terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Clima de micose

A paracoccidioidomicose (PCM) é a micose sistêmica (isto é, que ataca órgãos internos do corpo) mais prevalente na América Latina. Mas, ainda que a PCM seja conhecida há mais de um século – o primeiro caso foi descrito em 1908 pelo médico Adolfo Lutz (1855-1940) –, até hoje pouco se conhece sobre a ecologia do fungo que causa a doença.

Utilizando dados epidemiológicos e climáticos, um grupo interdisciplinar de pesquisadores paulistas aplicou métodos estatísticos para criar um modelo capaz de avaliar a influência do clima na variabilidade da doença.

O trabalho se baseou em casos ocorridos entre 1969 e 1999 na região de Botucatu (SP), que é uma área considerada hiperendêmica. A PCM, também conhecida como blastomicose sul-americana, ou doença de Lutz-Splendore-Almeida, é endêmica na América do Sul.

A pesquisa, cujos resultados foram publicados na revista International Journal of Epidemiology, da Universidade de Oxford, concluiu que a presença do fungo cresce, a longo prazo, quando há um aumento da armazenagem de água no solo. E, a curto prazo, há maior liberação de esporos quando aumenta a umidade absoluta do ar. A PCM afeta especialmente trabalhadores agrícolas e indivíduos que lidam diretamente com a terra contaminada com os esporos do fungo.

De acordo com a primeira autora do artigo, Ligia Barrozo, professora do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), da Universidade de São Paulo (USP), o agente da PCM, o Paracoccidioides brasiliensis, raramente tem sido identificado na natureza e não havia estudos correlacionando a incidência da doença com variáveis climáticas.

“Existem evidências de que as pessoas adquirem a doença por inalação dos esporos do fungo provenientes do solo. Mas há grande dificuldade para se isolar o fungo do solo e, por isso, não conhecemos muito bem a ecologia desse agente, ou seja, não sabemos quais são os ambientes mais favoráveis para seu desenvolvimento e por que algumas regiões têm incidência maior, por exemplo”, disse Ligia à Agência FAPESP.

Segundo ela, a doença, em sua forma crônica, pode demorar várias décadas para se manifestar, o que dificulta os estudos, já que um indivíduo infectado pode ter adquirido a micose em outra época, em locais muito diferentes. Por isso o estudo foi focado na forma aguda, que se manifesta no máximo em 11 meses.

“Utilizamos dados epidemiológicos de uma região endêmica importante, que é a de Botucatu, e analisamos 91 casos ocorridos em 40 anos. A partir das datas das ocorrências, procuramos correlações com diversas variáveis que estavam disponíveis no período estudado: precipitação, temperatura do ar, armazenamento de água no solo e umidade absoluta e relativa do ar”, afirmou.

Com isso, os cientistas chegaram a um modelo que explica, em 49% dos casos, a variação de incidência, tendo em conta a umidade absoluta do ar e o armazenamento de água no solo nos dois anos anteriores às infeccções. “Há uma série de outros fatores, além do clima, que explicam a ocorrência da doença. Portanto, a correlação da ocorrência da doença com os fatores climáticos em 49% dos casos foi algo estatisticamente bastante significativo”, explicou Ligia.

Alterações climáticas - A partir do modelo, a equipe procurou explicar qual seria o significado biológico, para o fungo, da correlação entre a incidência e as condições climáticas. “Vimos que o aumento da umidade absoluta do ar no ano da infecção é importante para a liberação de esporos do fungo. Mas, quando há um aumento da precipitação dois anos antes da infecção, a umidade no solo cresce e o fungo se desenvolve ainda mais”, disse.

Segundo Ligia, a principal contribuição do desenvolvimento do modelo consistiu em verificar que mudanças ambientais rotineiras podem alterar a incidência de doenças como a PCM.

“Há estudos mostrando, por exemplo, que as mudanças climáticas têm impacto sobre a dengue e a malária. Nosso trabalho indica que alterações climáticas também podem modificar a incidência de doenças menos conhecidas, que não são transmitidas por vetores específicos, como as micoses endêmicas”, disse.

O artigo mereceu um comentário na mesma edição do International Journal of Epidemiology, feito por Dennis Baumgardner, da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos.

Segundo o cientista norte-americano, o trabalho brasileiro “fornece evidências de que os fenômenos climáticos e as atividades humanas no nível ‘macro’ agem de forma integrada com fatores ecológicos em nível ‘micro’, afetando o crescimento, a disseminação e a infecção humana por fungos sistêmicos”.

Baumgardner afirma ainda que estudos como esse, “se não obtiverem sucesso definitivo, no futuro, em termos de previsão e mitigação da doença, podem servir para orientar a seleção de amostras ambientais e contribuir para resolver os mistérios que cercam os nichos ecológicos desses importantes fungos”.

Além de Ligia, participaram do estudo mais dois pesquisadores da USP: a meteorologista Maria Elisa Siqueira Silva, também do Departamento de Geografia da FFLCH, e Gil Bernard, do Laboratório de Pesquisa Médica em Dermatologia e Imunodeficiências e do Laboratório de Micologia Médica da Faculdade de Medicina.

Os outros autores são da Universidade Estadual Paulista (Unesp): Eduardo Bagagli, do Departamento de Microbiologia e Imunologia do Instituto de Biociências de Botucatu, Rinaldo Mendes, do Departamento de Doenças Tropicais da Faculdade de Medicina de Botucatu, e Silvio Marques, do Departamento de Dermatologia e Radioterapia. (Fonte: Agência Fapesp, 19/01/2010)

Genomas de vespas são publicados e despontam como modelo

Elas são minúsculas e letais; e o manejo bem feito de suas populações pode evitar bilhões de dólares de prejuízos na agricultura, além de proteger a saúde de seres humanos.

As vespinhas do gênero Nasonia estão entre os maiores aliados do homem no mundo dos insetos, embora seja difícil no dia-a-dia reconhecer esses bichos, alguns com o tamanho de uma cabeça de alfinete.

Mas sua importância para a ciência é tanta que nada menos que três espécies do gênero tiveram seu genoma sequenciado por um consórcio internacional de mais de 150 pesquisadores, incluindo alguns de instituições brasileiras: Nasonia vitripennis, N. giraulti, e N. longicornis.

Começou na sexta-feira passada a publicação de artigos científicos sobre o sequenciamento, com a sua descrição na revista "Science" e outro na revista "PLoS Genetics". Nas próximas semanas mais artigos vão surgir sobre um inseto que tem potencial de rivalizar com as famosas moscas-das-frutas na atenção dos geneticistas.

As Nasonia agem de modo diabólico e, numa visão antropocêntrica, extremamente cruel. A vespinha parasitóide pica sua vítima - que pode ser um ovo, uma pupa ou larva de outro inseto - e deposita seus ovos. A vítima continua viva e vai sendo comida aos poucos pelas larvinhas da vespa.

A iniciativa de sequenciar o genoma da Nasonia foi de John Werren, da Universidade de Rochester, no Estado de Nova York, e Stephen Richards, do Baylor College of Medicine, de Houston, no Texas.

"Existem mais de 600 mil espécies dessas incríveis criaturas, e nós devemos muito a elas. Se não fosse pelos parasitóides e outros inimigos naturais, nós estaríamos cheios até o joelho em insetos pragas", declarou Werren.

"Estas vespas são capazes de parasitar várias espécies de moscas, mas existe certa preferência por algumas espécies. Selecionar ou criar linhagens mais eficientes no ataque de determinada espécie é uma das possibilidades, mas não há pesquisa suficiente ainda para determinar os critérios de seleção para estes programas de melhoramento genético", afirma o brasileiro Alexandre dos Santos Cristino, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP.

"De fato, o sequenciamento do genoma é o primeiro passo para isto, já que revela o conteúdo genético que pode ser potencialmente modificado", continua Cristino. O grupo do Departamento de Biologia da USP de Ribeirão Preto também participou da publicação do genoma de abelha Apis mellifera, publicado em 2006.

Além de facilitar o estudo com as vespas e o grande potencial de aplicação na melhoria do controle de pragas agrícolas, o sequenciamento do genoma e a identificação dos genes vai facilitar estudos básicos em genética e evolução.

Sexo determinado - Um detalhe curioso é a diferença no material genético de machos e fêmeas. As vespas Nasonia são "haplodiplóides", isto é, os machos têm apenas um conjunto de cromossomos (são "haplóides"), as estruturas que abrigam os genes; já as fêmeas têm, assim como os seres humanos, dois conjuntos de cromossomos (são "diplóides").

Isso ocorre porque as fêmeas saem de ovos fertilizados, enquanto machos surgem de ovos que não o foram.

"Compreender como os organismos controlam a determinação do sexo é uma das questões mais importantes para as ciências biológicas", afirma Cristino.

"Sabemos agora que, para produzir um organismo viável, não é necessário ter os dois conjuntos de cromossomos de origem paterna e materna, basta um para ter todas as instruções de como construir um organismo", diz ele.

Lado humano - Apesar do tamanho diminuto, as vespinhas têm um belo genoma: 17 mil genes. A análise revelou que 12% deles se encontram só nestas vespas e 2,4% se encontram somente em insetos himenópteros (vespas, abelhas e formigas).

"E 40% destes genes também são encontrados em humanos. Esta vespa possui mais genes em comum com humanos do que todos os outros insetos com genomas sequenciados até agora", diz outro autor, Francis Morais Franco Nunes, também da USP de Ribeirão Preto.

A equipe de instituições brasileiras estudou um grupo de genes essenciais para o ciclo de vida dos insetos, que codificam proteínas chamadas "hexamerinas", usadas como reserva de aminoácidos para a construção de estruturas do organismo durante a metamorfose. São genes essenciais para os insetos atingirem o estágio adulto.

Já veneno da vespa é fundamental para ela paralisar o inseto alvo e poder depositar ovos. Metade dos genes que codificam moléculas do veneno das Nasonia era desconhecida antes do sequenciamento.

Há enorme variação no modo de ação dos venenos. Segundo os pesquisadores brasileiros, ele pode agir ao parar o desenvolvimento da pupa, alterar a fisiologia e o crescimento do organismo, suprimir a resposta imune, paralisar, causar morte celular e até mesmo provocar alterações do comportamento.

Ou seja, as vespinhas são donas de uma farmacopeia com excelente potencial para a elaboração de novas drogas. (Fonte: Folha Online, 19/01/2010)

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Ave do Ártico percorre seis vezes distância da Terra à Lua

da BBC Brasil


Sterna paradisaea pássaro conhecido como andorinha-do-mar-ártica, percorre seis vezes a distância da Terra à Lua







Um estudo publicado na segunda-feira (11) sugere que o pássaro Sterna paradisaea, conhecido como andorinha-do-mar-ártica, migra anualmente da Groenlândia até a Antártida, cobrindo uma distância de mais de 70 mil km, no que pode ser a maior migração anual conhecida.

A pesquisa, publicada na revista científica "Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of América", fez um cálculo para afirmar que as aves, que pesam cerca de 100 gramas, percorrem, em média, o equivalente a três vezes a distância ida e volta da Terra à Lua (ou seis vezes a ida) durante seus 34 anos de vida.

