente algicida. Por alterar as características físicas da superfície da água, o filme prejudica a flutuabilidade das algas que acabam afundando e morrendo. “Como o produto não rompe a membrana celular das algas, elas não derramam toxinas na água, como ocorre com alguns algicidas que destroem essas membranas”, afirmou. Os testes com as algas foram feitos no laboratório de São Carlos do Instituto Internacional de Ecologia (IIE).

O filme mosquitocita e algicida é biodegradável e se decompõe em um período de 48 horas, em média. Por isso, após esse tempo precisa ser renovado. Sua eficiência pôde ser verificada em lagos, reservatórios de água parada e em rios com fluxos lentos e laminares.

Para testar o surfactante, Gugliotti contou com o Laboratório de Mosquitos Geneticamente Modificados do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP. Em 24 horas, o produto eliminou 94% das pupas macho e 86% das pupas fêmea da espécie Culex quinquefaciatus, o principal vetor da filariose ou elefantíase.

“Contra o Anopheles aquasalis, espécie comum em várias regiões do Brasil e que transmite a malária, a película se mostrou ainda mais eficaz. Em apenas duas horas o produto eliminou completamente as larvas e as pupas da espécie”, disse.

Em outro teste, realizado no Núcleo de Avaliação e Pesquisa do Serviço Regional de Marília (SP) da Sucen, o filme eliminou 98% das pupas do mosquito transmissor da dengue Aedes aegypti.

De acordo com Gugliotti, em testes toxicológicos o produto se mostrou inofensivo a peixes, crustáceos e moluscos. Aves aquáticas, como patos e gansos, também não foram afetados e conseguiram nadar normalmente sobre a película.

O cientista prevê que o filme poderá afetar de maneira colateral outras espécies de insetos que também botam ovos sobre a água. No entanto, esse efeito pode ser minimizado ao se restringir a aplicação em águas infestadas por insetos vetores de doenças.

O produto pode ser encontrado também na forma de pó. Um quilo do produto é suficiente para cobrir uma superfície de 10 mil metros quadrados. A mesma área pode ser preenchida com a aspersão de um litro do surfactante em sua versão líquida. Gugliotti procura agora parceiros interessados na produção e na comercialização da película. A estimativa é que o produto seja comercializado a R$ 22 o quilo.

Inspiração – O mosquitocida-algicida foi inspirado em outra película desenvolvida em 2005 em outro projeto apoiado pelo PIPE-Fapesp. O objetivo da época era reduzir as perdas de água por evaporação em reservatórios. Gugliotti obteve um produto que reduz em até 50% a taxa de evaporação de uma massa de água.

O pesquisador chegou a testar o antievaporante no espelho d’água do Congresso Nacional, em Brasília (DF), e recebeu destaque em reportagens na Agência Fapesp e na revista Pesquisa Fapesp.

“Em diversos testes feitos em tanques com o antievaporante, percebemos que havia inúmeros mosquitos mortos na água após a aplicação do produto”, contou Gugliotti, que realizou adaptações no antievaporante a fim de aumentar a eficiência do novo surfactante contra os insetos.

A função algicida também foi descoberta por acaso. O pesquisador estava visitando a unidade Semiárido da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), na cidade de Petrolina (PE), quando decidiu testar a película antievaporante em um tanque de pisicultura desativado. A água que estava verde ficou límpida em um intervalo de 24 horas.

O mesmo projeto rendeu ainda um terceiro produto, um redutor de manchas de óleo que pode ser aplicado em vazamentos de navios petroleiros ou de dutos.

A ideia do redutor de óleo surgiu quando o pesquisador observou que, ao ser aspergido, o antievaporante acabava aglutinando a sujeira superficial da água. A partir daí, Gugliotti adaptou a composição do produto a fim de direcioná-lo à contenção de óleo nas águas.

O antievaporante e o redutor de óleo já contam com pedidos de depósito de patente e o pesquisador espera entrar em breve com um novo pedido para o mosquitocida-algicida.
(Fonte: Fabio Reynol/ Agência Fapesp, jul/2010)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

USP vai criar laboratório para produzir dente vivo usando células-tronco




A fada do dente, famosa por recolher os dentes de leite debaixo do travesseiro das crianças, pode estar com os dias contados no imaginário infantil. Cientistas brasileiros e britânicos querem usar a polpa desses dentes para remendar a dentição danificada ou até recriá-la.

Estão apostando na ideia a USP e a instituição britânica King's College. A universidade paulista deve criar, em 2011, um laboratório de células-tronco dentárias na sua Faculdade de Odontologia.

A obra custará em torno de R$ 200 mil e deve ficar pronta em meados de 2011. Parte dos equipamentos será financiada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

O laboratório deve abrigar, no futuro, um banco de células-tronco dentárias. Será o primeiro do Brasil e fornecerá células que poderão ser usadas por profissionais de saúde e por pesquisadores.

ÉTICA

A primeira vantagem de usar células-tronco de dente de leite para pesquisa é o acesso fácil. Humanos têm 20 dentes de leite na infância, os quais caem naturalmente. Também não há, em relação a elas, os grandes debates éticos que cercam as versáteis, embora polêmicas, células-tronco embrionárias.

"Além disso, as células dos dentes de leite parecem crescer mais rápido que as de dentes permanentes e podem se diferenciar [se especializar] em células formadoras de dentes, neurônios, de gordura e até de outros tecidos do corpo", conta Andrea Mantesso, dentista da USP e do King's College que coordena o projeto.

A instalação servirá também para treinar pesquisadores no cultivo, preservação e caracterização de células-tronco dentárias.

Mantesso já está envolvida com formação de cientistas nessa área na USP e no King's College, de Londres. As instituições hoje realizam cinco projetos em células-tronco dentárias em parceria.

"No próximo ano, começaremos a enviar alunos da USP para Londres. Nossa intenção é estreitar laços", diz.

Os trabalhos realizados em conjunto vão desde transplante de tecido embrionário que dá origem à mandíbula no rim de camundongos até o estudo de genes relacionados a células-tronco dentais.

PARA QUANDO?

Para a especialista, ainda é cedo para se falar em prazo, mas há quem acredite que em 15 anos a técnica já estará disponível. "A pesquisa nessa área está se disseminando, e um maior numero de pesquisadores envolvidos pode trazer respostas mais rápidas", conclui.



(Fonte: RIGHETTI, S. FOlha de São Paulo, jul/2010)

Veneno de lesma pode se tornar novo tratamento padrão para dor crônica

Veneno de lesma marinha pode se tornar o novo tratamento padrão para dor crônica, de acordo com um novo estudo.

Os tratamentos atuais para dor neuropática usam normalmente morfina, que é altamente viciante, e gabapentina. Ambos agem em receptores nervosos.

Veneno de lesma marinha já havia sido sugerido com uma possível alternativa porque é formado por uma mistura de peptídeos conhecidos como conotoxinas. Esses peptídeos bloqueiam a condução nervosa em presas da lesma, mas em mamíferos, eles agem como analgésicos eficazes.

A única droga derivada de conotoxina aprovada para uso em humanos é ziconotida. A droga, porém, é suscetível a quebra por enzimas na saliva e intestino. Sua administração ocorre por meio de uma bomba inserida cirurgicamente na parede abdominal, tornando o tratamento invasivo e caro.

Para resolver esse problema, David Craik e sua equipe da Universidade de Queensland, na Austrália, desenvolveram a primeira droga de conotoxina ativa por via oral.

Eles começaram a pesquisa com uma versão sintética de conotoxina. As enzinmas quebram a toxina normalmente pelas pontas da molécula. Para evitar esse problema, a equipe uniu as duas pontas da conotoxina, criando uma estrutura molecular circular. Essa nova versão da molécula mostrou-se resistente às enzimas.

Em seguida, a equipe de Craik testou a conotoxina em ratos com dor neuropática. Eles descobriram que uma única dose oral reduziu significativamente a dor usando um teste padrão - quanta pressão o rato poderia aguentar antes de retirar sua pata. A conotoxina foi considerada 100 vezes mais potente quando comparada com gabapentina.

A conotoxina é tão poderosa que doses bem pequenas já são suficientes para surtir efeito, reduzindo os riscos de efeitos colaterais, disse Craik. Sua equipe entrou com um pedido no FDA (órgão que fiscaliza alimentos e medicamentos nos EUA) para a realização de testes em humanos.

O estudo foi publicado no periódico "Angewandte Chemie".
(Fonte: NEW SCIENTIST , jul/2010)

Planta que neutraliza veneno da surucucu


Surucucu- Lachesis muta

Uma árvore de quatro a seis metros de altura pode ser a nova arma contra o veneno da surucucu, a maior serpente venenosa da América do Sul.

Uma pesquisa realizada na UFF (Universidade Federal Fluminense) constatou que um extrato feito a partir da Stryphnodendron barbatiman, popularmente chamada de barbatimão, barba-de-timão, casca da virgindade ou ubatima, é capaz de neutralizar os principais efeitos provocados pela picada da cobra.

A descoberta poderá levar ao desenvolvimento de um novo tratamento contra o veneno da surucucu, que provoca dor intensa, hipotensão, diminuição do ritmo cardíaco, diarreia e hemorragia.
A cobra está presente em todo o território nacional e, entre 2001 e 2004, respondeu por 2,3% dos ataques registrados no Brasil. Seu índice de letalidade, porém, é quase três vezes maior do que o das serpentes do gênero Bothrops, que respondem por 90% dos ataques no país --cerca de 1% das vítimas da surucucu morrem após serem picadas.

SORO ANTIOFÍDICO

Atualmente, o procedimento preconizado pelo Ministério da Saúde em casos de picada de cobras venenosas é a administração de soro antiofídico, produzido a partir de anticorpos produzidos por cavalos inoculados com o veneno.

O soro, porém, tem as desvantagens de ser caro, necessitar de estocagem em baixas temperaturas e provocar reações alérgicas graves em parte dos pacientes. Além disso, é ineficaz contra os efeitos locais das picadas, que muitas vezes deixam sequelas.

Em busca de alternativas de tratamento, o pesquisador Rafael Cisne de Paula pesquisou 12 espécies diferentes de plantas como parte do seu trabalho de mestrado em Neuroimunologia na UFF.

Dessas, apenas uma se mostrou totalmente ineficaz. O extrato produzido a partir da barbatimão, porém, foi o único que conseguiu inibir em mais de 80% os principais efeitos do veneno analisados, impedindo inclusive o desenvolvimento de hemorragias.

Não foi testada, porém, a eficácia da planta sobre a formação de edemas e outras consequências da picada.

Os testes foram realizados em camundongos e, por enquanto, ainda não se sabe qual o mecanismo de ação da planta. Estudos posteriores poderão identificar e isolar os componentes responsáveis pelos efeitos neutralizantes.

(Fonte:MENCHEN, D. Folha do Estado de São Paulo, jul/2010)

Fungo reduz em 40% diversidade de anfíbios em parque no Panamá


Hylomantis lemur, que foi extinta do Parque Nacional El Copé, no Panamá, devido à uma
epidemia de fungo na região.


Trinta espécies de rãs desapareceram do Parque Nacional El Copé, no Panamá. Os animais morreram devido a uma epidemia causada pelo fungo Batrachochytrium dendrobatidis.
As rãs representavam 40% da biodiversidade de anfíbios da área. Muitas sobreviveram em regiões vizinhas, mas o fenômeno, descrito em artigo na revista científica "PNAS", mostra a fragilidade da biodiversidade da região.

Dentre as espécies que desapareceram do parque estão uma rã toda preta, que se esconde sob folha e às vezes se enterra, e uma rã que vive no alto de árvores e plana.


Fonte: NEW SCIENTIST, junl/2010)

Mudanças no Código Florestal baseiam-se em “desconhecimento entristecedor”

Texto de Aziz Ab’Saber
15-Jul-2010

Em face do gigantismo do território e da situação real em que se encontram os seus macrobiomas – Amazônia Brasileira, Brasil Tropical Atlântico, Cerrados do Brasil Central, Planalto das Araucárias e Pradarias Mistas do Brasil Subtropical – e de seus numerosos mini-biomas, faixas de transição e relictos de ecossistemas, qualquer tentativa de mudança no “Código Florestal” tem de ser conduzida por pessoas competentes e bioeticamente sensíveis.

Pressionar por uma liberação ampla dos processos de desmatamento significa desconhecer a progressividade de cenários bióticos, a diferentes espaços de tempo futuro. Favorecendo de modo simplório e ignorante os desejos patrimoniais de classes sociais que só pensam em seus interesses pessoais, no contexto de um país dotado de grandes desigualdades sociais.

Cidadãos de classe social privilegiada, que nada entendem de previsão de impactos. Não têm qualquer ética com a natureza. Não buscam encontrar modelos técnico-científicos adequados para a recuperação de áreas degradadas, seja na Amazônia, seja no Brasil Tropical Atlântico ou alhures. Pessoas para as quais exigir a adoção de atividades agrárias “ecologicamente auto-sustentadas” é uma mania de cientistas irrealistas.

Por muitas razões, se houvesse um movimento para aprimorar o atual Código Florestal, teria que envolver o sentido mais amplo de um Código de Biodiversidades, levando em conta o complexo mosaico vegetacional de nosso território. Remetemos essa idéia para Brasília e recebemos resposta de que era boa, mas complexa e inoportuna (…). Entrementes, agora outras personalidades trabalham por mudanças estapafúrdias e arrasadoras no chamado Código Florestal. Razão pela qual ousamos criticar aqueles que insistem em argumentos genéricos e perigosos para o futuro do país. Sendo necessário, mais do que nunca, evitar que gente de outras terras, sobretudo de países hegemônicos, venha a dizer que fica comprovado que o Brasil não tem competência para dirigir a Amazônia (…). Ou seja, os revisores do atual Código Florestal não teriam competência para dirigir o seu todo territorial do Brasil. Que tristeza, gente minha.