O grupo de cientistas, liderados por Carsten Egevang, do Instituto de Recursos Naturais da Groenlândia, usou mecanismos de rastreamento acoplados às aves.

As andorinhas colocam seus ovos na Groenlândia, mas deixam a região ártica durante o inverno, buscando águas mais quentes da Antártida, durante o verão no hemisfério sul.

Detalhes

O resultado dos estudos sugere ainda que as aves não voam imediatamente rumo ao sul, mas passam um mês "abastecendo-se" de alimentos no Atlântico norte.

Os pássaros então seguem rumo à costa africana, quando, na altura de Cabo Verde, ocorre uma divisão.

Um grupo segue margeando o continente e outro cruza o oceano e viaja em direção à Antartida pela América do Sul.

Na volta, os pássaros não seguem pela rota mais curta, mas fazem desvios de milhares de kms para aproveitarem-se de correntes marítimas e poupar energia.

"O estudo proporcionou uma informação muito detalhada sobre o comportamento migratório das aves ao longo de um ano, quando normalmente é muito difícil seguir o fluxo com tanta exatidão", disse Egevang.

(Fonte: Jornal Folha de São Paulo, 12/01/2010)

Biólogos mapeiam diferenças no DNA entre raças de cães



GIULIANA MIRANDA
colaboração para a Folha de S. Paulo


A pele enrugada do shar-pei, o tamanho compacto do poodle toy e várias características marcantes dos cachorros de raças domésticas estão sendo mapeadas.

No mais abrangente estudo já feito sobre o DNA dos cães, pesquisadores vasculharam o código genético de 275 animais de dez raças diferentes e identificaram alguns genes responsáveis pela aparência desses animais.

trabalho, descrito em um estudo publicado nesta terça-feira (12) na revista "PNAS", mostra as marcas da interferência humana no DNA dos cachorros.

Durante séculos, as técnicas de criação e reprodução canina têm produzido animais moldados de acordo com a vontade dos humanos. Essas alterações não são necessariamente favoráveis aos bichos, mas, por meio de seleção artificial, foram incorporadas às raças.

Os cães de raça acabaram virando uma ótima plataforma de estudos para geneticistas, pois variam muito de características. Um estudo americano do ano passado, por exemplo, já tinha mapeado as diferenças de pelagem entre os cachorros.

"Os cães são um objeto de estudo fantástico, porque têm uma das maiores variações de fenótipos [características manifestas] entre os mamíferos", disse à Folha o líder da pesquisa na "PNAS", Joshua Akey, da Universidade de Washington.

DNA responsável

A partir da análise de mais de 3.500 amostras de DNA, os cientistas identificaram 155 regiões do genoma dos cachorros que, potencialmente, seriam responsáveis por traços característicos, como a cor do pelo e o tamanho do patas.

Ao cruzar as informações, eles avaliaram a incidência das combinações genéticas e os efeitos que elas causam sobre as raças.

Embora preliminares, os resultados sugerem que a maioria dos aspectos marcantes das raças seriam causados por um gene específico, ou por um pequeno grupo deles.

"Isso é um passo importante, porque mostra que os criadores deram novos atributos a seus cachorros simplesmente recrutando uns poucos genes responsáveis por esses traços em outras raças", avalia Mark Neff, da Universidade da Califórnia em Davis, que coordenou a análise.

Alguns dos grupos mapeados, que reuniam em média 11 genes, foram achados em raças parecidas. Por isso, os cientistas atribuem a eles os aspectos gerais da composição física dos cães.

Miniatura

A aparência de miniatura dos animais do grupo toy, por exemplo, adviria de uma variação do gene IGF1, que influencia suas dimensões. Outros genes têm efeito exclusivo em certas raças. Uma variação do gene HAS2, por exemplo, causa o enrugamento da pele do shar-pei.

Uma das descobertas mais importantes do estudo, segundo os cientistas, foi a correspondência da ação de certos genes também em humanos.

O gene HAS2, nas pessoas, provoca deformações graves na pele. As mesmas variações no gene HGMA2, apontado pelos cientistas como possível responsável pela regulação do tamanho do dachshund, também causam nanismo no homem.

Como os cães vivem no mesmo ambiente e, muitas vezes, sofrem das mesmas doenças que as pessoas, o estudo de suas características pode ajudar na pesquisa sobre doenças humanas, dizem os cientistas.

"A descoberta da localização e da função dos genes nos cães ajuda a identificá-los no homem e foi uma das nossas motivações", afirma Akey.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Corais



(FOnte: Folha de São Paulo, 08/01/2010)

Cabelos enrolados têm distribuição de queratina mais irregular

C. CLAIBORNE RAY
do New York Times

Pergunta: Meu filho, que tinha cabelos completamente lisos ao nascer, desenvolveu cabelos muito enrolados na puberdade. Isso ocorre porque os folículos capilares mudam de forma, talvez influenciados por mudanças hormonais?

Resposta: O formato do cabelo é ligado, há tempos, ao formato dos folículos capilares, e existem evidências de que a mudança hormonal pode afetá-los em estágios como a puberdade, gravidez e menopausa.

Quando a quimioterapia para matar células de câncer afeta outras células de rápido crescimento, como aquelas do folículo capilar, o cabelo mostra mudanças na textura e curvatura quando volta a crescer. A genética também afeta a textura do cabelo, assim como doenças metabólicas.

Um estudo de 2007 com cabelos lisos e enrolados, realizado pelo braço de pesquisa do conglomerado de cosméticos L'Oreal e publicado no "The International Journal of Dermatology", descobriu diferenças estruturais na distribuição de uma proteína chamada queratina no duto capilar, atribuindo a ela parte da influência sobre o formato do folículo capilar no bulbo antes da saída do fio.

Em cabelos enrolados, segundo o estudo, mais queratina se acumulava no lado côncavo da curva, enquanto no cabelo liso, as células de queratina estavam distribuídas igualmente. A substância do cabelo, dessa forma, parecia reter uma memória do bulbo reto ou em formato de gancho.

Os pesquisadores da L'Oreal também cultivaram bulbos capilares para observar o crescimento de cabelos no tubo de ensaio, e teorizaram que o tratamento por hormônios poderá, algum dia, ser empregado para alterar a textura dos cabelos.
(Fonte: Journal New York Times, 25/11/2009)

Maquiagem para olhos no Antigo Egito tinha virtudes medicinais



Além da estética, a maquiagem para os olhos no Antigo Egito tinha propriedades medicinais, como acabam de elucidar químicos franceses.
Há 4.000 anos, os egípcios misturavam frequentemente chumbo à maquiagem para os olhos. Naquela época, os médicos gregos e romanos afirmavam que este metal era benéfico para os olhos.

Hoje em dia, o chumbo é mais conhecido por ser um metal potencialmente tóxico.

Para entender melhor este uso do chumbo como cosmético, a equipe de pesquisadores coordenada por Christian Amatore avaliou o impacto de uma escassa quantidade de chumbo em uma célula da pele.

Os pesquisadores constataram que em doses ínfimas, o chumbo não mata a célula. Induz a produção no organismo de uma molécula, o monóxido de azoto, conhecida por ativar o sistema imunológico.

Assim sendo, a aplicação desta maquiagem com chumbo pode provocar um mecanismo de defesa que, em caso de infecção dos olhos, limita a proliferação das bactérias.

O estudo coordenado por Amatore foi publicado antecipadamente nesta quinta-feira na edição on-line da revista especializada "Analytical Chemistry" do dia 15 de janeiro.

Para a demonstração, os pesquisadores utilizaram laurionita, um cloreto de chumbo que está entre os sais sintetizados pelos egípcios daquela época, para observar sua ação em uma célula isolada da pele com a ajuda de ultramicroeletrodos, uma ferramenta eletroquímica moderna miniaturizada que permite analisar sinais muito fracos emitidos por uma única célula.

Após colocar ínfimas quantidades de solução de laurionita na célula de pele, os pesquisadores observaram uma superprodução de dezenas de milhares de moléculas de azoto (NO). O azoto intervém como mensageiro do sistema imunitário ao estimular a chegada de macrófagos, células que atuam como limpadores do organismo ao ingerir bactérias vivas e resíduos diversos.

Assim, em vez de ser tóxica, a ínfima quantidade de chumbo misturada à maquiagem protegia os olhos de infecções bacterianas, segundo o estudo.
(Fonte: France Presse,09/12/2009)

Tarântulas podem soltar pelos que causam irritação nos olhos

DENISE GRADY
do New York Times

Quando um homem de 29 anos entrou numa clínica de oftalmologia inglesa reclamando de um olho muito dolorido, úmido e vermelho, os médicos inicialmente suspeitaram de um vírus.

Então eles analisaram mais de perto, e descobriram algo bastante diferente: finas projeções, como fios de cabelo, incrustadas na córnea do paciente.

Assim que os médicos, do Hospital da Universidade St. James, em Leeds, disseram ao paciente o que haviam visto, ele se lembrou do que havia ocorrido logo antes de começarem os problemas em seu olho. Ele limpava o aquário de sua tarântula de estimação, quando ela repentinamente liberou "uma névoa de pêlos", que o atingiu nos olhos e no rosto.

Acontece que algumas espécies de tarântulas possuem uma arma defensiva chamada "pêlos urticantes", que podem empregar quando ameaçadas. Esfregando suas pernas traseiras contra seu abdômen, as tarântulas liberam uma nuvem desses minúsculos cabelos, que contêm diversas farpas e podem causar uma tremenda irritação nos olhos, pele e vias aéreas de qualquer criatura desafortunada que chegar perto demais.

Os pêlos eram finos demais para ser retirados da córnea do paciente, mesmo com micropinças sob um microscópio. Tudo que os médicos podiam fazer era tratar a inflamação em seu olho com medicamentos de esteróides. Quase um ano depois, o homem está muito melhor, mas não completamente recuperado. Num relatório de caso intitulado "Olho do Homem Aranha" publicado no "The Lancet", um jornal médico, seus médicos sugerem que "donos de tarântulas sejam alertados a usar proteção ocular ao lidar com esses animais".
(Fonte: JOurnal New York Times, 07/01/2010)

Biólogo vê esquema de punição social em relação entre peixes

RICARDO BONALUME NETO
da Folha de S. Paulo



Um experimento feito em aquário revelou que um pequeno peixe de recife de coral do Pacífico age como o marido machista cuja mulher deixou queimar a comida: dá uma coça na patroa.

O trabalho revelou um caso raro de punição por terceira pessoa, na qual um indivíduo não envolvido na ofensa pune o perpetrador, apesar de a vítima não ser ele próprio.

O agressor em questão é o bodião-limpador, que se alimenta de pequenos parasitas no corpo de peixes maiores. Esses "clientes" fazem até fila para que sejam limpos pelos bodiões, num processo benéfico às duas partes: o mutualismo.

Apesar de comer pequenos crustáceos parasitas, porém, o limpador gosta ainda mais de comer o muco que recobre o peixe maior. Só que, quando isso acontece, o cliente se afasta.