O primeiro grande erro dos que no momento lideram a revisão do Código Florestal brasileiro – a favor de classes sociais privilegiadas – diz respeito à chamada estadualização dos fatos ecológicos de seu território específico. Sem lembrar que as delicadíssimas questões referentes à progressividade do desmatamento exigem ações conjuntas dos órgãos federais específicos, em conjunto com órgãos estaduais similares, uma Polícia Federal rural e o Exército Brasileiro. Tudo conectado ainda com autoridades municipais, que têm muito a aprender com um Código novo que envolva todos os macrobiomas do país e os mini-biomas que os pontilham, com especial atenção para as faixas litorâneas, faixas de contato entre as áreas nucleares de cada domínio morfoclimático e fitogeográfico do território.

Para pessoas inteligentes, capazes de prever impactos, a diferentes tempos do futuro, fica claro que ao invés da “estadualização” é absolutamente necessário focar para o zoneamento físico e ecológico de todos os domínios de natureza do país. A saber, as duas principais faixas de Florestas Tropicais Brasileiras, a zona amazônica e a zona das matas atlânticas; o domínio dos cerrados, cerradões e campestres; a complexa região semi-árida dos sertões nordestinos; os planaltos de araucárias e as pradarias mistas do Rio Grande do Sul; além de nosso litoral e o Pantanal mato-grossense.

Seria preciso lembrar ao honrado relator Aldo Rabelo, que a meu ver é bastante neófito em matéria de questões ecológicas, espaciais e em futurologia – sendo que atualmente na Amazônia Brasileira predomina um verdadeiro exército paralelo de fazendeiros que em sua área de atuação têm mais força do que governadores e prefeitos. O que se viu em Marabá, com a passagem das tropas de fazendeiros, passando pela Avenida da Transamazônica, deveria ser conhecido pelos congressistas de Brasília e diferentes membros do Executivo. De cada uma das fazendas regionais passava um grupo de cinqüenta a sessenta camaradas, tendo a frente em cavalos nobres o dono da fazenda e sua esposa e filhos em cavalos lindos. E os grupos iam passando separados entre si, por alguns minutos. E, alguém a pé, como se fosse um comandante, controlava a passagem da cavalgada dos fazendeiros. Ninguém da boa e importante cidade de Marabá saiu para observar a coluna amedrontadora dos fazendeiros. Somente dois bicicletistas meninos deixaram as bicicletas na beira da calçada olhando silentes a passagem das tropas. Nenhum jornal do Pará, ou alhures, noticiou a ocorrência amedrontadora. Alguns de nós não pudemos atravessar a ponte para participar de um evento cultural.

Será certamente, apoiados por fatos como esse, que alguns proprietários de terras amazônicas deram sua mensagem, nos termos de que “a propriedade é minha e eu faço com ela o que eu quiser, como quiser e quando quiser”? Mas ninguém esclarece como conquistaram seus imensos espaços inicialmente florestados. Sendo que, alguns outros, vivendo em diferentes áreas do centro-sul brasileiro, quando perguntados sobre como enriqueceram tanto, esclarecem que foi com os “seus negócios na Amazônia” (…). Ou seja, através de loteamentos ilegais, venda de glebas para incautos em locais de difícil acesso, os quais ao fim de um certo tempo são libertados para madeireiros contumazes.

E o fato mais infeliz é que ninguém procura novos conhecimentos para reutilizar terras degradadas. Ou exigir dos governantes tecnologias adequadas para revitalizar os solos que perderam nutrientes e argilas, tornando-se dominados por areias finas (siltização).

Entre os muitos aspectos caóticos, derivados de alguns argumentos dos revisores do Código, destaca-se a frase que diz que se deve proteger a vegetação até sete metros e meio do rio. Uma redução de um fato que por si já estava muito errado, porém agora está reduzido genericamente a quase nada em relação aos grandes rios do país. Imagine-se que para o rio Amazonas a exigência protetora fosse apenas sete metros, enquanto para a grande maioria dos ribeirões e córregos também fosse aplicada a mesma exigência. Trata-se de desconhecimento entristecedor sobre a ordem de grandeza das redes hidrográficas do território intertropical brasileiro. Na linguagem amazônica tradicional, o próprio povo já reconheceu fatos referentes à tipologia dos rios regionais. Para eles, ali existem, em ordem crescente: igarapés, riozinhos, rios e parás. Uma última divisão lógica e pragmática, que é aceita por todos os que conhecem a realidade da rede fluvial amazônica.

Por desconhecer tais fatos os relatores da revisão aplicam o espaço de sete metros da beira de todos os cursos d’água fluviais sem mesmo ter ido lá para conhecer o fantástico mosaico de rios do território regional.

Mas o pior é que as novas exigências do Código Florestal proposto têm um caráter de liberação excessiva e abusiva. Fala-se em sete metros e meio das florestas beiradeiras (ripário-biomas) e depois em preservação da vegetação de eventuais e distantes cimeiras. Não podendo imaginar quanto espaço fica liberado para qualquer tipo de ocupação do espaço. Lamentável em termos de planejamento regional, de espaços rurais e silvestres. Lamentável em termos de generalizações forçadas por grupos de interesse (ruralistas). Já se poderia prever que um dia os interessados em terras amazônicas iriam pressionar de novo pela modificação do percentual a ser preservado em cada uma das propriedades de terras na Amazônia. O argumento simplista merece uma crítica decisiva e radical. Para eles, se em regiões do centro-sul brasileiro a taxa de proteção interna da vegetação florestal é de 20%, por que na Amazônia a lei exige 80%? Mas ninguém tem a coragem de analisar o que aconteceu nos espaços ecológicos de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais com o percentual de 20%. Nos planaltos interiores de São Paulo a somatória dos desmatamentos atingiu cenários de generalizada destruição.

Nessas importantes áreas, dominadas por florestas e redutos de cerrados e campestres, somente o tombamento integrado da Serra do Mar, envolvendo as matas atlânticas, os solos e as aguadas da notável escarpa foi capaz de resguardar os ecossistemas orográficos da acidentada região. O restante, nos “mares de morros”, colinas e várzeas do Médio Paraíba e do Planalto Paulistano, e pró-parte da Serra da Mantiqueira, sofreram uma destruição deplorável. É o que alguém no Brasil – falando de gente inteligente e bioética – não quer que se repita na Amazônia brasileira, em um espaço de 4.200.000 km².

Os relatores do Código Florestal falam que as áreas muito desmatadas e degradadas poderiam ficar sujeitas a “(re)florestamento” por espécies homogêneas pensando em eucalipto e pinus. Uma prova de sua grande ignorância, pois não sabem a menor diferença entre reflorestamento e florestamento. Esse último, pretendido por eles, é um fato exclusivamente de interesse econômico empresarial, que infelizmente não pretende preservar biodiversidades. Sendo que eles procuram desconhecer que para áreas muito degradadas foi feito um plano de (re)organização dos espaços remanescentes, sob o enfoque de revigorar a economia de pequenos e médios proprietários: o Projeto FLORAM. Os eucaliptólogos perdem sentido ético quando alugam espaços por trinta anos de incautos proprietários, preferindo áreas dotadas ainda de solos tropicais férteis, do tipo dos oxissolos, e evitando as áreas degradadas de morros pelados reduzidas a trilhas de pisoteio, hipsométricas, semelhantes ao protótipo existente no Planalto do Alto Paraíba, em São Paulo. Isso ao arrendar terras de bisonhos proprietários, para uso em 30 anos, e sabendo que os donos da terra podem morrer quando se completar o prazo. Fato que cria um grande problema judicial para os herdeiros, sendo que ao fim de uma negociação as empresas cortam todas as árvores de eucaliptos ou pinus, deixando miríades de troncos no chão do espaço terrestre. Um cenário que impede a posterior reutilização das terras para atividades agrárias. Tudo isso deveria ser conhecido por aqueles que defendem ferozmente um Código Florestal liberalizante.