Um casal de bodiões pode trabalhar junto na limpeza. O experimento agora mostrou que, se o macho perde o jantar após a fêmea morder o cliente, ele a pune mandando a moça para longe da área de limpeza.
Trapaça pela ciência

O experimento usou uma placa de acrílico para simular o cliente. Um lado da placa tinha comida mais atraente, pequenos camarões, que simulavam o muco.

Só que, cada vez que a fêmea comia um camarão, a placa era tirada do aquário e o macho também perdia seu jantar. Como resultado, nadava agressivamente atrás da fêmea.

Os biólogos também notaram que a fêmea, depois de comer um camarão e ter a placa removida, tendia a evitar a comida melhor quando a placa era recolocada depois.

"A evolução da punição é fácil de entender, nós praticamente mostramos porque ela ocorre", disse à Folha Redouan Bshary, da Universidade de Queesland (Austrália), um dos autores de estudo sobre o bodião que sai nesta sexta-feira (8) na revista "Science".

"Os machos são "vítimas secundárias" quando a fêmea engana um cliente comum. Se o cliente parte, os machos perdem tempo em busca de comida e, por isso, reagem agressivamente", explica ele.

Ao tornar as fêmeas mais cooperativas em interações futuras, os machos têm benefício direto, pois poderão se alimentar por mais tempo nos clientes futuros.

E, se der vontade de enganar o cliente, quem dará a beliscada no muco será o macho. As fêmeas só não reagem a essa injustiça porque são mesmo menores e mais fracas.

Bshary e seus colegas afirmam no estudo que o estabelecimento desse tipo de punição contra perdas pessoais pode ter sido um passo evolutivo no aparecimento da punição exemplar de malfeitores, como acontece com seres humanos.
(Fonte: Folha de São Paulo, 08/01/2010)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Peixes e aves codificados

O método de classificação de DNA barcoding, para identificar espécies por trechos de seus genomas apresentados em forma de código de barras, está auxiliando cientistas a descobrir e a mapear peixes e aves em todo o planeta.

Iniciado em 2005, o All Birds Barcoding Initiative (ABBI) pretende montar um arquivo de 10 mil espécies de aves com seus respectivos códigos de barras de DNA. De acordo com o argentino Pablo Tubaro, líder da iniciativa, o método tem apresentado bons resultados e apenas duas espécies não puderam ser identificadas por meio da técnica no continente americano.

“Essa relativa facilidade em identificar aves faz do ABBL um centro gerador de procedimentos para sequenciamentos de outras espécies animais e vegetais”, disse Tubaro, que em dezembro participou do Simpósio Internacional sobre DNA Barcoding do Programa Biota-FAPESP, na sede da Fundação.

O trabalho já permitiu descobertas que vão além da identificação de espécies. Ao fazer o levantamento de populações na América do Sul, os pesquisadores descobriram espécies que estão presentes tanto na região de Yungas, entre a Bolívia e a Argentina, como na vegetação atlântica brasileira, dois sistemas que não possuem ligação atualmente. “Desconfiamos que essas regiões eram ligadas por uma vegetação contínua no passado”, apontou Tubaro.

Graças ao DNA barcoding, os cientistas descobriram, por exemplo, que 99% das espécies de aves presentes no Uruguai estão na Argentina. Das espécies do Sul do Brasil, 94% também estão presentes na Argentina, mas aquele país compartilha apenas 52% de suas aves com a Bolívia. “Isso indica a enorme diversidade de pássaros da Bolívia”, afirmou.

O banco de dados da ABBI pretende ser uma fonte de referência para estudiosos e interessados em pássaros. Segundo Tubaro, a boa qualidade das identificações permite que os dados tenham aplicações que vão desde aplicações em investigações forenses até estudos de biologia evolucionista.

Barbatanas de tubarões - Aplicações inusitadas também ocorrem em outra iniciativa com DNA barcoding, o Fish Barcode of Live Initiative (Fish-BOL). Com auxílio da técnica, pesquisadores que participam do projeto analisaram, por exemplo, várias toxinas do peixe baiacu.

A técnica também permitiu mapear todas as espécies de tubarões que frequentam os mares da Austrália, que foram identificados por meio de características de suas barbatanas.

O canadense Robert Hanner, coordenador do Fish-BOL, conta que o necessita de sistemas robustos de identificação de espécies, o que significa critérios e metodologias padronizadas de coleta de informações e de produção de dados. A solução para essa demanda foi centralizar os trabalhos em uma instituição especialmente projetada para a tarefa.

O Canadian Centre for DNA Barcoding (CCDB), da Universidade de Guelph, em Ontário, foi concebido, segundo Hanner, para ser uma verdadeira “fábrica de barcoding”. “Com ele, conseguimos aumentar a quantidade e a qualidade do sequenciamento”, afirmou.

Os trabalhos do CCDB já garantiram o sequenciamento de 95% dos peixes de água doce do Canadá e 98% dos peixes ornamentais comercializados para aquários. Entre as contribuições desses estudos está a separação de populações que se imaginava serem formadas por uma só espécie. Também foram detectadas espécies idênticas que haviam recebido nomes diferentes quando foram registradas.

Segundo Hanner, o Brasil tem um enorme campo de trabalho em mapeamento de espécies de peixes. Ao mostrar um mapa do país, o pesquisador lembra que as principais espécies já catalogadas com DNA barcoding estão nas regiões Sul e Sudeste.

“Ainda há muito peixe para ser registrado nadando no resto do país”, disse. Ao todo, foram codificados 904 tipos de peixe na América Latina, muito pouco diante de um universo estimado em mais de 8 mil espécies. (Fonte: Agência Fapesp, 06/01/2010)

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Fósseis de animais gigantes são encontrados em obra de rodovia no AC

Animais gigantes que viveram no Brasil há milhões de anos estão sendo encontrados no Acre durante escavações para a reforma de uma rodovia. Os achados mais recentes dos pesquisadores ainda estão em fase de identificação, mas uma das peças já reconhecidas mostra um jacaré de mais de 10 metros de comprimento, o Mourasuchus, que vivia na pré-história.

Pesquisas indicam que há oito milhões de anos, não havia ali floresta, mas um enorme pantanal. Os dinossauros já haviam desaparecido havia muito tempo e a Amazônia era habitada por grandes mamíferos, como o mastodonte, um parente do elefante.

Ossos desses animais são guardados em um acervo no Acre, que tem a maior e melhor coleção de partes de animais pré-históricos da Amazônia. São mais de 5 mil peças, sendo que 800 foram encontradas durante as obras da BR-364, que liga a capital, Rio Branco, à cidade de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre.

Uma das peças do acervo acreano é a o osso da perna de um toxodonte, antepassado dos atuais hipopótamos africanos. O mais temido predador desse período era um réptil, o purussauros. De ponta a ponta, o bicho media mais de 12 metros.

“Existem registros de purussauros na Colômbia, na Venezuela, no Equador, mas o maior de todos é tipicamente encontrado na nossa região.”, afirma o paleontólogo Jonas Filho.

Outra peça interessante é a carapaça da tartaruga mata-matá, que mede 2,46 metros – pelo menos quatro vezes maior do que uma tartaruga adulta que vive hoje na região.

Os pesquisadores acreditam que esses gigantes desapareceram depois de uma grande seca provocada pelo surgimento da Cordilheira dos Andes. Foi nessa época que começaram a surgir muitos dos animais que hoje povoam a floresta amazônica.

“Essa é uma extinção que a própria natureza se encarregou de repor. Em uma extinção provocada, pode não haver tempo suficiente para que a gente possa recuperar um ambiente já degradado”, afirma Jonas. (Fonte: Globo Amazônia, 05/01/2010)

Fibra amazônica parente do abacaxi entusiasma agricultores no Pará

Agricultores do oeste do Pará estão entusiasmados com o resultado da produção da fibra de curauá, uma planta da Amazônia paraense parente do abacaxi. A planta, depois de processada, é usada na indústria de colchões, calçados e carros.

Há três anos, o agricultor Antônio dos Santos Corrêa deixou a roça, que ficava distante de casa, para trabalhar no próprio quintal. No espaço de um hectare (cerca de um campo de futebol), ele cultiva o curauá. “Eu chego a fazer por dia R$100,00”, falou.

O negócio com fibra vegetal cresceu. Foi preciso chamar o sobrinho. Empolgado o ajudante já planeja o próprio negócio. “Esse ano que vem eu estou no projeto. Foi trabalhar com ele, mas para mim”, planeja o trabalhador rural Arlisson Francisco.

Para ter sucesso no cultivo, os agricultores contam com a ajuda de engenheiros agrônomos que ensinam a preparar a terra, como escolher as mudas e as diversas formas de aproveitamento do curauá.

“Seis por cento da biomassa é fibra. Os outros 94% são transformados num resíduo que o produtor pode aproveitar como ração animal e como adubo orgânico”, explica o agrônomo Cristovan Sena.

As folhas passam pelo processo de descorticação, que separa as fibras, vendidas para uma indústria de beneficiamento. Em 2009, uma indústria comprou dos pequenos produtores da região mais de 34 mil quilos de fibra de curauá.

O negócio será ampliado. O produto está sendo introduzido no setor têxtil para a fabricação de tecido em composição com seda e viscose e o de plástico injetável em substituição à fibra de vidro.

Por enquanto, o setor automobilístico é o que mais compra o produto, usado no acabamento interno dos carros. (Fonte: Globo Amazônia, 05/01/2010)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Pesquisas mostram que plantas reagem aos perigos externos







Parei de comer carne de porco há cerca de oito anos. Alguns anos depois, parei de comer qualquer carne de mamíferos. No entanto, ainda como peixe e aves, e derramo gemada em meu café. Minhas decisões alimentares são arbitrárias e inconsistentes.

Quando amigos me perguntam por que estou disposta a abandonar o pato, mas não o carneiro, não tenho uma boa resposta. Escolhas alimentares são muitas vezes assim: difíceis de articular, mas vigorosamente mantidas. Ultimamente, discussões sobre escolhas de alimentos têm reluzido com especial veemência.

Em seu novo livro, "Eating Animals," o romancista Jonathan Safran Foer descreve sua transformação gradual de onívoro, um distraído preguiçoso que "passeava entre um número de dietas", para um "vegetariano comprometido".

As plantas reagem a dicas táteis, reconhecem diferentes comprimentos de onda de luz, escutam sinais químicos, elas podem até mesmo falar através de sinais químicos. "

No mês passado, Gary Steiner, filósofo da Universidade Bucknell, argumentou no "New York Times" que as pessoas deveriam lutar para serem "vegetarianos rigorosamente éticos" como ele próprio, evitando qualquer produto derivado de animais, incluindo lã e seda. Matar animais por comidas e roupas humanas é nada menos que um "absoluto assassinato", disse ele.

Porém, antes de cedermos toda a cobertura moral a "vegetarianos comprometidos" e "vegetarianos de forte ética", podemos considerar que as plantas não aspiram ser cozidas numa panela mais do que um porco quer virar comida de Natal. Isto não pretende ser um argumento banal ou uma piadinha. As plantas são seres vivos e planejam continuar dessa forma.