Por todas as razões somos obrigados a criticar a persistente e repetitiva argumentação do deputado Aldo Rebelo, que conhecemos há muito tempo e de quem sempre esperávamos o melhor. No momento somos obrigados a lembrar a ele que cada um de nós tem de pensar na sua biografia e, sendo político, tem de honrar a história de seus partidos. Principalmente em relação aos partidos que se dizem de esquerda e jamais poderiam fazer projetos totalmente dirigidos para os interesses pessoais de latifundiários.

Insistimos que em qualquer revisão do Código Florestal vigente deve-se enfocar as diretrizes através das grandes regiões naturais do Brasil, sobretudo domínios de natureza muito diferentes entre si, tais como a Amazônia e suas extensíssimas florestas tropicais, e o Nordeste Seco, com seus diferentes tipos de caatingas. Trata-se de duas regiões opósitas em relação à fisionomia e à ecologia, assim como em face das suas condições sócio-ambientais. Ao tomar partido pelos grandes domínios administrados técnica e cientificamente por órgãos do Executivo federal, teríamos de conectar instituições específicas do governo brasileiro com instituições estaduais similares. Existem regiões como a Amazônia, que envolve conexões com nove estados do Norte brasileiro. Em relação ao Brasil Tropical Atlântico os órgãos do Governo Federal – IBAMA, IPHAN, FUNAI e INCRA – teriam que manter conexões com os diversos setores similares dos governos estaduais de norte a sul do Brasil. E assim por diante.

Enquanto o mundo inteiro repugna para a diminuição radical de emissão de CO2, o projeto de reforma proposto na Câmara Federal de revisão do Código Florestal defende um processo que significará uma onda de desmatamento e emissões incontroláveis de gás carbônico, fato observado por muitos críticos em diversos trabalhos e entrevistas.

Parece ser muito difícil para pessoas não iniciadas em cenários cartográficos perceber os efeitos de um desmatamento na Amazônia de até 80% das propriedades rurais silvestres. Em qualquer espaço do território amazônico que vêm sendo estabelecidas glebas com desmate de até 80% haverá um mosaico caótico de áreas desmatadas e faixas de inter-propriedades estreitas e mal preservadas. Nesse caso, as bordas dos restos de florestas, inter-glebas, ficarão à mercê de corte de árvores dotadas de madeiras nobres. E, além disso, a biodiversidade animal certamente será profundamente afetada.

Seria necessário que os pretensos reformuladores do Código Florestal lançassem sobre o papel os limites de glebas de 500 a milhares de quilômetros quadrados, e dentro de cada parcela das glebas colocassem indicações de 20% correspondentes às florestas ditas preservadas. E, observando o resultado desse mapeamento simulado, poderiam perceber que o caminho da devastação lenta e progressiva iria criar alguns quadros de devastação similares ao que já aconteceu nos confins das longas estradas e seus ramais, em áreas de quarteirões implantados para venda de lotes de 50 a 100 hectares, onde o arrasamento de florestas no interior de cada quarteirão foi total e inconseqüente.

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Aziz Ab’Saber é professor emérito de geografia da USP e já produziu diversos trabalhos sobre a Amazônia Brasileira, tendo mais de 400 trabalhos acadêmicos publicados.

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Você sabia que o Pólen das Flores é um dos mais completos alimentos encontrados na natureza?




Pois é, além de equilibrar o organismo, é repleto de vitaminas e mineral.
O pólen das flores, nada mais é do que a semente masculina da flor, que foi colhida pelas abelhas e a elas adicionadas alguns elementos especiais. A abelha coleta o pólen e mistura a ele seu próprio enzima digestivo. Sua importância é tão grande, que sem ele as abelhas não sobrevivem, e até hoje o homem não conseguiu fabricar um produto substituto que pudesse ser dado à elas. O pólen das abelhas é referenciado como um dos mais completos alimentos encontrados na natureza.
O consumo do pólen, está na Bíblia, outros livros religiosos e também em textos antigos chineses e egípcios. Mais de 40 estudos mostram a eficácia do uso terapêutico do pólen das abelhas.
Testes clínicos mostram que as partículas de pólen que são ingeridas são facilmente absorvidas, e passam diretamente do estômago para o sistema circulatório. Após 2 horas da ingestão, o pólen já é encontrado no sangue e na urina. O pólen das abelhas rejuvenesce o corpo, estimula órgãos e glândulas, e aumenta a vitalidade.
A habilidade do pólen de aumentar consideravelmente os níveis de energia fazem com que ele seja uma substância favorita entre muitos atletas de importância mundial e naqueles interessados em sustentar a performance.
O pólen contém a maioria dos nutrientes conhecidos, incluindo todos aqueles necessários para a sobrevivência humana. Quando comparado à outros alimentos, ele contém uma porcentagem maior de todos os nutrientes necessários para nosso corpo. Ele é aproximadamente 25% de proteína completa, contendo pelo menos 18 aminoácidos. Além disso ele fornece mais de 1 dúzia de vitaminas, 28 minerais, 11 enzimas ou co-enzimas, 11 carboidratos e é rico em minerais, vitaminas e hormônios. O melhor de tudo é que o pólen tem baixas calorias. Muitos nutrientes presentes no pólen das abelhas, como proteínas, gorduras benéficas, vitaminas B,C,D,E , beta-caroteno (20 vezes mais caroteno que a cenoura), cálcio, magnésio, selenium, leticina e cisteína, são cientificamente muito bem documentados pelas suas habilidades de fortalecer o sistema imunológico, combater o efeito de radiações, toxinas químicas e gerar uma excelente saúde e vitalidade. Também fornece anti-oxidantes que combatem os radicais livres causados pela exposicão à poluentes, radiação solar e outros estressantes físicos ou emocionais.
O pólen também é rico em hormônios vegetais e enzimas que atuam sobre a próstata, prevenindo a prostatite (inflamação e crescimento da próstata que muitas vezes se transformam e câncer de próstata), é excelente no tratamento de anemias, elevando rapidamente a taxa de hemoglobina do sangue.
O Pólen é encontrado em lojas de produtos naturais. Sua apresentação pode ser em cápsulas ou em pó.

(Modificado de: BARBOSA, F.Oops.net, julho 2010)

Própolis brasileira é a melhor e a mais rica do mundo




















Propriedades da própolis

Isso se deve às muitas propriedades da própolis. Produzida pelas abelhas a partir de material extraído de plantas e flores, ela é uma resina constituída de cera e mais de 400 componentes químicos. São, entre outros, álcoois, vitaminas, minerais e principalmente flavonoides e flavonas, que inibem o crescimento de micro-organismos.