Sensibilidade aguçada

Quanto mais os cientistas aprendem sobre a complexidade das plantas – sua aguçada sensibilidade ao ambiente, a velocidade com que reagem a mudanças no ambiente e o extraordinário número de truques que elas empregam para combater atacantes e solicitar ajuda de longe –, mais impressionados eles ficam.

Quando biólogos de plantas falam de seus assuntos, usam verbos ativos e imagens vívidas. As plantas "buscam" recursos como luz e nutrientes do solo, e "preveem" momentos ruins e oportunidades.

Ao analisar a proporção de luz vermelha e luz vermelha distante caindo em suas folhas, por exemplo, elas podem pressentir a presença de outros concorrentes clorofilados por perto, e tentar crescer para outro lado. Suas raízes percorrem a "rizosfera" subterrânea e empregam trocas interculturais e microbiais.

"As plantas não são estáticas ou tolas", disse Monika Hilker, do Instituto de Biologia da Universidade Livre de Berlim. "Elas reagem a dicas táteis, reconhecem diferentes comprimentos de onda de luz, escutam sinais químicos, elas podem até mesmo falar" através de sinais químicos. Tato, visão, audição, fala. "Essas são modalidades sensoriais e habilidades que normalmente ligamos apenas a animais", disse Hilker.

Plantas não podem correr de uma ameaça, mas podem defender seu território. "Elas são muito boas em evitar serem comidas", disse Linda Walling, da Universidade da Califórnia, em Riverside. "Insetos conseguirem sobrepujar essas defesas é uma situação incomum".

As plantas não são estáticas ou tolas "

À menor mordiscada em suas folhas, células especializadas na superfície da planta liberam elementos químicos para irritar o predador, ou uma substância pegajosa para prendê-lo. Genes no DNA da planta são ativados para travar guerras químicas em todo o sistema, a versão da planta para uma reação imunológica. Nós precisamos de terpenos, alcaloides, fenólicos – vamos nos mexer.

"Estou surpreso com a rapidez com que essas coisas acontecem", disse Consuelo de Moraes, da Universidade Estadual da Pensilvânia. De Moraes e seus colegas realizaram experimentos para cronometrar a reação de uma planta e descobriu que, em menos de 20 minutos do momento em que a lagarta começou a se alimentar de suas folhas, a planta havia puxado carbono do ar e construído barreiras defensivas do zero.

Só porque nós, humanos, não as ouvimos, não significa que as plantas não uivem. Algumas das barreiras que as plantas geram em resposta à mastigação de insetos são elementos químicos voláteis que servem como pedidos de socorro.

Socorro

Tais alarmes aerotransportados provaram atrair grandes insetos predatórios como libélulas, que se deleitam com carne de lagartas, além de pequenos insetos parasitas, que podem infectar uma lagarta e destruí-la de dentro para fora.

Os inimigos dos inimigos das plantas não são os únicos sintonizados na transmissão de emergência. "Algumas dessas dicas, alguns desses elementos voláteis que são liberados quando uma planta focal é danificada", disse Richard Karban, da Universidade da Califórnia, em Davis, "fazem com que outras plantas da mesma espécie, ou mesmo de outras espécies, também se tornem mais resistentes a herbívoros".

Hilker e seus colegas, assim como outras equipes de pesquisadores, descobriram que certas plantas sentem quando ovos de insetos foram depositados em suas folhas, e agirão imediatamente para se livrar da ameaça incubada. Elas podem desenvolver tapetes de neoplasmas parecidos com tumores para derrubar os ovos, ou secretar inseticida para matá-los.

Mesmo se você já tem um conhecimento considerável sobre as plantas ainda é surpreendente ver como elas podem ser sofisticadas ".

Em artigo no "The Proceedings of the National Academy of Sciences", Hilker e seus colegas determinaram que quando uma borboleta fêmea põe seus ovos sobre uma couve de Bruxelas e prende seus tesouros às folhas com pequenas gotas de cola, o vegetal detecta a presença de um simples aditivo da cola, cianureto de benzil.

Avisada pelo aditivo, a planta rapidamente altera a química da superfície de sua folha para chamar vespas parasitas fêmeas. Ao ver o prêmio ancorado, a vespa fêmea injeta seus próprios ovos dentro, as vespas em gestação se alimentam das borboletas em gestação, e o problema da planta está resolvido.

O cianureto de benzil foi doada à borboleta fêmea pelo macho, durante o acasalamento. "É um feromônio anti-afrodisíaco, para que a fêmea não acasale novamente", explicou Hilker. "O macho está tentando assegurar sua paternidade, mas acaba pondo em risco sua própria descendência".

As plantas espiam umas às outras de forma benigna e maligna. Conforme descreveram em "Science" e outros jornais, De Moraes e seus colegas descobriram que mudas de cuscuta, uma erva daninha parasítica parente das flores chamadas de "morning glory", podem detectar químicos voláteis liberados por plantas hospedeiras em potencial, como o tomate.

A jovem cuscuta, então, cresce inexoravelmente na direção do hospedeiro, até conseguir circundar o caule da vítima e começar a sugar sua seiva. A parasita pode até distinguir perfumes de pés de tomate mais saudáveis ou fracos, e se dirigir ao mais conveniente.

"Mesmo se você já tem um conhecimento considerável sobre as plantas", disse De Moraes, "ainda é surpreendente ver como elas podem ser sofisticadas".
É uma pequena tragédia diária que nós, animais, precisemos matar para continuar vivos.

As plantas são os autotrófitos éticos aqui, aqueles que retiram suas refeições do sol. Não espere que elas se vangloriem: elas estão ocupadas demais lutando pela sobrevivência.
(Fonte: New York Times/G1, 04/01/2010)

domingo, 3 de janeiro de 2010

Recifes do Caribe, cada dia mais ameaçados

Efeitos da degradação ambiental são visíveis até nas áreas mais protegidas

Herton Escobar, BONAIRE

As águas transparentes do Caribe não conseguem mais esconder a tragédia ambiental que se passa dentro delas. Poucos metros abaixo da superfície, os recifes de coral da região - assim como os do resto do mundo - estão cada vez mais ameaçados. Estudos indicam que quase 20% dos ecossistemas recifais do mundo já foram exterminados nas últimas décadas pela poluição, pesca predatória e outros impactos trazidos pelo homem. Outros 15% correm sério risco de morrer nos próximos 10 a 20 anos, segundo o último relatório sobre o Estado dos Recifes de Coral do Mundo, produzido em 2008.

O Caribe é a região mais impactada, com 14% de seus recifes já mortos e outros dois terços ameaçados de alguma forma por atividades humanas.

No lugar de ecossistemas altamente dinâmicos e diversificados, repletos de vida multicolorida, o que se vê hoje em muitos mergulhos são paisagens moribundas, delineadas por esqueletos de calcário em que pequenas "manchas" de coral vivo lutam para sobreviver em meio a uma invasão de algas e outros organismos oportunistas. Entre os sobreviventes, muitos estão doentes. E as coisas só devem piorar daqui para frente com o aumento da temperatura e a acidificação da água, efeitos do aquecimento global (mais informações na página ao lado).

"Estamos numa emergência. A situação, que já era crítica sem as mudanças climáticas, tende a ficar muito pior", diz a especialista em biologia marinha Nancy Knowlton, do Museu Nacional de História Natural do Instituto Smithsonian, em Washington. A perda global de cobertura coralínea (porcentual de coral vivo sobre os recifes) nos últimos 30 anos, segundo ela, foi de 60%. No Caribe a redução chega a 80%.

Mesmo em lugares considerados "de baixo risco", os sinais de degradação são evidentes. A reportagem do Estado visitou a ilha de Bonaire, parte das Antilhas Holandesas, no sul do Caribe, onde supostamente estão alguns dos recifes de coral mais bem preservados da região. O que se vê debaixo d"água é uma mistura de beleza e destruição. Um ecossistema sufocado. Corais mortos e doentes por todos os lados. Paredões inteiros cobertos por algas. E quase nenhum grande peixe à vista.

Inventários locais indicam que mais da metade da cobertura coralínea de Bonaire já desapareceu nos últimos 20 anos, talvez para sempre. "Tenho pena dos mergulhadores que chegam aqui e acham isso lindo", diz o matemático Genady Filkovsky, que colabora com um projeto voluntário de monitoramento da água na ilha. "Só acham isso porque não viram como era antes."

O problema, segundo pesquisadores locais, é simples: poluição. Bonaire tem cerca de 14 mil habitantes (mais alguns milhares de turistas), nenhuma fonte de água potável e nenhuma estação de tratamento de esgoto. Toda a água usada na ilha é retirada do mar e dessalinizada para consumo humano.

Os efluentes são lançados em fossas, que são drenadas para um aterro público no interior da ilha, sem impermeabilização. Inevitavelmente, o líquido penetra no solo poroso (de origem coralínea) e volta para o oceano. "A água sai do mar limpa e salgada e retorna suja e doce", resume Albert Bianculli, presidente da Fundação Seamonitor, responsável pelo projeto de monitoramento.

Em 1999, ondas de até 5 metros criadas pelo furacão Lenny danificaram gravemente os ecossistemas de águas rasas (até 10 metros de profundidade) de Bonaire. Em condições normais, os corais seriam capazes de se recuperar e recolonizar os recifes. Por causa dos "nutrientes" lançados na água pelo esgoto (principalmente fósforo e nitrogênio), porém, quem tomou conta do lugar foram as algas.

"Corais são animais que gostam de águas claras, com muita luz e poucos nutrientes", explica a bióloga Rita Peachey, da Estação de Pesquisa CIEE, há três anos em Bonaire. Ela explica que o esgoto funciona como um fertilizante para as algas, que crescem muito mais rápido do que os corais: 1 centímetro por semana, versus 1 centímetro por ano.

Uma vez que as algas se fixam no recife é quase impossível despejá-las enquanto houver excesso de nutrientes na água. "A alga vence sempre", diz Bianculli. Os corais acabam marginalizados e encurralados em sua própria casa.

O problema é exacerbado pela ausência do ouriço preto de espinho longo (Diadema antillarum), espécie que era o principal herbívoro dos recifes caribenhos até 1983, quando foi quase exterminada por um evento de mortandade em massa. Sem os ouriços, sobraram só os peixes-papagaios para comer as algas que competem com os corais. "Se não fosse por esses peixes, estaríamos em sérios apuros", diz Rita.

Outra pista do desequilíbrio ambiental em Bonaire é a proliferação do caramujo língua-de-flamingo, um molusco que se alimenta de gorgônias e outros tipos de corais "moles" (parecidos com plantas). Segundo Rita, até alguns anos atrás, um mergulhador ficava feliz de ver dois ou três desses belos moluscos durante um mergulho. Agora, é fácil encontrar 30 ou até mais animais devorando um mesmo coral. A causa mais provável é o sumiço dos predadores naturais do caramujo, como as garoupas, cujas populações diminuíram drasticamente por causa da sobrepesca.

Quem anda marcando presença em Bonaire nos últimos meses é um outro predador, de origem asiática: o peixe-leão. Muito bonito, muito agressivo, e muito indesejado. Trata-se de uma espécie invasora, provavelmente trazida pela água de lastro de navios e que, se não for controlada, poderá ser transformar numa praga.

Nenhum desses problemas é exclusivo de Bonaire. Pelo contrário, a ilha é classificada como uma das mais "saudáveis" do Caribe. Um mau presságio para os recifes que garantem a sobrevivência de milhões de peixes e pessoas na região.
(Fonte: O Estado de São Paulo, 03/01/2010)

Serviço 0800 ajuda a identificar doenças raras

Médicos de todo o País recorrem à equipe da Unifesp para confirmar diagnósticos de erros do metabolismo

Alexandre Gonçalves

Com apenas dois anos, Matheus Almeida foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital do Servidor Estadual. Só conseguia respirar com a ajuda de aparelhos. Os antibióticos não venciam a infecção que debilitava seu pequeno corpo e os médicos eram incapazes de um diagnóstico.

Cansados de um esforço ineficaz, decidiram solicitar ajuda para uma equipe especializada em doenças que poucos conhecem, mesmo nas faculdades de Medicina. Ligaram para o 0800 do Instituto de Genética e Erros Inatos do Metabolismo (Igeim), ligado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O telefone 0800 ajuda médicos do Brasil inteiro a diagnosticar erros inatos do metabolismo, distúrbios hereditários que afetam o funcionamento das células. "Mesmo nas melhores faculdades o assunto só é tratado de raspão", diz a geneticista e idealizadora do projeto, Ana Maria Martins, que também leciona na Unifesp. Como consequência, muitas pessoas em todo o País sofrem com um mal cuja causa permanece desconhecida. Há cerca de 550 erros inatos do metabolismo conhecidos. Existe tratamento para a metade deles. As doenças atingem um a cada 2,5 mil nascidos vivos.

Em menos de 24 horas, o pediatra Marco Silveira, do Igeim, contactou os médicos do Hospital do Servidor Estadual para colher mais informações sobre Matheus. Anotou tudo cuidadosamente.

Os dados alimentaram a discussão de uma junta multidisciplinar reunida ao redor de uma mesa coberta de tratados de medicina: os especialistas também dependem da bibliografia quando o tema são erros genéticos raros. O grupo decidiu sugerir um exame de sangue à equipe que cuidava de Matheus.

O exame demorou dez dias para ficar pronto. "Foram momentos de muita ansiedade, pois meu filho ficava cada vez pior", recorda a professora Cristina Moraes, mãe de Matheus.

O resultado confirmou as suspeitas do grupo do Igeim: Matheus tem mucopolissacaridose do tipo um (MPS-I). Cristina recorda como a geneticista Ana Maria Martins explicou a doença: "Imagine uma cozinha cheia de louça suja e sem água." O corpo de Matheus não produz uma enzima necessária para eliminar sobras do metabolismo.

Já existe um tratamento para a MPS-I: uma terapia baseada na reposição da enzima ausente. Não havia tempo a perder. Silveira e Ana Maria foram até a UTI do Hospital do Servidor Estadual e realizaram a primeira reposição enzimática com um remédio cedido pela Associação Paulista de Mucopolissacaridoses. Também orientaram a equipe de enfermagem do hospital que ainda não sabia como tratar a doença.

Após a segunda reposição, Matheus conseguiu respirar sozinho. Depois de um mês, voltou para casa. Ana Maria, fundadora do Igeim, mostra com orgulho o convite para o aniversário de três anos de Matheus.

AUXÍLIO

Com o atraso no diagnóstico, muitos erros inatos do metabolismo geram sequelas. A MPS, por exemplo, pode produzir complicações respiratórias graves, deformidade do crânio, infecções recorrentes, cegueira e hidrocefalia. Se diagnosticada precocemente, os danos diminuem muito.

Desde agosto do ano passado, quando o 0800 foi lançado, cerca de 200 pessoas já utilizaram o serviço, que é voltado especificamente para profissionais de saúde (mais informações nesta página). Em 18 ocasiões, confirmou-se o diagnóstico de um erro inato do metabolismo.

Quase 30% dos telefonemas diziam respeito a crianças de 1 a 6 anos e 84,5%, a meninos e meninas com menos de 10 anos. "A maior parte dos erros inatos são diagnosticados na infância", aponta Ana Maria.

DECISÕES

Silveira afirma ser um aprendiz entre os profissionais do instituto. Mas gosta muito do trabalho que realiza. Especializado em pediatria, manifestou tanto interesse pelo trabalho do Igeim que recebeu um convite de Ana Maria para auxiliá-la no 0800.

A geneticista considera importante ensinar os estudantes de Medicina a identificar os erros metabólicos na faculdade. "Há muitas pessoas em todo o País que são tratadas como portadoras de uma doença, mas, na realidade, possuem outra", afirma Ana Maria. "Também é importante a existência de serviços como o 0800 para ajudar os profissionais de saúde na tomada de decisões."

Cerca de 69,5% dos chamados vieram do Estado de São Paulo. Minas Gerais contribuiu com 11,5% da procura. Mas também houve contatos da região Nordeste (9%), Centro-oeste (4,5%), Sul (4%) e Norte (2,5%).

O estudante Anderson Costa Palheta, de 20 anos, tem MPS e veio de Belém (PA) para realizar uma cirurgia de glaucoma no Estado. Sua médica no Pará ligou para o 0800 e solicitou uma ajuda para realizar a reposição enzimática no Igeim enquanto Palheta estivesse em São Paulo.
(Fonte: O Estado de São Paulo, 03/01/2010)

Fazer o bem serve aos outros e a si mesmo

Tempo, dinheiro e até mesmo o sangue do cachorro: é possível doar de tudo um pouco a quem mais precisa

FILIPE VILICIC


Há diversas formas de ajudar o próximo. Que tal ser voluntário em uma ONG perto de sua casa? Dá também para doar roupas, alimentos e produtos de higiene para abrigos, creches e instituições beneficentes (e nem precisa sair de casa para isso). Sabia que seu sangue pode salvar vidas, não é? E que o do seu cachorro também? Enfim, relacionamos caminhos para quem quer se tornar mais solidário. Há, por exemplo, mais de 300 mil ONGs no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais, que podem contar com seu auxílio.

ALEGRE CRIANCINHAS DOENTES

Quando o engenheiro Antonio Silva, o Tony, entra na ala pediátrica da Santa Casa de Misericórdia, na Vila Buarque, a criançada fica toda animada. "Tio, lê uma história para mim", pede, ansioso, o garoto Felipe Dias, de 6 anos, que, no dia 14 de dezembro, completava oito dias de internação. "É a quinta vez que ele passa por aqui esse ano", conta a mãe do garoto, a auxiliar de controle de qualidade Daniela de Souza. "Sempre fica triste quando sabe que tem de vir para cá. Seu único motivo de alegria é saber que o Tony virá para lhe contar histórias."

Tony é um dos mais de mil voluntários da organização Viva e Deixe Viver. Essa tropa lê histórias para crianças internadas em 74 hospitais de 20 cidades. "É incrível ver um menino que estava todo triste na UTI abrir um sorrisão quando nos vê chegando", relata Tony, que começou a narrar livros infantis na Santa Casa há oito anos.

Para se tornar um voluntário da Viva e Deixe Viver é preciso passar por um processo de seleção e um treinamento de oito meses. A próxima seletiva começará em fevereiro e abrirá 500 vagas. Candidate-se no site www.vivaedeixeviver.org.br. Outras instituições, a exemplo do Canto Cidadão (www.cantocidadao.org.br) e da Associação de Assistência à Criança Deficiente, a AACD (www.aacd.org.br), também têm programas de voluntariado.

VOLUNTARIADO

Quer ajudar, mas não sabe como e nem onde? Procure o Centro do Voluntariado de São Paulo (CVSP). Essa organização, localizada na Avenida Paulista, reúne 820 instituições que aceitam voluntários na Grande São Paulo. No site do centro (www.voluntariado.org.br) dá para procurar por iniciativas perto de sua casa.

O CVSP organiza palestras e oficinas de orientação para pessoas que querem aderir a um programa de voluntariado (3266-5477). "Ajudar o próximo de forma gratuita é, além de uma demonstração de cidadania, uma forma de mudar a sociedade, em vez de só ficar reclamando dos problemas da cidade", afirma a diretora do centro, Anísia Villas Boas Sukadolnik. "E hoje há formas diferentes de colaborar. Um administrador, por exemplo, pode gerenciar uma ONG."

DOE SEM SAIR DE CASA

Para abrir sua empresa, a paulistana Helena Leitão primeiro fez uma pesquisa de mercado, distribuindo formulários para amigos, colegas e quem passava na rua. Ela queria saber se as pessoas doavam, se queriam doar e, se não doavam, o motivo de não colaborarem. Helena descobriu que a maioria dos paulistanos ouvidos por ela queria ajudar o próximo, mas não faziam isso por preguiça, falta de tempo ou por não conhecer uma instituição que mereça o auxílio. E, após essa conclusão, teve a ideia: "Vou criar um site que vende e entrega doações para esses indivíduos que não sabem como ajudar o mundo."

Assim nasceu o Heróis da Cidade (www.heroisdacidade.com.br). "O cliente compra cestas de produtos, como arroz, leite e açúcar, e eu levo para organizações confiáveis que visito quase todos os meses", explica Helena. É uma espécie de delivery de doações. "Cobro pelo serviço de entrega, mas, no fim, as mercadorias não saem tão mais caras do que se fossem compradas no supermercado, já que tenho desconto por adquirir em atacado." Há 11 organizações paulistanas cadastradas, como o Projeto Arrastão e o Centro Assistencial Maria Helena Paulina, e o comprador opta com quem quer colaborar.

Mas como saber se a doação foi entregue? "Mando comprovantes mensais, com notas fiscais e fotos, que mostram ao cliente que os produtos foram comprados e levados à organização escolhida", diz Helena.

DÊ SEU SANGUE PARA ALGUÉM QUE PRECISA

Anualmente, são coletadas mais de 3 milhões de bolsas de sangue no País. No Estado de São Paulo, são 800 mil. Na capital paulista, esse número passa de 300 mil. "Mas nunca temos o suficiente para atender à demanda", conta o médico Carlos Roberto Jorge, da Fundação Pró-Sangue, que administra quatro postos de coleta na Grande São Paulo.

No Brasil, 2,16% da população doa sangue. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, porém, esse número deveria variar de 3% a 5% para garantir um banco de sangue suficiente. "Essa falta é mais grave principalmente nas férias e em feriados, como no ano-novo e no Natal", relata Jorge. "Isso porque, nessas épocas, as pessoas estão atentas a outras questões, como comprar presentes e viajar, e se esquecem de colaborar. Para agravar, são os períodos em que há mais acidentes nas ruas e transfusões nos hospitais." O médico destaca que, por causa desse problema, cirurgias têm de ser adiadas e pessoas ficam mais tempo internadas em UTIs. Isso quando não falta sangue em casos mais graves, que levam à morte do paciente.