Com tantos elementos, a própolis pode ser considerada um verdadeiro coquetel de benefícios. Entre outras propriedades, tem ações anti-inflamatória, antifúngica, antibacteriana, cicatrizante e anestésica.

Própolis para doenças bucais

Atentos às aplicações da resina na natureza, pesquisadores se interessaram em investigar seu uso em favor do homem. Um grupo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estuda o assunto desde 1996 e hoje é referência mundial no uso da própolis em tratamentos de doenças bucais. São professores e estudantes das áreas de odontologia, biologia e química, coordenados pelo pesquisador e presidente da Sociedade Brasileira de Apiterapia (SBA), Vagner Rodrigues Santos.

Contra micoses e sapinho

As pesquisas começaram com o incentivo do professor Arnaldo Garrocho, na época professor da Faculdade de Odontologia da UFMG. Ele chamou a atenção para a eficácia do extrato de própolis no tratamento de micoses nos dedos dos pés. Foi então que uma aluna de odontologia resolveu testar o produto contra micro-organismos que vivem na boca, principalmente o fungo conhecido como Candida albicans, responsável pela candidose, o popular "sapinho".

É uma doença conhecida principalmente por ser comum em recém-nascidos, idosos e pacientes com comprometimento da defesa imunológica, como portadores do vírus da AIDS e transplantados de medula óssea. Foram testadas, em laboratório, 14 amostras de própolis encontradas no mercado de Belo Horizonte e sua eficácia contra micro-organismos presentes na boca. Os resultados foram positivos e os estudiosos partiram para pesquisas com pacientes.

Própolis verde

A própolis verde, produzida a partir do alecrim do campo, é a mais comum no Brasil. Com a parceria da farmácia de manipulação Pharmanéctar, que fornece a própolis bruta e participa de algumas pesquisas, o grupo desenvolveu um gel à base da resina para prevenção e tratamento da mucosite (inflamação da mucosa). O gel lubrifica a cavidade bucal levando mais conforto aos pacientes.

Segundo explica Vagner Santos, para ter boa eficácia, a própolis precisa ser diluída em álcool, o que, no entanto, pode gerar alterações na mucosa do paciente, além de provocar ardor na aplicação. "Pensamos em algo que traga mais conforto e desenvolvemos o gel. Ele tem água e uma substância emoliente que, misturados à própolis, não alteram suas propriedades", esclarece.

Tratamento da candidose

O novo produto passou a ser testado em pacientes da Clínica da Faculdade de Odontologia da UFMG. Para a pesquisa, de 2002 a 2006, foram tratados e acompanhados cerca de 30 pacientes portadores de candidose associada ao uso de dentadura. Santos explica que a candidose associada à prótese, também conhecida como estomatite protética, é uma infecção, na maioria das vezes, sem sintomas evidentes e, se não tratada, pode levar a infecções. É caracterizada por lesões vermelhas, brilhantes e indolores. Quando o paciente faz uso de dentadura, normalmente surge entre os limites da prótese e da boca.

Os pacientes foram divididos em dois grupos. Um deles recebeu tratamento com nistatina, antifúngico de uso habitual, e o outro com gel de própolis aplicado três vezes ao dia, durante dez dias. "No final desse período, observamos que os pacientes que utilizaram própolis apresentaram resultado melhor ou igual ao dos que usaram nistatina", diz Santos.

Própolis contra cáries

O pesquisador Vagner Santos estuda os diversos tipos de propólis há mais de 10 anos Outra pesquisa avaliou a atuação da própolis contra micro-organismos causadores da cárie. A principal vilã, nesse caso, é a bactéria Streptococcos mutans que, em pessoas com alta suscetibilidade à doença, pode chegar à concentração de 1 bilhão/ml de saliva.

Os testes foram feitos com 60 pacientes, acompanhados de 2003 a 2005. Após escovação com o gel durante 15 ou 20 dias, os resultados apontaram uma diminuição drástica dos micro-organismos na boca. Em alguns casos, a redução foi de 1 bilhão para 100 mil bactérias por ml de saliva.

Contra a boca seca

Hoje, o gel é testado em pacientes portadores de câncer que recebem irradiação na área da cabeça e do pescoço, encaminhados do Hospital das Clínicas para a Clínica de Odontologia da UFMG. Segundo explica Santos, a irradiação provoca xerostomia (boca seca), devido a alterações nas glândulas salivares, que diminuem a produção de saliva, levando à mucosite e à candidose. "É uma lesão incômoda e pode formar úlceras, dificultando a ingestão de alimentos, provocando incômodo, dor e mal estar", descreve o pesquisador.

Com a aplicação do gel desde os dias que antecedem até os que sucedem o tratamento com irradiação, o paciente não desenvolve a candidose e conta com uma proteção extra. Atualmente, não há produto específico para esse tipo de tratamento e aqueles que podem ser utilizados não têm o mesmo efeito. "O gel é antimicótico, antibacteriano, anti-inflamatório, analgésico, traz conforto e lubrifica a boca seca", diz.

Outras aplicações da própolis

Mas não só contra a candidose serve a própolis. Na área odontológica são muitas as doenças que podem ser tratadas com esse medicamento natural. Ela combate, principalmente, lesões de origem bacteriana e fúngica. Algumas delas são a gengivite, a periodontite, a cárie e as bolsas periodontais, sendo essas duas últimas as maiores causas de perda dentária no mundo. A bolsa periodontal se desenvolve a partir do acúmulo de micro-organismos (placa dental) que agridem a gengiva, provocando a gengivite. Se não for tratada, a doença evolui para a periodontite, com a destruição do osso e a formação de uma bolsa. Conforme destaca Santos, com o gel de própolis, em um mês, a bolsa já foi destruída e a gengiva volta ao normal.

A própolis é ainda uma boa arma contra herpes labial, acelerando o processo de cicatrização. "Se o normal seria de sete a dez dias, a própolis faz a lesão desaparecer com cinco", diz o pesquisador. A resina também traz bons resultados quando aplicada em aftas. "Ela provoca contração das terminações nervosas e vasos sanguíneos. Dói bastante, mas depois dá alívio imediato e a cura é rápida".

A própolis vermelha, descoberta em 2005 na Paraíba, é foco de pesquisas sobre o cancêr.

Novos produtos de própolis

Com o bom desempenho do gel, a equipe da UFMG pretende desenvolver novos produtos à base da própolis. "Pesquisadores de outras áreas estão nos procurando para tentarmos desenvolver produtos em parceria", conta Santos. Segundo ele, a ideia é criar um medicamento que associe um ou dois tipos de própolis à outra planta medicinal, a fim de que um potencialize o outro.

"Se encontrarmos duas substâncias com princípios ativos que interagem será ainda melhor", diz. O pesquisador adianta que, em breve, terá início um projeto que inclui a fabricação de enxaguantes bucais, cremes e géis que possam ser utilizados em lesões de mucosas e vernizes cavitários (usados para proteger a cavidade dentária antes da remoção da cárie) e substâncias para o tratamento de canais.

Enxaguante bucal com própolis

Já está em andamento uma pesquisa que vai desenvolver e testar um enxaguante bucal à base de própolis, seguindo todas as normas da American Dental Association (ADA). Serão seis meses de experimentos com pacientes que usarão diariamente o enxaguante de própolis, comparado ao grupo que usará um enxaguante conhecido no mercado.

Conforme observa o professor, a maior dificuldade da pesquisa clínica é que muitas pessoas interrompem ou não seguem o tratamento corretamente, o que pode gerar falsos positivos ou falsos negativos. Uma das razões da indisciplina dos pacientes é o sabor desagradável da própolis. Para amenizar o problema, os pesquisadores já procuram fazer produtos associados a aromas como menta e hortelã.

Biovidro

Além dos novos produtos, duas outras pesquisas pretendem avaliar diferentes aplicações da própolis na odontologia. Uma delas vai associar a resina natural ao biovidro, formado por pequenas partículas que podem ser colocadas no tecido humano, principalmente em casos de enxerto ósseo. Esse estudo está sendo feito em parceria com o professor Walison Artuso, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).

Quando o paciente precisa de um implante dentário, mas teve perda óssea, há necessidade de enxerto na região. Algumas vezes, é necessário retirar material de outra parte do corpo, como do osso ilíaco, na região pélvica, o que é um procedimento doloroso. O biovidro colocado no corte cirúrgico poderá estimular a formação do osso e, associado à própolis, pode oferecer recuperação mais rápida e confortável. De acordo com o pesquisador, em breve, o projeto será submetido à FAPEMIG.

Resina de dentaduras

Outra pesquisa pretende associar a própolis à resina de dentaduras. Segundo explica Santos, é comum que, por razões estéticas, pessoas que precisam extrair todos os dentes queiram colocar a prótese no mesmo dia. Chamada de prótese imediata, ela é adaptada ao paciente imediatamente após a remoção dos dentes. Nesse caso, há grande risco de inflamação, pois a dentadura é colocada sobre uma ferida cirúrgica.

"Fizemos o teste que apontou que a própolis associada à resina mantém suas propriedades. Assim, ela pode evitar o crescimento de micro-organismos e uma inflamação. Em breve, começaremos a trabalhar com camundongos para verificar se haverá uma resposta biocompatível com o tecido", diz.

Medicamento natural e barato

Para Vagner Santos, uma das grandes vantagens da própolis é o baixo custo. Segundo ele, mesmo se o medicamento for feito em cápsulas, o custo sai abaixo dos tratamentos convencionais. "Por exemplo, se um paciente tem mucosite ou candidose, ele precisa tomar cerca de 40 comprimidos de cetoconazol, o que fica em torno de R$ 400. As propriedades da própolis aliadas à preço são uma grande vantagem", comenta. Comparada a outros antibióticos, a própolis também sai na frente.

"Como ela é formada por muitos componentes químicos que podem fazer efeito antibiótico sinergicamente, é muito mais difícil um micro-organismo ficar resistente a ela. Fizemos um trabalho que indicou que, quando separamos esses componentes, os resultados não são tão bons como quando estão todos reunidos", destaca Santos.

Antibiótico e antifúngico

Diante de todos os benefícios, o professor chama atenção para os cuidados no uso da própolis. "É um medicamento natural, mas não pode ser usado de qualquer jeito. É um antibiótico e um antifúngico potente e, por isso, não deve ser aplicado de maneira indiscriminada. É importante que saibamos utilizá-lo com rigor dentro das normas que qualquer medicamento exige. Hoje, a grande maioria dos produtos farmacêuticos veio de produtos naturais que foram aperfeiçoados e tiveram seus princípios ativos isolados e desenvolvidos para terem maior eficácia", alerta.

O pesquisador também atenta para a escolha da própolis. Ele diz que é importante comprar o produto em estabelecimentos que façam o controle de qualidade e que garantam a boa origem. "Se a abelha retira material de uma planta que recebeu inseticida ou está em ambiente poluído, ela vai levar isso para a própolis e, se ela vem com sujeira, poluentes ou grão de pólen, pode causar alergia.", destaca Santos.

Tipos de própolis

As propriedades e a qualidade da própolis variam de acordo com a planta de onde as abelhas retiram o material para sua fabricação. Na Europa, ela é extraída principalmente de pinheiros e savanas. A própolis brasileira é hoje a melhor e a mais rica do mundo. O país também é o maior produtor mundial da resina. Um estudo desenvolvido na Universidade de Campinas classificou a própolis brasileira em 13 tipos, que variam conforme a cor, a composição e a consistência.

A mais comum é a própolis verde, originada do alecrim do campo (Baccharis dracunculifolia), que tem diversas propriedades terapêuticas, entre as quais se destacam a anti-inflamatória e a antimicrobiana. A própolis de Copaíba (Copaifera landesdorffi) tem aspecto marrom escuro, quase negro. Em meados de 2005, foi descoberta, no litoral da Paraíba, a própolis vermelha, originada do marmeleiro da praia (Dalbergia ecastophyllum), que tem causado entusiasmo nos pesquisadores. Ao que tudo indica ela é bem mais forte que as demais e tem excelente atuação sobre células cancerosas.

Pesquisadores do mundo inteiro, especialmente japoneses, têm se debruçado em torno de pesquisas sobre a própolis brasileira e seus benefícios à saúde do homem.
(FONTE: Lima, A. em Diário da Saúde, jun/2010)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Cientistas sequenciam genoma de piolho do corpo

Cientistas anunciaram nesta segunda (21) o sequenciamento do genoma do piolho do corpo (que é diferente do piolho da cabeça).

O conhecimento desse genoma deve ajudar no desenvolvimento de melhores métodos para exterminar o parasita, segundo os líderes da pesquisa Ewen Kirkness, do Instituto J. Craig Venter, em Rockville, e Barry Pittendrigh, da Universidade de Illinois, em Urbana-Champaign.

O piolho vale-se para sua digestão de uma bactéria que não é resistente a antibióticos. Então, se uma droga capaz de matar a bactéria for encontrada, o piolho também acabará sendo morto. Conhecer mais sobre os piolhos também deve ajudar no desenvolvimento de novos repelentes.

O interesse no inseto é não apenas curiosidade, mas uma questão de saúde pública, já que esses piolhos podem transmitir tifo, febre recorrente e febre das trincheiras.

O genoma do piolho do corpo é pequeno e contém relativamente poucos genes relacionados à recepção de luz ou a reação a odores e gostos, informa o estudo.

Segundo os pesquisadores, o piolho do corpo humano parece ter evoluído do piolho da cabeça na mesma época em que as pessoas começaram a usar roupas, oferecendo ao inseto outro lugar para se esconder.

Além disso, notaram os cientistas, o piolho humano e o piolho de chimpanzé evoluíram de um ancestral comum entre 5 milhões e 7 milhões de anos atrás.

“Além da sua importância no contexto da saúde humana, o genoma do piolho corporal é de considerável importância para a compreensão da evolução de insetos”, diz May Berenbaum, chefe do departamento de entomologia da Universidade de Illinois.