Todos os meses, a Pró-Sangue coleta 12 mil bolsas que são distribuídas para 128 hospitais paulistas. Para saber como colaborar, ligue para 0800-55-0300 ou agende a doação pelo site www.prosangue.sp.gov.br.



SEU CACHORRO PODE SALVAR VIDAS

Os cães também precisam de doações de sangue. "Animais são atropelados, têm hemorragias e passam por cirurgias e transfusões", explica a veterinária Simone Gonçalves, dona do Hemovet (www.hemovet.com.br), um hemocentro no Parque São Lucas, próximo à Mooca, que coleta bolsas de sangue de cachorro. "Como poucos têm noção disso, muitos cães morrem."

Só cachorros de grande porte, com ao menos 27 kg, podem doar. O bicho ainda deve ser adulto e estar saudável (ele passa por exames antes). Até 450 mililitros podem ser sugados do animal todos os meses. Para transformar seu cão em doador, basta agendar a retirada do sangue no Hemovet pelo telefone 2918-8050. Há outros postos de coleta, como o Hospital Veterinário Sena Madureira (www.senamadureira.com), na Vila Mariana.
(Fonte: O Estado de São Paulo, 03/01/2010)

Principais fatos da ciência em 2009

18 de dezembro

Ativistas protestam contra resultados da conferência do clima em Copenhague

A 15ª Conferência sobre Mudança Climática (COP-15), em Copenhague, Dinamarca, realizada para buscar um acordo que substituísse o Protocolo de Kyoto, termina sem acordo legalmente vinculante, frustrando a expectativa de metas imediatas e coercitivas sobre o tema.

Mesmo assim, Estados Unidos, China, Índia, Brasil e a África do Sul produziram um enfraquecido "Acordo de Copenhague" --rejeitado por outros países.

A conferência, maior que já existiu para discutir questões climáticas, foi marcada por profundos impasses nas negociações, que envolviam troca de exigências entre países ricos e pobres.

11 de dezembro

Uma nova espécie encontrada indica que dinossauros surgiram na América do Sul e só depois se espalharam pelo mundo. Estudo apresentou o Tawa hallae, que preenche uma lacuna de ligação entre o grupo de grandes carnívoros do período Jurássico, como o tiranossauro e o velociraptor; e seus ancestrais, como o herrerassauro, descoberto na Argentina nos anos 1960.

Divulgação

Concepção artística do pterossauro que, de acordo com pesquisa brasileira, tinha pelos aproximados das penugens de pintinhos

Outros fósseis de dinossauros foram identificados no Brasil, tanto um pterossauro (réptil voador) nordestino, como um saurópode (herbívoro gigante) paulista.

Em novembro, um brasileiro e uma equipe chinesa divulgaram a descoberta de um novo pterossauro que mistura traços primitivos com outros mais modernos e traz novas pistas sobre a evolução das asas desses animais misteriosos. O mesmo paleontólogo brasileiro apontou que esses animais possuíam penugens.

Até mesmo o temido tiranossauro mostrou parentes surpreendentes, como uma espécie encontrada na Mongólia com a constituição semelhante a de uma "bailarina", além de um "avô" nanico encontrado na China.

9 de dezembro

A revista especial ''No coração da Antártida", publicada pela Folha, foi a vencedora do Prêmio Esso de Jornalismo 2009 na categoria Informação Científica, Tecnológica e Ecológica. O Prêmio Esso foi criado em 1955 e está em sua 54ª edição. Veja o especial No Coração da Antártida (só para assinantes).

2 de dezembro

Ampolas usadas para a armazenagem de células-tronco são exibidas na UK Stem Cell Bank, em Londres, na Inglaterra

EUA autorizam as primeiras verbas estatais para pesquisa com células-tronco embrionárias de humanos, já ratificada pelo presidente Obama anteriormente.

Com essa liberação inédita, "mais grupos serão formados; com mais cérebros pensando, rapidamente aparecerão as soluções para diversos problemas de saúde", ressalta Lygia da Veiga Pereira, chefe do laboratório de genética molecular da USP (Universidade de São Paulo).

1º de dezembro

Rio de Janeiro inaugura a primeira grande "fábrica" de células-tronco do Brasil. Em setembro, já hava sido divulgada verba de R$ 6,6 milhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para centros em São Paulo e Paraná também se transformarem em fábricas como essa.

O Ministério do Meio Ambiente divulga nova e "mais rigorosa" lista com os veículos mais poluidores vendidos no Brasil. O ranking se refere a 402 carros, todos produzidos em 2009. Entre os menos poluidores, estão carros flex e com motor de até 1.8 cilindradas; entre os mais poluidores, estão carros a gasolina e potentes, com motor acima de 2.0 cilindradas.

28 de novembro

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que o número de novos casos de infecção pela Aids reduziu 17% desde 2001.

Além disso, relatório da ONU informa que o número de pessoas em que se realizaram exames do vírus HIV mais que duplicou em dezenas de países em 2008, o que melhorou a detecção da doença.

O ônibus espacial Atlantis aterrisa no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, em sua penúltima missão, após 11 dias no espaço

27 de novembro

A penúltima missão do ônibus espacial Atlantis se encerra no Centro Espacial Kennedy, após 11 dias de missão. Após esta, estão programadas apenas cinco outras missões dos ônibus espaciais, que serão aposentados em setembro do ano que vem, segundo a Nasa.

24 de novembro


A primeira edição de "A Origem das Espécies", de Charles Darwin, completa 150 anos. A obra, com a teoria da evolução das espécies por meio da seleção natural, revolucionou o estudo da ciência, e lançou as bases da biologia moderna.

No mesmo dia, um exemplar da primeira edição do livro achado em um banheiro foi leiloado por US$ 170 mil no Reino Unido.

Reprodução

Charles Darwin, em releitura bem-humorada de seu livro pelo cartunista Fernando Gonsales

20 de novembro
O Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), maior acelerador de partículas do mundo, é religado após 14 meses. O seu objetivo é recriar os instantes posteriores ao Big Bang, o que daria informações-chave sobre a formação do Universo e confirmaria ou não a partícula Bóson de Higgs.

Durante seu retorno ao funcionamento, realizou as primeiras colisões de partículas e quebrou o recorde mundial de energia para um acelerador.

13 de novembro

A Nasa confirma a existência de água na Lua, a partir de dados obtidos pelo impacto de duas sondas na superfície do satélite (veja o vídeo).

Concepção artística mostra o foguete do estágio superior Centauro, da LCross, separando-se para atingir a cratera Cabeus da Lua

Também em novembro, uma nova evidência aponta para um oceano em Marte no passado. Da mesma forma, um mapa divulgado em julho sugeria que Vênus também já teve oceano e continentes.

28 de outubro

O Ares 1-X, foguete da Nasa que pode levar ao espaço a próxima geração de missões tripuladas da Nasa e até possibilitar o retorno de astronautas à Lua, substituindo os atuais ônibus espaciais, foi testado com sucesso, num voo de dois minutos, apesar do atraso.

20 de outubro

A Nasa acha uma molécula orgânica em planeta fora do Sistema Solar, ou seja, um exoplaneta. "É o segundo planeta fora do nosso Sistema Solar em que água, metano e dióxido de carbono foram encontrados --elementos importantes para processos biológicos em planetas habitáveis", disse o pesquisador Mark Swain, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa.

O primeiro tinha sido encontrado em dezembro de 2008.

Em agosto de 2009, cientistas da Nasa descobriram glicina, elemento fundamental para a formação de vida, em amostras do cometa Wild 2, trazidas à Terra pela sonda Stardust, em 2006.

19 de outubro


O Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), anuncia a descoberta de 32 exoplanetas, orbitando em estrelas distantes. Com a descoberta do ESO, a contagem de exoplanetas salta para um total de 403.

Em setembro, dados detalhados sobre CoRoT-7b, o menor dos exoplanetas já encontrados, sugerem que se trata de uma "super-Terra".

"Erre muito bem", sugeriu em Estocolmo o norte-americano George E. Smith, Nobel de Física 2009, na semana de entrega dos prêmios

5 a 7 de outubro

Os cientistas Elizabeth H. Blackburn, Carol W. Greider e Jack W. Szostak, todos radicados nos EUA, são os vencedores do Prêmio Nobel de Medicina 2009. O estudo deles envolve descobertas de como a enzima telomerase protege os cromossomos, o que lança luz nos estudos do câncer e do processo de envelhecimento.

Já os cientistas Charles Kao, Willard Boyle e George Smith dividiram o Prêmio Nobel de Física por dois trabalhos sobre fibras óticas e semicondutores. Os estudos desenvolvidos por eles estão por trás da fotografia digital, além de auxiliarem na interligação mundial por meio dos cabos de fibra ótica, o que possibilitou a sociedade em rede.

Os norte-americanos Venkatraman Ramakrishnan e Thomas Steitz e a israelense Ada Yonath foram premiados com o Nobel de Química por detalharem os ribossomos. Isso ajuda a entender como as bactérias criam resistência a remédios e contribui para desenvolver novas drogas como antibióticos, informaram os pesquisadores.
Desenho simula a aparência de Ardi, fóssil achado na Etiópia e considerado o principal destaque científico do ano pela "Science"

1º de outubro

Pesquisadores identificam "Ardi", o hominídeo mais antigo já encontrado. A descoberta do esqueleto de 4,4 milhões de anos, feita na Etiópia, dá pistas sobre origens do ser humano. Afinal, apesar de não se tratar ainda do "elo perdido" --ancestral comum aos humanos e aos macacos de hoje-- é algo bem próximo disso. "Ardi" é 1 milhão de anos mais velha do que "Lucy", e foi considerada a mais importante descoberta científica de 2009, de acordo com a revista "Science".

30 de setembro

Nave russa com Guy Laliberté, fundador do Cirque du Soleil, parte rumo à Estação Espacial Internacional (ISS), aonde chega dois dias depois. Sétimo turista espacial, o milionário canadense dirigiu um espetáculo direto da estação, para chamar a atenção sobre a escassez de água no mundo.

3 de setembro

Um "ponto fraco" do vírus HIV comum a muitas de suas linhagens foi descoberto por pesquisadores norte-americanos, que publicaram o resultado em artigo na revista "Science". Trata-se de um canal para afetar o vírus por meio de anticorpos recém-encontrados, o que pode levar a uma potente vacina contra a Aids. A possível vacina contra a Aids repercutiu em jornais por todo o mundo.

Em seguida, no mesmo mês, uma vacina que reduz contágio da Aids em 31% foi apresentada por um grupo de cientistas dos Estados Unidos e Tailândia. Testes foram realizados em 16 mil voluntários, na primeira vez que se consegue frear a doença desta maneira.

Astrônomos alemães descobrem um mar de hidrocarbonetos na lua Titã de Saturno, em que brasileiros veem possibilidade de vida

31 de agosto


Brasileiros veem possibilidade de vida em Titã, lua de Saturno. A molécula adenina, um dos quatro alicerces do DNA, indispensável para a vida, foi obtida em simulação das condições de Titã, em experimento realizado no Laboratório Nacional de Luz Síncroton, em Campinas (SP).

No mesmo mês, astrônomos relataram vulcões frios na lua Titã. Foi uma descoberta importante por mostrar atividade geológica semelhante com a da Terra. Em dezembro, astrônomos alemães acabam também descobrindo em Titã um mar de hidrocarbonetos.

Já em outra lua de Saturno, Encélado, cientistas relataram em julho novas provas de que lá existe água.

14 de agosto


Termina, no Rio de Janeiro, a 27ª Assembleia-Geral da União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês), após duas semanas de discussões. O evento aconteceu no Ano Internacional da Astronomia, que celebra 400 anos de observação com um telescópio por Galileu Galilei.

Entre as questões levantadas pelo encontro, estiveram a manutenção de Plutão como planeta-anão, a perspectiva de encontrar ao menos outros 30 para fazer companhia a ele; e até mesmo o "rebaixamento" de planetas extrassolares.

Também foi divulgada durante o evento a construção de potentes e gigantes telescópios para enxergar a história do cosmo, que poderiam encontrar até mesmo outras "Terras" se elas existirem.

Ministro Carlos Minc mostra lixo que chegou da Inglaterra em contêineres no porto de Santos; lixo será repatriado até terça

3 de agosto

Contêineres de lixo enviados ao Brasil são mandados de volta ao Reino Unido. Segundo o Ibama, 41 contêineres no porto de Santos foram juntados a outros 40 provenientes do Rio Grande do Sul, em um total de 1.477 toneladas. Em julho, o Brasil já havia denunciado o Reino Unido pelo envio de lixo tóxico.

29 de julho

A Organização Mundial da Saúde (OMS) conclui que câmaras de bronzeamento provocam câncer. Para a entidade, as cabines usadas no processo deixaram de ser "prováveis cancerígenas" para representar uma causa concreta de tumor de pele --a mesma relação entre o cigarro e o câncer, por exemplo.

Divulgação

Segundo homem a pisar na Lua, astronauta Edwin "Buzz" Aldrin, com boneco do personagem da animação "Toy Story" inspirado nele

20 de julho

A chegada do homem na Lua completa 40 anos (veja como foi). A viagem, na época feita em contra-ataque à União Soviética no contexto político da Guerra Fria, até hoje gera produção de ciência. Cortes no orçamento da agência espacial, entretanto, colocam em dúvida uma próxima viagem ao satélite terrestre.

21 de junho


Teoria do efeito-estufa completa 150º aniversário, ainda sob intensos questionamentos acerca da sua real existência, devido à falta de consenso sobre a real escala de aumento da temperatura terrestre.

11 de maio


Nave espacial Atlantis decola nos EUA para finalizar a missão de conserto do telescópio espacial Hubble, em um total de cinco viagens espaciais.

O telescópio espacial Hubble foi colocado em órbita a 611 km da Terra no dia 27 de abril de 1990, em uma missão da nave Discovery. Desde então orbitou o planeta mais de 97 mil vezes e propiciou imagens de estrelas e galáxias distantes, invisíveis a partir da Terra.

20 de abril

A equipe de Ciência da Folha estreia o blog Laboratório na Folha Online. O objetivo é criar um novo espaço para discussão de temas relacionados a ciência, ambiente, tecnologia e medicina.

16 de abril

Grupo de cientistas no Reino Unido aponta uma mutação genética que pode, por conta própria, desencadear o melanoma, o câncer de pele mais letal. Cientistas já começam a testar drogas em animais geneticamente alterados para o tratamento do tumor.

Por outro lado, a partir de estudos sobre esse câncer, pesquisadoras da USP desenvolvem pele artificial que consegue evitar testes de cosméticos em animais.

15 de abril


Cientistas norte-americanos descobriram na Amazônia uma espécie de formiga que vive e se reproduz sem sexo, além de apresentar apenas fêmeas entre seus exemplares. Trata-se da primeira espécie identificada pelos biólogos com a capacidade de se reproduzir sem nenhum tipo de relação sexual e de se clonar de maneira natural.

10 de abril

Hospital de Boston realizou o segundo transplante de rosto já registrado nos EUA. A operação durou 17 horas, quando foram substituídos o nariz, o palato, o lábio superior, pele, músculos e ossos de um homem severamente desfigurado devido a uma queda.

Samuel da Silva Souza Junior, 3, ficou seis dias com uma bala na cabeça sem que sua mãe percebesse; foi operado e ficou sem nenhuma sequela

6 de abril

O paranaense Samuel da Silva Souza Junior, 3 brincava de carrinho no quintal de casa no dia 22 de janeiro, quando foi vítima de uma bala perdida que atravessou o seu cérebro e ficou cinco dias alojada na sua cabeça sem que sua mãe percebesse. Samuel passou por uma cirurgia para a retirada da bala e está bem, sem nenhuma sequela.

3 de abril

Um grupo internacional de cientistas descobriu que as células musculares do coração se regeneram ao longo da vida. Até então, achava-se que o órgão não tivesse essa capacidade.

Neurocientista Miguel Nicolelis responde perguntas; ele publicou estudo na "Science" sobre técnica para tratar mal de Parkinson

20 de março


O cientista brasileiro Miguel Nicolelis, posteriormente sabatinado pela Folha, publica estudo na revista "Science" apontando uma técnica para tratar os sintomas do mal de Parkinson com suaves impulsos elétricos na medula espinhal, que teve sucesso num experimento com camundongos e poderá ser testada em humanos já em 2010.

16 de março

Uma imagem surpreendente divulgada pela Nasa (agência espacial norte-americana) mostrou um feito raro: a colisão de duas galáxias, dando origem a uma terceira. O momento da colisão foi capturado pelo Telescópio Espacial Spitzer, da Nasa.

Imagem produzida pela Nasa mostra a colisão de duas galáxias; fenômeno raro resultou na formação da galáxia NGC 6240

6 de março

O InCor (Instituto do Coração) de São Paulo realizou o sexto transplante heterotópico de coração --técnica rara, em que o paciente ficará com os dois corações batendo no peito, lado a lado. O coração sadio, de um doador de 26 anos, foi implantado do lado direito do peito do paciente e funciona concomitantemente ao coração doente, auxiliando no bombeamento de sangue para todo o corpo.

19 de fevereiro

Nilton Rennó, cientista brasileiro da Universidade de Michigan (EUA) que descobriu água em Marte em agosto de 2008, publica o estudo na revista científica "Journal of Geophysical Research - Planets".

A água em Marte é capaz de se mover, misturar e mudar de coloração, diz o geocientista. Essa é uma das evidências encontradas por ele para dizer que a substância existe no planeta em estado líquido, e não só congelada.

Modelo Mariana Bridi da Costa, finalista do Miss Mundo Brasil 2006 e 2007; ela teve as mãos e os pés amputados e morreu por infecção

24 de janeiro

Morre a modelo Mariana Bridi da Costa, 20, que teve as mãos e os pés amputados, no Hospital Estadual Dório Silva, na cidade de Serra (ES). De acordo com a assessoria do governo do Estado, o óbito foi "decorrência de complicações de uma infecção generalizada gravíssima".

A modelo teve uma infecção causada pela bactéria Pseudomonas aeruginosa, que evoluiu para sepse grave (infecção generalizada). A bactéria é comum em infecções urinárias e, de acordo com um infectologista, a situação da modelo era atípica.

10 de janeiro

Cientistas dos EUA anunciaram na revista "Science" a criação de moléculas orgânicas artificiais que são capazes de desempenhar as funções essenciais da vida --multiplicar-se e evoluir.

Manipulando trechos de RNA, um polímero similar ao DNA que também existe em todas as células, os cientistas conseguiram fazer com que a nova substância adquirisse, até certo ponto, uma "vida própria".

9 de janeiro


Nasce em Londres a primeira bebê britânica selecionada para não ter um gene relacionado ao câncer de mama.

O embrião que se desenvolveu e deu origem à menina passou por um diagnóstico pré-implante, para evitar que a criança possuísse a variação do gene BRCA1, que aumenta o risco de câncer de mama ou de ovário.

No mesmo dia, um balão da Nasa "escuta" um ruído misterioso. O experimento, configurado para medir a energia injetada no cosmo pelas suas primeiras estrelas, registrou um ruído de rádio seis vez maior do que o previsto. O quebra-cabeça do início do Universo fica muito mais embaralhado, e a detecção das primeiras estrelas, mais difícil.
(Fonte: Folha on Line, 03/01/2010)

sábado, 2 de janeiro de 2010

BIologia dos Corais



Os recifes de coral são formados predominantemente por corais rochosos e sustentados pelo esqueleto de calcário que excretam. Essas florestas tropicais oceânicas são a casa de um quarto das espécies de peixes marinhos [fonte: Nature Conservancy]. Além da variedade de vida marinha que sustentam, os recifes de coral são imensamente benéficos ao homem, protegendo as regiões costeiras de fortes ondas e tempestades, oferecendo comida e trabalho a milhões de pessoas e estimulando avanços na medicina moderna.

­ Como essas incríveis estruturas são criadas? Como um único coral, com apenas 3 milímetros de comprimento se torna um recife que pode se estender por quilômetros e pesar centenas de toneladas? Nesse artigo, você aprenderá como os recifes de coral se formam, que tipo de vida eles abrigam e por que os cientistas dizem que podem desaparecer no próximo século.

Se você já viu corais ramificados abrindo seus ramos como se fossem galhos de árvores, saberá por que cientistas achavam que os corais eram plantas. Mas essas criaturas minúsculas e frágeis são carnívoras, apesar de serem sésseis, ou presas a um ponto. Como seus parentes, a água-viva e a anêmona do mar no filo Cnidaria, cada coral individual, ou pólipo, possui células pontudas e cortantes chamadas de nematocistos que podem ser estendidos e usados para capturar presas - como zooplânctons ou peixes pequenos.

Embora os antigos cientistas tenham errado, é fácil entender o porquê. O coral quase podia ser considerado meia planta devido às algas zooxantelas que vivem dentro das paredes celulares de cada pólipo. O pólipo recebe das zooxantelas os subprodutos da fotossíntese e os transforma em proteínas, gorduras e carboidratos. Na verdade, o pólipo abriga as zooxantelas e fornece o carbono, os nitratos e os fosfatos que as algas precisam para a fotossíntese. Até 90% da energia produzida pela fotossíntese das zooxantelas são transferidos para o coral hospedeiro [fonte: NOAA (em inglês)]. Essa estrutura mutuamente vantajosa é chamada de simbiose.
Os pólipos de coral também utilizam a energia fornecida por suas algas simbióticas para produzir carbonato de cálcio, ou calcário. Eles secretam o calcário de sua base, criando um esqueleto protetor e uma cavidade chamada de taça. Os pólipos se escondem dentro da taça quando os predadores saem à sua procura.
Os pólipos raramente existem sozinhos. Geralmente, unem-se a outros pólipos para formar uma colônia maior que age como um único organismo. Embora os minúsculos pólipos individuais cresçam em média de 1 a 3 mm, as colônias podem pesar toneladas. Mesmo um único coral ramificado compreende milhares de pólipos individuais. Essas colônias podem se juntar, durante centenas ou milhares de anos, para formar um recife.