O sequenciamento do genoma envolveu pesquisadores de 28 instituições dos EUA, Europa, Austrália e Coreia do Sul. (Fonte: Folha on-line, junho 2010)

Lula regulamenta Lei do Saneamento Básico

O presidente Luiz Inácio Lula Silva assinou nesta segunda-feira (21), durante a 4ª Conferência Nacional das Cidades, em Brasília, o decreto que regulamenta a Lei 11.445, conhecida como Lei do Saneamento Básico. Sancionada em 2007, após quase dez anos de discussões no Congresso, a lei estabeleceu as diretrizes do marco regulatório do setor.

Na semana passada, Lula reclamou não ter sido informado pela assessoria da Presidência da República de que a lei precisava de um decreto de regulamentação para ter validade. Entre outros pontos, a lei prevê que os serviços públicos de saneamento serão prestados com base no princípio da universalização do acesso ao abastecimento de água e esgotamento sanitário, à limpeza urbana e ao manejo dos resíduos sólidos de forma adequada à saúde pública e à proteção do meio ambiente.

O ministro das Cidades, Márcios Fortes, disse que a regulamentação trará segurança jurídica para os investimentos. (Fonte: Agência Brasil, junho 2010)

Acesso a saneamento e estímulo ao uso do leite materno reduziriam mortalidade infantil, diz médico

Os índices de mortalidade infantil ainda são altos no Brasil, principalmente no Norte e Nordeste, regiões que também apresentam carência de saneamento básico. Segundo o médico Evandro Roberto Baldacci, que trabalha no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, em São Paulo, “sem saneamento não se reduz a taxa de mortalidade infantil”.

O estudo realizado pelo Institute for Health Metrics and Evaluation e divulgado recentemente pela revista médica britânica The Lancet mostrou que a taxa de mortalidade infantil, no Brasil, caiu 61,7%, passando de 52,04 mortes por mil nascimentos em 1990 para 19,88 mortes por mil nascimentos em 2010. Com isso, o país se aproxima do cumprimento da meta do milênio, que é chegar em 2015 com uma taxa de 15 mortes por mil nascimentos.

Apesar da queda, o Brasil ainda está longe dos índices registrados em países como a Islândia, Suécia e o Chipre – três mortes por mil nascimentos, e também fica atrás de outros países da América do Sul, como o Chile (6,48 mortes por mil nascimentos), a Colômbia (15,31) e Argentina (12,88).

“Com toda a certeza, o Brasil vai ser um dos poucos países do mundo que vai cumprir essa redução de taxa. É uma alegria, porque a gente está conseguindo cumprir a meta. Mas não é para ficar sentado em cima dessa glória porque, na verdade, ainda está ruim”, afirmou Baldacci.

Segundo o médico, a falta de acesso ao saneamento é uma das explicações para os altos índices de mortalidade infantil no Brasil, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Estudo do Instituto Trata Brasil, com números de 2008, mostra um déficit de 49,1% no acesso à rede de esgoto no país. Os estados com maior carência são o Piauí (com 97,49%), Amapá (96,44%), Rondônia (96,2%), o Pará (95,1%) e Maranhão (88,63%).

A conclusão do instituto é de que, nos locais sem acesso ao saneamento básico, as chances de uma mulher ter um filho nascido morto são de 23,8%, número que cai para 10,8% nas regiões atendidas por redes de esgoto. No ranking de estados com maior taxa de mortalidade infantil, as oito primeiras posições são de unidades do Nordeste, tendo a Paraíba na liderança.

“A queda da mortalidade [infantil] ocorreu de forma significativa, no Brasil, há muito tempo, nas regiões Sul e Sudeste e com menor impacto no Centro-Oeste. Mas no Norte e Nordeste, essa queda vem acontecendo de uma forma mais lenta.” Segundo Baldacci, os fatores que contribuíram para a redução do índice no Sudeste foram a distribuição de água, a rede de esgoto, o incentivo ao aleitamento materno e os cuidados pré-natais e perinatais.

Além da questão do saneamento, Baldacci destacou a importância de uma campanha de incentivo ao aleitamento materno que, segundo ele, poderia contribuir para uma redução da taxa de mortalidade infantil no país.

“O aleitamento materno, além de proteger das infecções, ajuda a evitar a desnutrição. As infecções provocam diarreia e a desnutrição facilita a diarreia e outras infecções. O uso do leite materno reduz muito os riscos de mortalidade”. (Fonte: Elaine Patricia Cruz/Agência Brasil, 23/06/2010)

Centro de pesquisas do “Big Bang” abre-se a países de outras regiões

O Cern (Centro Europeu de Pesquisas Nucleares), que atualmente conduz o maior experimento do planeta, abriu suas portas para que mais países se tornem membros da instituição.

Até agora, o centro criado há 56 anos perto de Genebra, entre a fronteira da França e da Suíça e dono de um orçamento anual de 10 bilhões de francos suíços (US$ 8,7 bilhões), havia aceito apenas Estados europeus como membros plenos, embora muitos outros participem de suas atividades.

“Este é um salto gigantesco para a física das partículas que reconhece a globalização crescente da área”, disse Michel Spiro, presidente do conselho normativo do Cern, que tomou a decisão no fim de semana.

Rolf Heuer, diretor-geral do organismo cujos cientistas venceram uma série de prêmios Nobel e onde a World Wide Web (Internet) foi inventada em 1989, afirmou que a mudança reflete o interesse global na pesquisa sobre o nascimento do universo.

A mudança não necessariamente significa mais dinheiro para o Cern, cujo orçamento é fixo por cinco anos e depois compartilhado entre seus membros, de acordo com o porta-voz James Gillies.

Mas quer dizer que há uma potencial fonte de receita extra para a organização, que, segundo críticos, consome enormes fundos que poderiam ser utilizados para finalidades mais práticas.

Os defensores, e os governos que aprovam o seu orçamento, afirmam que há muitas consequências benéficas à economia e para a saúde derivadas da atividade do centro.

Fundado em 1954 por 12 países europeus com o objetivo de restaurar o papel do continente na pesquisa da área da física após a Segunda Guerra Mundial, o Cern tem hoje 20 membros. (Fonte: Folha on-line, 23/06/2010)

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Malária seguiu migrações humanas

A malária atinge os humanos há muito tempo. Registros são encontrados desde 2.700 a.C., na China. Estima-se que tenha sido um dos fatores que contribuíram para o declínio do Império Romano, quando era tão comum que se tornou conhecida como febre romana.

Um novo estudo afirma que a malária é ainda mais antiga do que se estimava, dezenas de milhares de anos para ser mais exato. Segundo o grupo internacional responsável pela pesquisa, a doença é tão velha como a própria humanidade.

Em artigo publicado esta semana na revista Current Biology, François Balloux, do Imperial College of London, e colegas descrevem que a doença infecciosa tropical evoluiu simultaneamente com o homem moderno, acompanhando a migração da África há mais de 60 mil anos.

Segundo os autores, os resultados e as técnicas usadas no estudo poderão se mostrar importantes no desenvolvimento de novas estratégias voltadas à redução da prevalência da malária. A doença, causada por protozoários parasitas do gênero Plasmodium e transmitidos pelo mosquito Anopheles, causa entre 1 milhão e 3 milhões de mortes ao ano, entre mais de 230 milhões de casos.