Os recifes crescem de duas maneiras. Uma é para complementar periodicamente sua base de calcário. Eles simplesmente secretam mais carbonato de cálcio embaixo e ao redor de sua taça, criando a estrutura do recife e fazendo-o crescer. Eles também crescem se reproduzindo. Os corais podem se reproduzir de forma assexuada, dividindo-se e produzindo clones idênticos, ou sexuada, através de óvulos ou espermatozóides.


De qualquer maneira, novos pólipos de coral se estabelecem no fundo do oceano até encontrarem uma base firme para se alojar, associando-se a uma colônia de corais pré-existente ou começando uma nova. Além de estarem presos pelas bases, os pólipos de coral se unem uns aos outros lateralmente por um tecido fino chamado de cenossarco. Os cenossarcos e os pólipos formam a parte viva visível do recife, enquanto a base de calcário forma a parte sem vida.
Além da luz do sol e da água quente, que não seja abaixo de 18ºC, os recifes precisam de ambientes de água salgada com uma salinidade específica. Conforme indicação do mapa, a maioria dos recifes está localizada nos oceanos Pacífico e Índico, que atendem a essas condições.


Finalmente, os recifes crescem melhor em águas claras e que tenham poucos nutrientes. O excesso de material suspenso flutuando na água impede a passagem da luz do sol necessária para a fotossíntese das algas. Os recifes podem crescer até 10 cm por ano nas seguintes condições:

•luz em abundância
•água clara
•temperaturas entre 23 e 29ºC
Em dias ensolarados, o coral pode formar carbonato de cálcio duas vezes mais rápido do que em dias nublados. Mesmo crescendo 10 cm por ano, um recife bem desenvolvido pode levar milhares de anos para se formar [fonte: NOAA].


Apesar de os corais formarem a infra-estrutura dos recifes, estes não possuem uma única espécie e reúnem uma variedade de plantas e de animais. A areia de coral é o principal componente. Criada pela força erosiva das ondas e correntezas contra o calcário e as conchas de animais, bem como pela trituração dos dentes de certos peixes, a areia de coral fica presa nas aberturas ao longo do recife. As algas coralinas incrustadas agem como cola, depositando uma camada dura de carbonato de cálcio sólido sobre a areia mantendo-a presa no lugar. Juntas, as algas incrustadas e a areia de coral corrigem áreas danificadas do recife e ajudam a estabilizá-lo, especialmente em regiões atingidas com freqüência pelas ondas.

Embora os recifes tenham necessidades e componentes básicos semelhantes, você pode separá-los em três categorias, dependendo do lugar onde se formam. Os recifes de franja são os mais comuns. Originam-se diretamente da costa e se desenvolvem nas margens externas da terra, formando uma borda que se projeta para fora do oceano. Os recifes de barreira são semelhantes aos recifes de franja porque também cercam a terra firme, mas formam uma borda ao longe, com um trecho de água entre eles e a costa. Os atóis são circulares ou ovais e se formam ao redor de uma lagoa. Eles surgem quando um recife de franja se forma ao redor de um vulcão que, depois, recua embaixo da superfície do oceano enquanto o recife continua crescendo.
(Fonte: Como tudo funciona, 02/02/2010)

Coral predador devora água-viva em Israel







Um coral foi fotografado pela primeira vez por cientistas devorando uma água-viva em Israel.

As fotos foram feitas por Omri Bronstein, da Universidade de Tel Aviv, e Gal Dishon, da Universidade de Bar Ilan, durante um mergulho em março de 2009, quando os cientistas analisavam os recifes perto da cidade israelense de Eilat, no Mar Vermelho.

Geralmente corais se alimentam de plâncton e se beneficiam da fotossíntese de certas algas microscópicas, as zooxantelas, com quem vivem em simbiose. No entanto, as fotos revelam um coral, da espécie Fungia scruposa, sugando uma água-viva.

Os pesquisadores acreditam que a habilidade de se alimentar de várias fontes de alimento dê ao coral uma vantagem em um ambiente que está mudando.

As fotos foram publicadas na revista especializada Coral Reefs.

Correntes marítimas - As correntes marítimas e os nutrientes geraram um aumento sazonal na população de águas-vivas da espécie em questão (Aurelia aurita) na região onde foram feitas as fotos. Muitas delas cercaram o recife de corais no qual a equipe de cientistas mergulhava.

Foi nesta ocasião que eles presenciaram o evento.

"Durante a análise fomos surpreendidos com alguns corais se alimentando das águas-vivas. Não podíamos acreditar no que estávamos vendo", afirmou Ada Alamaru, integrante da equipe de pesquisa em biologia marinha do Departamento de Zoologia da Universidade de Tel Aviv.

A água-viva tem como principais predadores alguns tipos de peixe, tartarugas marinhas e pássaros marinhos.

No entanto, encontrar estas águas-vivas em estágio adulto sendo devoradas por um coral é uma descoberta singular, da qual não há registros anteriores.

"Este é o primeiro registro de um coral se alimentando de uma água-viva com tamanho quase igual ao dele", afirmou Alamaru. "Na verdade nós vimos alguns corais se alimentando (de águas-vivas), não apenas um."

Tamanho - Normalmente estes corais se alimentam de organismos microscópicos de apenas entre 0,2 mm e 0,4 mm que formam o chamado plâncton. Ao fazer isto, eles também engolem pequenas águas-vivas, embrionárias, difíceis de enxergar a olho nu.

"Isto é definitivamente diferente. Até onde sei nenhum outro coral se alimenta de águas-vivas. No entanto, há registros de algumas anêmonas, que são parentes próximas dos corais, se alimentando de outras espécies como esta", acrescentou Ada Alamaru.

Diferentemente de muitos corais que vivem em recifes, o Fungia scruposa não vive em colônias numerosas. É formado por um grande pólipo, que mede até 30 centímetros de diâmetro.

Eles não são presos ao fundo do mar, apresentam uma movimentação limitada, ao contrário dos outros corais que vivem nas rochas.

No entanto, de acordo com Alamaru, ainda é um mistério como estes corais conseguem capturar as águas-vivas.

Proteína - A habilidade do coral de se alimentar de forma oportunista quando há um aumento na população de águas-vivas fornece proteína, valiosa para o coral.

Ada Alamaru sugere que a descoberta revela não apenas uma fonte de alimento para o coral, mas também outros benefícios em potencial em um ambiente que está mudando, no qual, devido às mudanças climáticas, o aumento na população de águas-vivas ocorre cada vez mais e com mais intensidade.

"A habilidade de usar uma variedade de fontes de alimentos e de se aproveitar deste aumento de população dá aos corais cogumelos uma vantagem, se compararmos com outros corais que não conseguem se alimentar de presas tão grandes", disse a pesquisadora. (Fonte: Estadão Online, 16/11/2009)

Pinhão tem produtividade três vezes maior do que soja para fabricação de biodiesel




O pinhão manso é uma matéria-prima que pode ser usada em escala para extração de óleo destinado à fabricação de biodiesel, mas apresenta características que precisam ser melhoradas. Com uma produtividade potencial três vezes maior que a da soja, o pinhão manso necessita de modificações para que possa se adaptar às diversas regiões do país e para que deixe de ser tóxico.

A necessidade de um estudo específiico sobre a espécie foi apresentada durante o 1º Congresso de Brasileiro de Pesquisa em Pinhão Manso, promovido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Associação Brasileira dos Produtores de Pinhão Manso (ABPPM). O encontro reuniu pesquisadores, técnicos, professores e estudantes na semana passada, em Brasília.

A principal meta científica é domesticar a oleaginosa para ser usada na nutrição animal. Além disso, é preciso torna-lá resistente a pragas e tornar a colheita uniforme.

Atualmente, a produção da oleaginosa no Brasil ocupa cerca de 60 mil hectares de área plantada. De acordo com o diretor-técnico da ABPPM, Luciano Piovesan, a cultura do pinhão manso não é excludente nem exclusiva. "É uma planta que inclusive recupera áreas degradadas do solo.”

O interesse em investimento em pinhão manso ocorre porque ele é rico em óleo e gordura e, portanto, tem potencial fonte de fabricação de biocombustíveis, de acordo com o especialista. O Brasil precisa alcançar a meta proposta para o chamado B5. O plano divulgado em outubro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva prevê a adição de 5% do biocombustível ao diesel consumido no país, mas para isso, o Brasil precisa produzir 2,4 bilhões de biodiesel.

Hoje, a maior parte dessa demanda provém principalmente da soja, do girassol, amendoim, da mamona, do algodão, da canola e do dendê. “O programa do biodiesel do Brasil requer uma grande demanda de óleo. Isso significa que estamos tomando dessas espécies tradicionais”, explica o chefe da Embrapa Agroenergia, Frederico Durães.

Segundo Durães, o Brasil , no caso da soja, por exemplo, existem 22 milhões de hectares produzindo 60 milhões de toneladas de grãos anualmente. “A operacionalidade da semente da soja é alta, pois apresenta em sua constituição 18% de óleo e isso faz com que ela gere 550 quilos por hectare”, explica Durães. Segundo ele, isso tudo foi possível graças aos anos de estudo destinados à soja e por isso a importância de pesquisar os benefícios do pinhão manso. (Fonte: Radiobrás, 16/11/2009)

Cientistas criam bactéria que brilha na presença de minas terrestres

Cerca de 87 países, atualmente, ainda estão cheios de minas terrestres remanescentes da guerra que trazem impactos devastadores. Além das milhares de pessoas que mortas todos os anos, as minas também são uma grande ameaça aos ecossistemas e à vida selvagem. Calcula-se que mais de 1,6 milhões de animais de 39 países morreram em acidentes com minas. A boa notícia é que uma solução inesperada possa estar por vir, cientistas desenvolveram um tipo especial de bactéria que brilha na presença desses explosivos.

O cientistas utilizaram uma nova técnica, que manipula diretamente o DNA das bactérias, é misturada então uma solução incolor, que se torna verde quando pulverizadas em áreas onde minas estão enterradas. O composto pode ser pulverizado também por aviões, em áreas mais restritas ou delicadas, e depois de poucas horas se torna verde, se estiver perto de algum explosivo ainda não detonado.

As minas terrestres são grandes ameças à países com rica biodiversidade. Colombia, Moçambique, Camboja e Angola, são exemplos de países que se enquadram nesse grupo e tem os maiores campos minados do planeta. Enquanto não se conclui o número certo de fatalidades que envolvam animais nesses lugares, os pesquisadores alertam que minas são devastadoras nestes tipos de ambiente.

Espera-se que essa nova solução, que é muito mais barata e prática do que todas as outras encontradas anteriormente, irá prevenir pessoas e animais de sofrer o que ninguém jamais deveria.
(Fonte: Blog Ambiente Brasil, 17/11/2009)