“A maioria dos trabalhos que investigam como a malária se espalhou pelo mundo adota a premissa de que ela surgiu ao mesmo tempo que a agricultura, há cerca de 10 mil anos. Mas nossa pesquisa indica que o parasita da malária evoluiu e se espalhou com os humanos, sendo pelo menos tão antigo quanto a expansão humana para fora da África”, disse Balloux.

Os pesquisadores trabalharam com a maior coleção de parasitas da malária já reunida. Os plasmódios foram caracterizados por meio de sequenciamento de seu DNA, de modo que fosse possível calcular a idade do parasita e rastrear o progresso da malária pelos trópicos.

Os cientistas descobriram uma clara relação entre a diminuição da diversidade genética à medida que se distancia da África subsaariana. Isso, segundo eles, espelha os mesmos dados presentes nos humanos, indicando forte evidência de evolução e migração simultânea.
(Fonte: JB Online)

Estudo da UFRJ sobre microorganismos em ambientes aquáticos ganha destaque internacional

Um estudo realizado no Instituto de Bioquímica Médica, IBqM, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, ganhou destaque. Dez artigos foram publicados em periódicos internacionais de grande circulação.

O sucesso é atribuído ao pioneirismo do estudo que relaciona dados de química ambiental, com metagenômica. De acordo com um dos responsáveis pela pesquisa, professor Ricardo Pilz Vieira, a metagenômica consiste na extração do DNA das amostras e amplificação dos genes de interesse, que são clonados, sequenciados e analisados por bioinformática.

Com a metodologia, é possível detectar um grande número de procariontes, Archaea e Bacteria. São organismos unicelulares que não possuem membrana envolvendo seu material genético. O estudo deu origem a cerca de 3500 sequências de DNA, que foram depositadas em banco de genes internacionais.

O grupo responsável pela pesquisa também foi o primeiro a publicar um estudo comparando a microbiota simbionte (que corresponde a microorganismos de um mesmo ecossistema que vivem em relação mutuamente vantajosa) de duas espécies saudáveis de corais coletados na praia da Tartaruga, em Búzios.

Desde a coleta da água para a realização de experimentos, até a publicação em periódicos, são necessários cerca de quatro anos, segundo Pilz. A coleta é feita com garrafas estéreis de polipropileno, “depois, a água é filtrada e os micróbios são concentrados para a extração do DNA. Já as amostras de invertebrados marinhos são obtidas por mergulho autônomo ou em apneia”, explicou o professor.

Agora, o grupo está concluindo um estudo sobre o branqueamento dos corais construtores de recifes.

(Fonte: Ambiente Brasil, 21/06/2010)

domingo, 20 de junho de 2010

OMS diz que pandemia de gripe H1N1 prossegue





A pandemia da gripe H1N1 ainda não terminou, mas sua fase mais intensa já passou em várias partes do mundo, disse a Organização Mundial da Saúde nesta quinta-feira (3), após uma revisão realizada por especialistas independentes.

O comitê de emergência da OMS, composto por 15 consultores externos, disse que é crucial que os países mantenham sua vigilância com relação à pandemia, o que pode incluir eventuais medidas de saúde pública, conforme nota divulgada pela diretora geral da entidade, Margaret Chan.

“Ainda estamos na pandemia,” disse o porta-voz da OMS Gregory Hartl à Reuters.

Chan disse que a atividade da chamada gripe suína deve prosseguir, e o comitê voltará a se reunir em meados de julho para avaliar novos dados relativos ao inverno do Hemisfério Sul, época em que a transmissão da gripe se agrava.

A reunião dos especialistas aconteceu na terça-feira, por teleconferência, mas Chan só divulgou os resultados na quinta porque esperava a versão final do comunicado deles.

Com base nas recomendações do grupo, a OMS manteve o indicador de pandemia em 6, o topo da escala, como ocorre desde junho de 2009.

A próxima reunião dos especialistas irá recomendar se esse nível será mantido, ou decidir que a pandemia passou ou entrou na fase “pós-pico.”

A deliberação da OMS sobre o grau da pandemia afeta a forma como os 193 países filiados reagem à doença, inclusive na formação de seus estoques de vacinas e antivirais.

Especialistas da OMS dizem que o vírus continua sendo uma ameaça a algumas pessoas vulneráveis, especialmente grávidas, crianças e portadores de doenças respiratórias. A vacinação continua sendo recomendável para esses grupos.

“A previsão é de que o H1N1 continue sendo o vírus primário ou dominante entre os vírus da ‘influenza’ por um bom tempo,” disse Hartl na terça-feira. “Com ou sem pandemia, o H1N1 ainda irá existir.”
(Fonte: G1, junho 2010)

Coquetel anti-HIV reduz em 92% transmissão do vírus, diz estudo





Pessoas com HIV reduziram o risco de transmitir o vírus da AIDS em 92% enquanto estavam tomando medicamentos antirretrovirais, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira (27).

O estudo fornece a maior evidência de que drogas que tratam a síndrome da imunodeficiência adquirida podem também ser incorporadas em estratégias de luta contra o aumento dos casos de HIV.

Em um estudo publicado pelo jornal britânico “The Lancet”, médicos recrutaram 3.381 casais heterossexuais em sete países africanos. Cada casal era “sorodiscordante”, ou seja, com uma pessoa infectada com HIV e outra sem o vírus.

Drogas antirretrovirais foram dadas a 349 indivíduos infectados. Os outros que possuíam o vírus receberam um placebo.

Os pesquisadores recolheram amostras de sangue do outro parceiro a cada três meses para ver se ele ou ela haviam sido infectados. A pesquisa foi monitorada de perto por um comitê de ética, e incluiu um treinamento em sexo seguro, assim como exames de saúde de rotina.

Apenas um – Após 24 meses, 103 pessoas que estavam livres do HIV no início do experimento foram infectadas pelos seus parceiros.

Mas apenas uma dessas 103 transmissões foi causada por um parceiro que estava tomando antirretrovirais.

No geral, a utilização de antirretrovirais reduziu o risco de infectar outra pessoa em 92%, uma grande queda, que traz à tona o potencial que essas drogas têm de prevenir o HIV, além de apenas tratá-lo, afirmaram os autores.

“A utilização de ART (antirretrovirais) por pacientes infectados pode ser uma estratégia eficaz para realizar reduções do número de transmissões” de HIV, afirma o estudo.

Menos vírus – Isso ocorre porque o coquetel anti-HIV diminui a presença do vírus no sangue e em fluidos corporais, como sêmen ou muco vaginal, e por isso dificulta a transmissão para pessoas não infectadas, acreditam os especialistas.

Entretanto, advertem que, ainda que os remédios possam diminuir o risco de transmissão, o perigo existe, e por isso sexo seguro é essencial.

O estudo, liderado por Deborah Donnel da Universidade de Washington e do Fred Hutchinson Cancer Research Center em Seattle, focou-se apenas nas relações heterossexuais.

Também não foram observados outros modos de transmissão do vírus, como o sexo anal, o compartilhamento de agulhas ou de mãe para feto.
(Fonte: G1, junho 2010)